Imagem da matéria: Como a Binance perdeu o bitcoin de um cliente após converter seu endereço de saque
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Assim que o Bitcoin passou pelo soft fork Taproot em novembro, a exchange Binance garantiu a seus clientes que suportaria as novidades da atualização, incluindo o novo tipo de endereço P2TR. Ao que tudo indica, no entanto, a corretora não estava tão preparada para as mudanças como deu a entender em um primeiro momento.

Um cliente da Binance chamado Mario Duarte, descreveu no fórum StackExchange como acabou perdendo seu bitcoin após solicitar um saque na corretora para um endereço do tipo P2TR, introduzido no Taproot. 

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Ele conta que quando foi solicitar o saque, colocou um endereço de bitcoin com as iniciais bc1p (padrão P2TR) e a corretora processou o pedido normalmente, sem informar qualquer problema. As criptomoedas, no entanto, nunca chegaram ao seu destino final.

“Percebi que os fundos não chegaram e fui verificar a id da transação. Percebi que meu endereço não estava listado como beneficiário, mas um endereço completamente diferente recebeu exatamente a mesma quantia que eu solicitei”, explicou Duarte.

Ao entrar em contato com o suporte, ele descobriu que a Binance não suportava saques para endereços Taproot e que o sistema da corretora havia modificado automaticamente o seu endereço para um com as iniciais bc1q (endereço P2WSH, padrão Segwit).

Duarte disse que após o seu relato, a Binance consertou o problema ao passar a impedir que saques para endereços P2TR fossem solicitados na plataforma, mas que mesmo assim o cliente não havia conseguido o reembolso: “Eles estão tentando me convencer que é minha culpa e eu continuo lutando para que eles assumam suas responsabilidades”.

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Bitcoin perdido para sempre

Pieter Wuille, um dos desenvolvedores mais respeitados no meio cripto e criador da proposta de melhoria que introduziu o Taproot, explicou para o usuário que suas criptomoedas foram perdidas para sempre.

“Receio que as moedas enviadas foram irrevogavelmente queimadas. O motivo é que os endereços P2TR codificam uma chave pública (ajustada), enquanto os endereços P2WSH codificam um hash de script. Se alguém pegasse um endereço P2TR para que fosse interpretado como um endereço P2WSH com a mesma carga útil, você precisaria encontrar um script que faz o hash para a chave pública no endereço P2TR”, descreve o desenvolvedor para explicar que esse tipo de conversão é completamente inviável. “Se isso fosse possível, o SHA256 estaria espetacularmente quebrado”.

Wuille disse ainda que o usuário não foi o culpado pelo problema e que ele estava com razão em exigir seu bitcoin de volta. “O fato de eles [Binance] aceitarem esse endereço (mesmo ignorando a interpretação errônea como P2WSH) mostra extrema incompetência por parte do remetente”, pontuou. 

O caso foi amplamente repercutido na comunidade cripto que ficou do lado do cliente e cobrou que a exchange devolvesse o bitcoin perdido.

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“Os sites/software NUNCA devem converter um endereço bitcoin fornecido pelo usuário para uma forma diferente de endereço automaticamente. Você está apenas pedindo para perder de fundos. A culpa é absoluta das plataformas, não do usuário”, escreveu Samuel Dobson, desenvolvedor que atuou por três anos como mantenedor do Bitcoin Core.

Na manhã desta terça-feira (28), o cliente vítima de toda confusão escreveu no Twitter que as cobranças da comunidade deram resultado e que a Binance se comprometeu em devolver os fundos.

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