Os mineradores de bitcoin que trabalham na Argentina estão sendo acusados de causar quedas de energia que afetam pelo menos 80 mil pessoas no país.
Quem os culpa é a Cammesa, empresa estatal que fornece energia elétrica no mercado atacadista. Segundo o portal LaPolíticaOnline, a estatal pediu que os grandes consumidores informem se há fazendas de criptomoedas em suas áreas.
Com esse pedido, a empresa quer identificar onde os mineradores estão localizados e desencorajá-los a continuar com a atividade que acreditam estar superaquecendo o sistema de energia do país.
O portal argentino afirmou que fontes da Subsecretaria de Energia Elétrica do país disseram que uma taxa extra será cobrada dos mineradores e aqueles que continuarem na região, precisarão fazer investimentos em melhorias no sistema elétrico local.
Os mineradores não seriam os únicos culpados, mas segundo a estatal, estariam contribuindo no alto consumo de energia que se intensifica no país atingido por uma onda de calor que levou o consumo de equipamentos de ar condicionado a níveis recorde.
Os cortes de energia aconteceram em todo o pais no final do ano, mas a região metropolitana de Buenos Aires foi a mais atingida. O LaPolíticaOnline disse que um pico de voltagem ocorreu na região do Retiro onde os moradores da Villa 31 fizeram um bloqueio de ônibus da rodoviária em forma de protesto.
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Desde que a China baniu a mineração de bitcoin em maio do ano passado, os profissionais da área se espalharam pelo mundo em lugares que ofereciam um baixo custo de energia, como a Argentina.
Prova de trabalho vs Prova de participação
O recente posicionamento da estatal de energia da Argentina reacendeu na comunidade o debate sobre a eficiência do consenso de prova de trabalho (PoW) do bitcoin, que exige uma grande quantidade de energia para validar as transações da criptomoeda.
“A Argentina não tem energia suficiente e as cadeias de prova de trabalho pioram a situação… mas, ao mesmo tempo, a Argentina, sendo um país com alta inflação, pode se beneficiar muito com as criptomoedas”, escreveu no Twitter o desenvolvedor argentino Santiago Siri.
Na sua análise sobre o caso, Siri afirmou que o Ethereum “evitará totalmente essa fraqueza de poder” quando passar a adotar o consenso de prova de participação (PoS) no Ethereum 2.0.
Essa visão do desenvolvedor foi rapidamente rebatida por defensores do bitcoin, como o diretor do Human Rights Foundation (HRF), Alex Gladstein, que ressaltou a importância da prova de trabalho na segurança e descentralização de uma criptomoeda.
“A) As cadeias de prova de participação não compete com bitcoin, que é dinheiro duro. Moedas PoS não são. B) As moedas PoS são muito mais propensas à captura de estado do que o bitcoin, que está mais descentralizado do que nunca hoje e que se beneficia da competição de poder global”, concluiu.