O mundo político da capital americana de Washington D.C. está repleto de rumores de que o presidente dos EUA, Joe Biden, do Partido Democrata, não iria conceder um segundo mandato a Jerome Powell, do Partido Republicano, como presidente do Federal Reserve, o FED, Banco central do país).
No entanto, nesta terça-feira (23), a Casa Branca anunciou que Biden iria renomear Powell ao nomear Lael Brainard, amplamente considerada como a melhor candidata para substituí-lo, como a vice-presidente.
A decisão possui certa influência no futuro do bitcoin (BTC), das stablecoins e de outros ativos – que receberam comentários de Powell durante sua presidência.
Powell entrou para o Conselho de Presidentes do Federal Reserve em 2012 após uma longa carreira no serviço bancário e governamental.
Naquela época, o bitcoin valia menos de US$ 100 e a rede Bitcoin apenas existia em computadores de porão e em poucas corretoras. Powell não tinha muito a dizer sobre a criptomoeda.
Mas quando Powell foi nomeado como presidente do Fed após Janet Yellen em 2018, o bitcoin estava em um lugar bem mais diferente, tendo atingido quase US$ 20 mil em dezembro de 2017.
De repente, o mundo estava de olho no bitcoin e em uma dúzia de outros criptoativos que estavam começando a decolar.
Em 2019, Powell começou a chamar o bitcoin de “reserva especulativa de valor, como o ouro”. Essa opinião não mudou.
Em março deste ano, conforme o preço disparou acima de US$ 60 mil pela primeira vez, ele disse, durante a conferência de inovações do Banco de Compensações Internacionais (ou BIS, na sigla em inglês), que “criptoativos são altamente voláteis, como o bitcoin e, assim, não são muito úteis como uma reserva de valor e não são lastreados por nada”.
Ele concluiu: “Basicamente, é um substituto do ouro em vez do dólar”.
Embora Powell não considere o bitcoin como uma real ameaça ao dólar, isso não significa que o ex-bancário de investimentos seja a favor das criptomoedas.
Em novembro de 2019, Powell revelou ao Congresso Americano que o Fed estava pesquisando o uso de moedas digitais emitidas por banco central (ou CBDCs) por empresas e famílias.
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Uma CBDC americana, chamada de dólar digital, poderia alavancar o blockchain ou outras tecnologias para permitir que pagamentos mais rápidos e simples sejam realizados.
Mas também podem dispensar a necessidade de stablecoins, moedas lastreadas em fiduciárias que fornecem acesso a criptomoedas e protocolos cripto.
“Você não precisaria de stablecoins (você não precisaria de criptomoedas) se você tivesse uma moeda americana digital”, explicou em julho, apesar de não ter apressado o banco central a emitir uma moeda digital.
Ainda assim, esses comentários preocuparam os devotos cripto, que protestaram contra a política monetária do Fed sob a liderança de Powell.
Aqui, o principal arquiteto de uma campanha que encoraja níveis baixos porém significativos de inflação, estava subestimando a necessidade de uma proteção digital contra a tal inflação.
Em setembro, Powell esclareceu que estava se referindo a stablecoins em vez de criptomoedas ao responder a uma pergunta de Ted Budd, deputado da Carolina do Norte, sobre a possibilidade de os EUA ter planejado “banir ou limitar o uso de criptomoedas, como estamos vendo acontecer na China”.
Powell respondeu que não e pediu desculpas por sua resposta anterior e migrou para falar sobre sua contínua preocupação com stablecoins, que ele considera como fundos de mercados monetários ou depósitos bancários.
“Seria adequado se fossem reguladas”, afirmou ele. “Mesma atividade, mesma regulação.”
Stablecoins continuam sendo uma grande preocupação para o presidente do Fed, bem como para Gary Gensler, presidente da Comissão de Valores Mobiliários e de Câmbio (ou SEC), e Janet Yellen, secretária do Tesouro, que formou um grupo de trabalho para impulsionar uma estrutura regulatória para ativos lastreados em dólar.
O relatório do grupo pede por mais regulamentações para stablecoins, conforme tether (USDT), a principal stablecoin por capitalização de mercado, tem a maior possibilidade de ser negativamente impactada.
Considerando que tether é a forma mais popular de tomar empréstimos em bitcoin, talvez Powell queira, acima de tudo, limitar criptomoedas.
*Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.