Um áudio enviado por um dos donos da MSK Invest para uma cliente aponta mais indícios de que a operação pode ser uma pirâmide financeira. Carlos Eduardo de Lucas, conhecido como Cadu, afirma que a quebra da GAS Consultoria complicou sua operação.
Além disso, o empresário afirma que lidar com 100 milhões de saques de bitcoin nos últimos meses, o que teria inviabilizado a operação.
“O mercado de criptomoedas está uma bagunça. Não está fácil. A gente não consegue operar como operávamos no ano passado. Tive problemas nos saques de bitcoin nos últimos meses. Eu tive 100 milhões de saques. E a quebra da GAS prejudicou muito a gente. Muito”, disse Cadu.
A fala do dono da MSK dá a entender que o dinheiro dos seus clientes não estava alocado em investimentos que poderiam ser liquidados a qualquer momento e ser devolvido – seja com lucro ou sem.
Ao contrário. A colocação de Cadu deixa a entender que quando um grande número de pessoas passou a sacar dinheiro por ter perdido a renda da GAS, a operação quebrou. Fica implícito que o repasse de dinheiro, conduta típica de pirâmide, era a prática feita.
Caso MSK Invest
A Justiça de São Paulo determinou na segunda-feira (20) o bloqueio de R$ 100 mil da empresa MSK Invest. A decisão foi do juiz Fábio Henrique Falcone Garcia, que foi muito explícito ao falar sobre o anúncio da empresa de que um dos motivos de parar de pagar os clientes é por conta da insegurança jurídica diante do avanço do Projeto de Lei 2302/15 na Câmara dos Deputados.
O magistrado afirma que a postura da empresa é um indício de má-fé e de tentativa de não cumprir com os contratos.
“A missiva sobre o distrato, impondo condições dissociadas da negociação para ressarcimento do valor investido, aliada à falsa justificativa fundada em projeto de lei ainda não aprovado sugere engodo destinado a evitar cumprimento de obrigação e situação financeira complicada, a indicar risco de lesão grave à requerente”, disse o juiz.
O juiz Luiz Antonio Carrer disse que existem indícios de que a MSK Invest, empresa que dizia operar com cripotomoedas, seja uma pirâmide financeira e de que um mesmo uso de CNPJs é na verdade a prática de um golpe financeiro.
O magistrado também acolheu liminar de uma cliente e determinou o bloqueio de dinheiro na conta da empresa.
“Existem indícios de fraude no contrato celebrado entre as fraudes, que indica caso de “pirâmide”, a justificar a urgência da medida, pois a ré anunciou que deixará de atuar, sem a perspectiva de devolução da grande quantia investida pelo autor”, afirma o juiz.
Além disso, o juiz aponta que o mesmo CNPJ é utilizado pela MSK Invest e uma empresa chamada SOMPI Seguros, e que isso indica “golpe financeiro”.
Na quarta-feira (22), o Procon de São Paulo disse que iria acionar a MSK Invest e seus sócios no campo criminal e administrativo. A informação foi divulgada pelo presidente do órgão, o procurador Fernando Capez.
“A empresa [MSK] enganou diversos investidores prometendo juros de 2% a 5% em aplicação no Bitcoin. E adivinhe? Não pagou ninguém”, disse o procurador em vídeo.
Caso GAS Consultoria
O caso GAS Consultoria foi o mais famoso no Brasil envolvendo criptomoedas até o momento. Glaidson Acácio dos Santos criou o fantástico investimento sem risco. É como uma caixa mágica na qual você apenas coloca o dinheiro, nunca perde e ainda ganha 10% fixo todo mês.
Glaidson inovou no ramo do estelionato ao criar os contratos de um ano para receber o principal de volta. Isso garante os retornos fixos por um tempo e evita as corridas de saques. Então, por exemplo, se uma pessoa coloca R$ 100 mil na GAS em um contrato, ela vai recebendo por alguns meses o próprio dinheiro que ela colocou lá.
Com isso o sistema vai se retroalimentando, impulsionado pelo exército de vendedores que ganham gordas comissões sobre cada pacote vendido.
A GAS parou de pagar seus clientes em setembro, após ser alvo de uma ordem judicial que congelou R$ 38 bilhões em suas contas.
O criador da GAS é réu e responde pelos crimes contra o sistema financeiro nacional, gestão fraudulenta e organização criminosa. Além disso, responde também por homicídio e tentativa de homicídio.
Contraponto da empresa
“Informamos que a MSKInvest atua há seis anos no mercado de criptomoedas e sempre honrou com os compromissos previstos em seus contratos. Por uma decisão de negócios, a companhia descontinuou o produto semestral de criptomoeda. A empresa está providenciando a restituição dos valores para os clientes desse produto, cujo perfil indicado era de alto risco.”
Matéria atualizada para inclusão do contraponto da MSK Invest.