“Funai ia dar R$ 50 milhões pra índio mexer com bitcoin”, diz Bolsonaro em entrevista

Presidente voltou a falar de um polêmico projeto que criava uma criptomoeda indígena
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Presidente Jair Bolsonaro (Foto: Shutterstock)

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (sem partido), disse que não faz ideia como usar bitcoin em entrevista concedida na quarta-feira (4) à rádio 96 FM de Natal (RN). O contexto em que o presidente confessou a sua ignorância em relação à criptomoeda líder do mercado foi para criticar a atuação da Funai (Fundação Nacional do Índio) em gestões anteriores.

“Vou fazer uma pergunta pra você: sabe mexer com bitcoin? Não? Eu também não. E acredito que 99% de quem está nos assistindo também não. A Funai, quando assumimos a transição, tinha destinado R$ 50 milhões para o índio mexer com bitcoin. A grande parte, com todo respeito, não sabem nem o que é dinheiro”, disse Bolsonaro.

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Ele acrescentou dizendo que o seu governo está “libertando os índios” ao estimular a produção agrícola em reservas indígenas.

MEIO DIA RN [ENTREVISTA JAIR BOLSONARO] - (04/08/21)
Bolsonaro menciona bitcoin no minuto 30:20.

Criptomoeda indígena

Em relação ao suposto incentivo da Funai para que índios usassem bitcoin, o presidente se refere a um projeto do final de 2018, época em que Michel Temer (MDB) estava na presidência, em que o órgão firmou um contrato de R$ 44 milhões com a Universidade Federal Fluminense (UFF) que previa, entre outras medidas, a criação de uma criptomoeda dos povos indígenas.

O dinheiro supostamente seria usado para financiar outros 16 serviços, entre eles um mapeamento funcional e criação de um banco de dados das terras indígenas, mas o projeto nunca saiu do papel.

Em janeiro de 2019, a ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) já havia barrado a licitação e em setembro do ano passado, a Funai deu fim definitivo à parceria.

O caso tomou grandes proporções na primeira semana de Bolsonaro na presidência e representou a primeira vez que o político fez uma menção ao universo das criptomoedas

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Na época, Bolsonaro acabou confundindo o bitcoin com o projeto da Funai, ao elogiar a atuação de Damares. O bitcoin, na verdade, não tinha qualquer relação com o contrato.

Poucas semanas antes da gafe, o filho do presidente, Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), tinha cometido o mesmo erro ao tuitar: “Ministra Damares Alves bloqueia dezenas de milhões em bitcoins destinados para órgãos governamentais ligados à Funai no RJ”.