Craig Wright afirma ser o criador do Bitcoin, Satoshi Nakamoto
(Reprodução/Youtube)

O australiano Craig Wright, um cientista da computação que ficou famoso por autointitular-se o criador do Bitcoin, Satoshi Nakamoto, está tendo uma semana infernal nos tribunais.

De um lado, uma corte decidiu que ele deverá depositar em juízo cerca de R$ 2,5 milhões (400 mil libras esterlinas) para continuar sua batalha judicial de propriedade intelectual no Reino Unido contra as corretoras de criptomoedas Coinbase e Kraken. A decisão foi publicada na terça-feira (25) pelo Superior Tribunal de Justiça da Inglaterra e País de Gales.

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Além disso, Wright também perdeu o recurso que movia contra a decisão inicial de um processo de difamação que moveu contra o bitcoiner e podcaster Peter McCormack, devido a uma postagem em rede social.

Em agosto do ano passado, o juiz Martin Chamberlain entendeu que havia evidências falsas por parte de Wright, e apenas concedeu a ele 1 libra esterlina (cerca de R$ 6) em indenização. A decisão sobre o recurso foi publicada nesta quarta-feira (26) por uma corte do Tribunal de Justiça de Londres, Inglaterra.

“Devemos continuar com nosso apoio a outros envolvidos nisso”, comentou Peter McCormack no Twitter após a decisão.

O processo contra o podcaster, contudo, é apenas um dos movidos por Wright contra pessoas que contestaram sua afirmação de que ele é criador do Bitcoin, usando como arma a lei de difamação britânica.

Batalha contra as corretoras

Na ação contra a Coinbase e a Kraken, Wright alegou que as duas corretoras estavam prejudicando a marca da criptomoeda Bitcoin Satoshi’s Vision (BSV), ao promover e negociar o Bitcoin (BTC) e o Bitcoin Cash (BCH), com o argumento de que possui ‘direitos’ sobre a marca Bitcoin.

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No entanto, o juiz James Mellor, disse que não estava convencido de que Wright seria capaz de financiar os custos legais, apontando para declarações anteriores supostamente inconsistentes sobre a sua posição financeira.

Segundo o juiz, caso Wright não deposite, no prazo de 28 dias, 150 mil libras referentes a custos da defesa da Kraken, e 250 mil libras pertinentes aos da Coinbase, o processo será arquivado. 

“[A parte] Cs não deve ter dificuldade em constituir garantia nesses valores, se houver alguma verdade em suas evidências”, ressaltou o juiz.

Desde 2018, contudo, dentre uma gama de comentários midiáticos e processos nos EUA e Reino Unido, Wright nunca conseguiu apresentar provas concretas de que ele seja Satoshi Nakamoto, como por exemplo, mover bitcoins de uma carteira atribuída ao verdadeiro criador da maior criptomoeda do mercado.

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Em uma declaração por e-mail ao Coindesk, site que acompanha o assunto, um porta-voz da Kraken disse que a decisão “é uma vitória importante em nossa defesa contra as alegações de Wright de controlar o Bitcoin”, acrescentando que “Satoshi nunca quis que uma única pessoa controlasse o Bitcoin, e é por isso que ele lançou o software Bitcoin sob licenças de código aberto para o benefício do mundo”.

De acordo com o site, Coinbase e os advogados de Wright não responderam imediatamente ao pedido de comentários.

Para contextualizar, o BSV — que Wright tentou, sem sucesso, levar à comunidade cripto de que aquele “novo bitcoin” era baseado na “verdadeira visão de Satoshi Nakamoto” —, surgiu do fork do Bitcoin Cash (BCH) realizado em 2018. Por sua vez, o BCH é um fork da rede principal do Bitcoin, ocorrido em 2017. 

Por sua vez, Craig Wright disse em outra reportagem do Coindesk que estava desapontado com o fato de o Tribunal não ter dado o devido reconhecimento aos danos causados ​​a ele, descrevendo “impacto severo em seu bem-estar”.

Espólio e Bitcoin do sócio Dave Kleiman

Craig Wright também responde a um processo na Flórida (EUA) acerca do espólio do americano Dave Kleiman, falecido em 2013, que foi seu sócio na W&K Info Defense and Research LLC, uma empresa de soluções para mineração de Bitcoin fundada em 2011.

Nos autos, o irmão do empresário, Ira Kleiman, alegou que, após a morte do de Dave, Wright teria se aproveitado para transferir as criptomoedas da companhia para sua conta individual, um valor estimado de US$ 143 milhões.

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Por sua vez, o acusado argumentou que não tem informações financeiras sobre sua esposa, Ramona Ang, e que suas próprias declarações de testemunhas apresentadas nos tribunais do Reino Unido constituem “boatos”.

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