Faraó do Bitcoin comprou jatinho de R$ 4 milhões com ex-piloto do Pablo Escobar, diz PF

A intermediação da compra teria sido feita pelo vulgo “Piloto”, ex-comparsa de Pablo Escobar
Glaidson durante depoimento à CPI das Pirâmides

Glaidson durante depoimento à CPI das Pirâmides (Agência Brasil)

O dono da GAS Consultoria, Glaidson Acácio dos Santos, apelidado de ‘Faraó do Bitcoin‘, chegou a comprar uma jatinho de R$ 3,9 milhões nos EUA em 2021, com parte dos bilhões movimentados no esquema. A intermediação na compra da aeronave foi feita por Ricardo Rodrigues Gomes, que nas investigações figura como piloto comparsa do falecido traficante colombiano Pablo Escobar.

De acordo com informações do relatório da Polícia Federal obtido pelo site O Globo, o jatinho teria sido comprado por meio de um contrato em nome da empresa BG&GAS LLC, da qual Glaidson era sócio, e posteriormente enviado ao Brasil cerca de três meses depois da prisão de Glaidson. O criador da GAS foi preso em agosto de 2021 na Operação Kryptos e atualmente segue preso na Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná.

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Conforme descreve a publicação, trata-se de uma aeronave bimotor, ano 2000, oriunda da Raytheon Aircraft, uma empresa do grupo americano RTX Corporation. O valor apresentado à Receita Federal do Brasil, apurou O Globo, foi de R$ 3.950.838,97 na época; depois disso, o jatinho foi trocado de dono inúmeras vezes até ir parar novamente nos EUA. 

Gomes ainda teria ajudado o Faraó do Bitcoin e sua mulher, Mirellis Zerpa, em várias atividades, como a aquisição de vistos e green cards.

O comparsa de Pablo Escobar

Na Operação Flyer One, realizada pela Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF) em agosto do ano passado, foi revelado que Gomes, vulgo ‘Piloto’, seria um dos pilotos responsáveis pelo transporte de drogas de antigos cartéis colombianos, como os comandados por Pablo Escobar.

De acordo com as investigações, após ter sido preso anteriormente, ele teria conseguido sair do Brasil usando um passaporte falso e aberto uma empresa nos EUA, de onde estruturou o sistema.

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Nos EUA, Gomes teria usado documentos falsos para justificar a entrada de dinheiro da GAS nas contas. Um dos sistemas seria o uso de notas fiscais internacionais conhecidas como invoices, sem lastro real. Os depósitos também entrariam na conta da pirâmide na forma de stablecoins lastreadas no dólar americano.

Piloto também teria viabilizado a documentação para a entrada dos líderes da quadrilha nos EUA, além de proporcionar os meios para desejos pessoais dos integrantes, como a compra de uma aeronave com capacidade para 19 pessoas, usando a filha como laranja.

Faraó do Bitcoin depôs na CPI das Pirâmides

Glaidson depôs na CPI das Pirâmides em julho passado em uma audiência por videoconferência que ficou marcada pela tensão entre o suspeito e os parlamentares. “O senhor me respeita”, disse Glaidson ao ser chamado de bandido pelo deputado Zé Haroldo Cathedral (PSD/RR).

O parlamentar disse ainda que Glaidson era “uma espécie de Bernie Madoff tupiniquim”, se referindo ao criador da maior pirâmide financeira mundial. 

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Glaidson negou todas as acusações lançadas pelos participantes da comissão sobre crimes. Insistiu que a GAS não era uma pirâmide financeira, defendendo que ela teria deixado de pagar os clientes apenas devido a uma intervenção da Polícia Federal, que derrubou o esquema com a Operação Kryptos, em 2021. “Não sou pirâmide, não era pirâmide e não serei pirâmide”, disse.

O caso GAS Consultoria

A GAS Consultoria captava clientes com promessas de rendimentos de 10% ao mês que supostamente viriam do trade de criptomoedas. Mais tarde, seu modelo de operação, supostamente de uma pirâmide financeira, desencadeou uma série de investigações pelas autoridades brasileiras.

Além da acusação de crimes financeiros, Glaidson responde por homicídio e tentativa de homicídio. O Faraó é acusado de mandar matar duas pessoas: Wesley Pessano Santarem e Adeilson José da Costa, que sobreviveu à ação criminosa.