A tecnologia Blockchain não é confiável para sistemas de votação, segundo o Laboratório de Ciência da Computação e Inteligência Artificial (CSAIL) do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Um resumo do estudo publicado nesta segunda-feira (16) diz que o sistema que surgiu com o Bitcoin apresenta mais problemas do que corrige.
De acordo com o estudo, a votação por meio de um blockchain não é um método confiável para promover níveis mais altos de participação, correndo ainda mais o risco de hackers tentarem afetar as eleições.
“Eu ainda não vi um sistema de blockchain que eu confiaria para uma contagem de jujubas de feira de condado, muito menos uma eleição presidencial”, disse Ron Rivest, professor do CSAIL e um dos responsáveis pelo estudo.
O estudo considerou o sistema atual de votação nos EUA, principalmente sobre as cédulas enviadas pelos correios.
“Uma equipe de especialistas em segurança cibernética do MIT se manifestou veementemente contra o uso de qualquer forma de votação baseada em blockchain e disse que a votação online em geral é muito mais vulnerável a ser hackeada do que pessoalmente ou votação por correio”, diz a análise.
Conforme detalhou, as cédulas de correio as torna muito menos suscetíveis a ataques em grande escala em comparação com a votação online, onde a exploração de uma única vulnerabilidade pode afetar todas as cédulas de uma só vez.
Michael Specter, coautor do estudo, levou em conta a implantação do aplicativo baseado em blockchain Voatz, usado em eleições estaduais e municipais nos EUA.
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Para ele, os testes mostraram que tais sistemas sofrem de sérias vulnerabilidades de segurança permitindo que os invasores monitorem os votos registrados e até mesmo alterem ou bloqueiem as cédulas.
O autor principal, Sunoo Park, diz que uma qualidade essencial que falta nos sistemas de blockchain é a “independência de software”. Para ele, falta a garantia de que uma mudança ou erro não detectado possa causar uma mudança indetectável no resultado da eleição.
Blockchain para votação no Brasil
Um número crescente de empresas de tecnologia tem defendido o Blockchain em sistemas de votação. O argumento mais usado é que aumentaria a participação de eleitores e a confiança do público.
No Brasil, por exemplo, 26 empresas de tecnologia autorizadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já testaram seus projetos nestas eleições.
Segundo o órgão, a iniciativa é parte do projeto “Eleições do Futuro”, que tem como objetivo iniciar estudos e avaliações para eventual implementação de inovações no sistema eletrônico de votação.