O Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu um habeas corpus para a venezuelana Mirelis Zerpa, esposa de Glaidson dos Santos, o “Faraó do Bitcoin”. O documento foi assinado na última sexta-feira (16) pelo ministro Jorge Mussi, segundo o site O Globo. Até então, Mireles Zerpa era considerada foragida pela Polícia Federal, já que pesava sobre ela um mandado de prisão por sua suposta atuação no esquema fraudulento da GAS Consultoria.
Em um trecho da decisão, o magistrado afirma que o pedido de prisão preventiva de Mirelis foi feito com base em uma “decisão com motivação abstrata”.
Conforme explica nos autos, “em casos análogos, esta Corte Superior tem entendido não ser devida a mantença da segregação cautelar calcada em decisão com motivação abstrata, por se tratar de constrangimento ilegal, ainda que o delito imputado revista-se de caráter grave, como é o caso dos autos”.
Juntamente com o marido, Mirelis foi acusada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal (MPF) de montar uma pirâmide financeira disfarçada de investimento em bitcoin, que prometia lucro mensal de 10% sobre os valores aportados.
Desta forma, milhares de pessoas foram convencidas a investir na GAS Consultoria, o que se tornou um esquema bilionário. Após investigações das autoridades, foram revelados vários crimes cometidos pelo grupo, como lavagem de dinheiro, homicídio e tentativa de homicídio.
Manifestação contra Mirelis
Na última quinta-feira, um grupo de investidores da GAS Consultoria se organizou para realizar uma manifestação em frente ao Consulado dos Estados Unidos, no Centro do Rio de Janeiro, para pedir a extradição de Mirelis Zerpa, foragida na Flórida (EUA).
Para o grupo, trazer de volta Mirelis para o Brasil poderia ser a possibilidade que resta para os credores da GAS recuperarem seus investimentos.
Faraó do Bitcoin vai a juri popular
A Justiça do Rio de Janeiro decidiu nesta terça-feira (20) que o criador da GAS Consultoria, Glaidson Acácio dos Santos, irá a júri popular por acusação de homicídio agravado pela prática de extermínio de seres humanos.
Conforme descrito na sentença, “Faraó dos Bitcoins”, “Papai”, “Patrão” e “01” — todos nomes pelos quais Glaidson é chamado — é acusado de mandar matar duas pessoas: Wesley Pessano Santarem e Adeilson José da Costa, que sobreviveu à tentativa de homicídio.
A motivação dos crimes, diz a denúncia oferecida pelo Ministério Público, era que ambos atuavam no mesmo ramo que a GAS Consultoria na Região dos Lagos, no Rio de Janeiro, e eram considerados concorrentes.
Tais crimes supostamente foram cometidos antes de agosto de 2021, mês em que Glaidson foi preso no âmbito da Operação Kryptos. Na ocasião, outros membros do esquema foram presos, enquanto alguns conseguiram escapar da polícia e fugir do Brasil, como a esposa de Glaidson, Mirelis Yoseline Diaz Zerpa.
A GAS Consultoria captava clientes com promessas de rendimentos que supostamente viriam do trade de criptomoedas. Mais tarde, seu modelo de operação revelou ser uma pirâmide financeira, que desencadeou uma série de investigações pelas autoridades brasileiras.
* Correção: a primeira versão desta matéria informava que o habeas corpus foi concedido pelo STF ao invés do STJ. A informação foi corrigida.
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