Especialistas do governo do Irã sugerem o uso de criptomoedas para contornar sanções internacionais

País poderia gerar receita de US$ 700 milhões por ano as criptomoedas, diz estudo
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(Foto: Shutterstock)

O Centro de Estudos Estratégicos do Irã (CSS), órgão que funciona como uma espécie de conselheiro econômico do país, publicou na terça-feira (02) um relatório que sugere ao governo a adesão ao setor de criptomoedas tanto para gerar receita quanto para contornar sanções internacionais.

Segundo o jornal Iran Wire, que compartilhou trechos do documento originalmente escrito na língua local, o CSS afirmou que a mineração de criptomoedas pode trazer benefícios econômicos para diversos setores da economia do país, além da possibilidade de transformar petróleo e gás em bitcoins.

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Descreveu também o quanto de receita pode ser gerado se o governo intervir seriamente na questão. Com a ação do governo, o Irã pode gerar US$ 2 milhões por dia e US$ 700 milhões por ano em receita direta com criptomoedas. De acordo com os especialistas, só com recebimento de taxas oriundas da rede do Bitcoin, US$ 22 milhões por ano para o governo iraniano.

Fora isso, diz o site, o relatório também recomenda a criação e regulação unificada de empresas de mineração de bitcoin para elevar o nível de emprego, como por exemplo, criar uma espécie de mineração coletiva. E deu um exemplo em números: para cada megawatt de consumo de eletricidade, cerca de nove pessoas podem ser empregadas diretamente.

“Se grandes fazendas de mineração forem estabelecidas, haverá necessidade de empregar mão de obra para monitoramento e reparo, segurança, engenheiros elétricos e equipe técnica relacionada a equipamentos de hardware e software, o que leva a mais oportunidades de emprego em outros setores”, diz um trecho do relatório traduzido pelo Iran Wire.

Eletricidade no Irã

O páis islâmico atraiu várias fazendas de mineração por causa do preço baixo de sua eletricidade. Os recentes apagões no país — que o governo atribuiu a culpa aos mineradores de bitcoin — evidenciam que as redes elétricas iranianas não estão preparadas para uma adesão em massa ao setor de mineração. Mas, segundo o relatório, a empreitada do governo melhoraria a eficiência, a capacidade e o equilíbrio de energia elétrica no país.

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“A economia do Irã não consegue vender facilmente seu petróleo e gás em face de sanções, mas ao construir fazendas de mineração de criptomoedas, reduz as perdas de eletricidade e converte gás em criptomoedas, o que gera alta renda para a economia em tempos de sanções”, diz outro trecho revelado pelo Iran Wire.

Apreensão de máquinas

No início do ano, a empresa estatal de eletricidade do Irã, a Tavanir, fechou uma fazenda de mineração controlada por chineses e iranianos — cerca de 6.000 máquinas de mineração podem ter sido confiscadas na época. Dias depois, a polícia iraniana confiscou cerca de 45.000 ASICs.

Vale lembrar que em julho do ano passado o Irã deu ultimato a empresas do setor a registrarem nas autoridades competentes para não terem suas máquinas apreendidas.