A movimentação de criptomoedas na blockchain pela firma de investimentos Jump Trading está levantando suspeitas de parte da comunidade cripto sobre a possibilidade do grupo ter previsto a quebra da FTX ao retirar o capital mantido na corretora antes do colapso de novembro.
“A Jump Trading sabia do crash da FTX antes do tempo?”, questionou nesta sexta-feira (23) o perfil @lookonchain, que rastreia movimentações suspeitas na blockchain.
A pergunta veio acompanhada de duas transações que mostravam a Jump Trading retirando 41.175 ETH (US$ 50 milhões) e 54.865 BNB (US$ 14,4 milhões) da FTX no dia 6 de setembro.
Ao que tudo indica, esses US$ 64 milhões em criptomoedas foram transferidos para a Binance. Toda a reserva de 54.865 BNB sacado da FTX migrou para a concorrente, que também recebeu naquele dia 91.700 ETH (US$ 143 milhões) da Jump Trading.
Jump Trading transferred 54,865 $BNB ($14.4M) and 91,700 $ETH ($143M) to #Binance on September 6th.
— Lookonchain (@lookonchain) December 23, 2022
41,175 $ETH ($50M) and all 54,865 $BNB ($14.4M) were withdrawn from #FTX.
Did Jump Trading Foreknow the FTX Crash Ahead of Time?https://t.co/UsafAj2J9chttps://t.co/dW7iyKgM1E pic.twitter.com/gd2azfA39Z
Essa retirada de capital da FTX, tornada pública pelo Lookonchain, mostra que a Jump Trading foi capaz de agir a tempo para salvar seu capital antes que ele ficasse preso na FTX com o bloqueio de saques que viria a acontecer nos meses seguintes.
Ainda não está claro se os especialistas da Jump, que atuam como market makers fornecendo liquidez para corretoras, tinham informações privilegiadas ou se notaram com antecedência os riscos em manter fundos na FTX. Até o momento, a firma de trading não comentou a movimentação.
Depois de FTX, Jump saca fundos da Binance
Após tirar o capital da FTX, a Jump Trading continuou movimentando seus fundos que já não parecem mais estar na Binance. A empresa recentemente ganhou destaque por sacar da corretora grandes quantias de criptomoedas.
A empresa foi considerada a entidade que mais tirou dinheiro da Binance quando polêmicas sobre as reservas da corretora se espalharam pelo mercado na semana passada.
O analista da Nansen Andrew Thurman calculou que as retiradas líquidas da exchange pela Jump atingiram US$ 146 milhões por meio de repetidos saques que aconteceram num intervalo de sete dias.
Ele compartilhou no Twitter as transações na blockchain que mostravam a Jump sacando US$ 102 milhões em Binance USD (BUSD), a stablecoin nativa da exchange; US$ 14 milhões em Tether (USDT); e US$ 10 milhões em Ethereum (ETH).
“Se os books da Binance parecerem completamente sem liquidez, a saída de possivelmente o maior MM (market maker) é provavelmente uma boa razão para isso”, tuitou Thurman no dia 12 de dezembro.
Jump has net outflows from Binance in excess of $146 million on the week, and no inflows
— Andrew T (@Blockanalia) December 12, 2022
If Binance books look like they’re completely drained of all liquidity, the exit of possibly the largest MM is probably a good reason why
Source: https://t.co/aasol67vsX https://t.co/GbeXfXqwce pic.twitter.com/yLYXgBEsSW
Os prejuízos da Jump em 2022
A Jump Trading, braço da Jump Crypto focado na negociação de criptomoedas, já ganhou atenção em outros momentos de crise do mercado. Quando o ecossistema Terra (LUNA) desmoronou no início do ano, a Jump foi fortemente atingida por ser uma das principais investidoras da Terraform Labs, a falida empresa de Do Kwon.
Como relembrou a Bloomberg na sua retrospectiva dos principais acontecimentos de 2022, a Jump não apenas investia na Terra, como também um de seus executivos seniores fazia parte do conselho administrativo da Luna Foundation Guard. Essa organização havia sido formada para garantir a estabilidade da stablecoin algorítmica UST, uma missão que fracassou mesmo com US$ 3 bilhões em bitcoin sendo gastos no processo.
Antes mesmo da ruína da Terra, o caixa da Jump já havia sido abalado em fevereiro, quando a empresa assumiu uma dívida de US$ 320 milhões do Wormhole, um protocolo cross-chain da Solana. Esse valor representava o prejuízo que o projeto teve ao ser atingido por hack que marcou o ano como um dos maiores já vistos no meio cripto.
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