Ex-diretora da OneCoin assume culpa por fraude de US$ 4 bilhões 

Irina Dilkinska admitiu ter ajudado a lavar US$ 110 milhões em lucros ilícitos da OneCoin, pirâmide criada pela “Rainha das Criptomoedas”
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Ruja Ignatova em evento da OneCoin, que prometia superar o Bitcoin (Foto: Reprodução)

Irina Dilkinska, ex-diretora jurídica e de conformidade da famosa pirâmide financeira com criptomoedas OneCoin, se declarou culpada na quinta-feira (9) de acusações de fraude eletrônica e lavagem de dinheiro relacionadas ao esquema multibilionário criado pela “Rainha das Criptomoedas” Ruja Ignatova.

Dilkinska admitiu no tribunal federal de Manhattan ter ajudado a lavar US$ 110 milhões em lucros ilícitos gerados pela rede global de marketing multinível da OneCoin. Apesar de sua função de supervisora jurídica e de conformidade, Dilkinska ajudou na execução das operações cotidianas e não garantiu que a empresa seguisse a lei.

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Dilkinska foi acusada em março e extraditada da Bulgária para os EUA.

“Atuando como a ‘Chefe do Departamento Jurídico e de Conformidade’ da OneCoin, Irina Dilkinska realizou exatamente o objetivo oposto de seu cargo”, disse o procurador dos EUA Damian Williams em um comunicado. “Como ela admitiu agora, Dilkinska facilitou a lavagem de milhões de dólares de lucros ilícitos que a OneCoin acumulou por meio de seu esquema de marketing multinível.”

Dilkinska poderá pegar até cinco anos de prisão por cada acusação quando for condenada em fevereiro de 2024.

A fraude da OneCoin

A ex-diretora é a mais recente acusada levada à justiça no caso OneCoin em andamento, embora a líder Ruja Ignatova continue foragida depois de desaparecer em 2017. Ignatova foi adicionada à lista dos dez mais procurados do FBI em junho passado.

A OneCoin foi fundada em 2014 por Ignatova e Karl Sebastian Greenwood, que venderam a criptomoeda fraudulenta como uma moeda digital revolucionária que ultrapassaria o Bitcoin.

Ignatova, conhecida como “Rainha das Criptomoedas”, e Greenwood lançaram a OneCoin em Sofia, Bulgária, e utilizaram uma estrutura global de marketing multinível para promover e vender pacotes vinculados à criptomoeda falsa.

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No Brasil, o esquema da OneCoin foi propagado pelo venezuelano Aldo Toledo, que voltou a captar clientes no Brasil este ano através do esquema cripto da Versobot.

O paradeiro da Rainha das Criptomoedas

No início deste ano, autoridades búlgaras afirmaram que a fundadora da OneCoin, Ignatova, foi assassinada em 2018. Esse relatório se baseou em documentos em posse de um policial búlgaro que havia sido assassinado recentemente, de acordo com uma agência de notícias local.

A OneCoin teve um rápido crescimento por meio de sua estrutura de comissões em forma de pirâmide, que recompensava os membros por recrutarem outros para comprar pacotes de criptomoedas.

Somente do final de 2014 ao final de 2016, a OneCoin gerou mais de US$ 4 bilhões em receita de vendas de aproximadamente 3 milhões de pessoas que investiram em todo o mundo. No entanto, não havia nenhuma blockchain ou criptomoeda real por trás da OneCoin: e ela operava apenas para fraudar bilhões de dólares dos investidores. Ignatova desapareceu em 2017 após a apresentação de acusações, e Greenwood foi preso em 2018.

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O próprio Greenwood se declarou culpado de acusações de fraude eletrônica e lavagem de dinheiro em dezembro de 2022. Em setembro, ele foi condenado a cumprir 20 anos de prisão por seu envolvimento com a OneCoin, de acordo com o DOJ.

*Traduzido por Gustavo Martins com autorização do Decrypt.