O estudante do curso técnico em Informática do Instituto Federal Do Paraná, Guilherme Bressan, fez o seu trabalho de conclusão de curso sobre a Lightning Network, a solução de segunda camada que permite transações mais rápidas e baratas de bitcoin.
Na lista de agradecimentos, o youtuber e um dos primeiros entusiastas do bitcoin no Brasil, Daniel Fraga, foi um dos homenageados.
“O Fraga é um dos caras que com certeza me influenciou, pela própria história dele… confiscaram o pouco que ele tinha no banco, acho que era R$ 20, travaram conta e passaporte, se não fosse o bitcoin ele tava lascado”, brinca o estudante em conversa com o Portal do Bitcoin.
No seu trabalho, Bressan agradece Fraga por “abrir seus olhos quanto ao funcionamento dos bancos centrais que tiram a liberdade dos indivíduos”, e aos bancos centrais, por “imprimir dinheiro infinitamente e trazer cada vez mais pessoas para a Internet do Dinheiro que é o Bitcoin”.
Ele é um dos 140 mil inscritos do anarcocapitalista que há mais de quatro anos não tem notícia do seu paradeiro. Quando Fraga teve suas contas bloqueadas e seu passaporte suspenso pela Justiça Federal, ele pegou seus bitcoins e abandonou a vida pública.
Embora polêmico, o youtuber se tornou uma figura simbólica na comunidade cripto brasileira por recomendar a compra de bitcoin desde 2012, quando cada unidade da criptomoeda custava R$ 12 — hoje cada bitcoin vale mais de R$ 270 mil.
A última notícia que se teve de Fraga veio em agosto deste ano quando um link para o site ‘whybitcoincash.com/pt’ foi inserido na descrição do seu canal no YouTube. O endereço foi registrado em janeiro de 2021, o que indica que o youtuber entrou na plataforma neste ano.
Além de Daniel Fraga, outros brasileiros que influenciaram o estudante de 19 anos foram os Bitcoinheiros.
Explorando a Lightning Network desde cedo
Guilherme Bressan conheceu o bitcoin pela primeira vez quando ainda era criança através de sites que permitiam trocar bitcoin por moedas no jogo Habbo Hotel.
Já adolescente em 2017, voltou a se encontrar com a criptomoeda e dessa vez se debruçou em entender como ela funcionava. Começou a fazer trades simples, mas agora roda um node do bitcoin em um Raspberry Pi 4 e canais na Lightning Network. A solução de segunda camada do bitcoin foi aprofundada no TCC publicado em dezembro.
“A rede relâmpago é uma das primeiras soluções de segunda camada do bitcoin e foi a primeira que eu conheci. Foi ali que eu comecei a experimentar e montar meu node, então já tinha mais familiaridade. O pessoal já me chamava para tirar dúvidas sobre a rede relâmpago e isso me motivou a escrever sobre o tema”, explica.
Segundo o estudante, rodar o próprio canal da Lightning Network é dar um passo além na descentralização da criptomoeda e contornar os serviços das carteiras custodiais que, embora mais fácil de usar, limita a liberdade do usuário.
“O principal incentivo foi mostrar que você não tem que confiar em um terceiro para usar a rede relâmpago. No começo eu usava a Blue Wallet, mas com o tempo eu vi que usando carteira custodial você tem que confiar nos proprietários dela”, aponta.
No TCC, Bressan ensina como abrir e fechar um canal na Lightning Network através da BLW, uma carteira mobile de código aberto não custodial. Brevemente, ele explica que abrir um canal é mais simples do que parece:
“Primeiro tem que ter alguns satoshis na carteira on-chain, pode ser na BLW mesmo. Você também vai precisar do hostname (IP) do node com quem você quer abrir o canal, e a chave pública do node relâmpago. Quando você inicia a abertura, você está basicamente estabelecendo um contrato na rede bitcoin, onde os fundos que você usou para abrir o canal vão ficar travados e podem passar de um lado para o outro”, explica o estudante.