O Federal Reserve e o Banco do Japão serão os principais impulsionadores de uma recuperação do preço do Bitcoin para US$ 1 milhão, prevê o cofundador da BitMEX, Arthur Hayes, quando ambos os bancos centrais apertarem “o botão fácil” para resgatar a moeda em declínio do país asiático.
Hayes argumentou em um ensaio publicado na segunda-feira (20) que a taxa de câmbio entre o dólar e o iene é “a variável econômica global mais importante” no momento, devido ao seu potencial de influenciar os bancos centrais a aumentar a oferta monetária global.
Ele diz que a história, no entanto, começa na China, que é quem mais tem a perder com a tendência de desvalorização contínua do iene.
“Se a taxa de câmbio CNYJPY subir (JPY mais fraco vs. CNY mais forte), a competitividade das exportações da China será prejudicada”, escreveu Hayes. “Se o iene continuar se enfraquecendo, a China responderá desvalorizando o yuan.”
Como os bens locais de um país são denominados em sua moeda local, uma moeda de inflação rápida é boa para os países que dependem das exportações para manter sua economia em movimento.
Infelizmente para a China, o Japão é seu maior concorrente no mercado de exportação automotiva e, à medida que o iene se torna cada vez mais barato, é difícil competir com o Japão em termos de preços.
Hayes espera que o Banco da China pressione os Estados Unidos para que o Japão fortaleça o iene. Mesmo assim, ele escreve que o Banco do Japão (BOJ) terá dificuldades para fortalecer sua moeda por meio de métodos tradicionais, como o aumento das taxas de juros.
“O BOJ entraria em colapso mais rápido do que Sam Bankman-Fried em um banco de testemunhas se aumentasse as taxas”, escreveu Hayes, explicando que isso afetaria o valor dos títulos do governo japonês, que são 50% de propriedade do próprio banco central.
Para evitar que os títulos entrem em colapso, o BOJ teria que forçar os bancos locais e os fundos de pensão a comprar a dívida do governo, disse Hayes. Entretanto, para financiar essa compra, seria necessário vender títulos do Tesouro e ações dos EUA, o que iria contra os interesses norte-americanos.
Hayes conclui que, em vez de aumentar as taxas, o BOJ deve recorrer ao “botão fácil”: a “linha de swap” ilimitada de dólares americanos, na qual o BOJ e o Federal Reserve podem trocar ienes por dólares a uma taxa específica.
Como o BOJ pode imprimir livremente mais ienes, seu custo para obter mais dólares é efetivamente zero. Esses dólares podem então ser usados para comprar ienes, fortalecendo a moeda japonesa e, ao mesmo tempo, enfraquecendo o dólar.
O cenário final seria uma vitória para todas as partes: a China mantém uma moeda mais fraca que a do Japão, o BOJ permanece solvente e o dólar se enfraquece devido às compras de ienes no mercado aberto do BOJ.
Isso também é bom para as criptomoedas, já que ambientes com muita impressão de dinheiro tendem a aumentar o preço do Bitcoin juntamente com outros ativos, argumentou Hayes.
“Quando algo for feito em relação ao iene fraco, farei uma estimativa matemática de como os fluxos para o complexo Bitcoin elevarão o preço para US$ 1 milhão e possivelmente mais”, escreveu o investidor.
*Traduzido por Gustavo Martins com autorização do Decrypt.
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