A Apsen Farmacêutica, que produz no Brasil o Reuquinol (nome comercial da hidroxicloroquina), anunciou em suas redes sociais que irá aumentar a produção da medicação depois que ela desapareceu das farmácias do país.
A corrida pelo produto começou horas depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar na quinta-feira (19) pela manhã que a hidroxicloroquina teria resultados positivos na cura do coronavírus. A informação não foi confirmada pelo FDA, o rigoroso órgão que cuida da liberação de remédios nos EUA.
A Apsen divulgou duas notas sobre o tema. Na primeira afirmou que, além da população em geral, houve um aumento da demanda pela medicação até das instituições de saúde:
“Estamos realizando todos os esforços para aumentar a produção do medicamento, para que possa, assim, atender a todas as solicitações”.
Na segunda, publicada na manhã desta sexta-feira (20), lembrou que apesar de promissores, “não existem estudos conclusivos que comprovam o uso desses medicamentos para o tratamento da COVID-19”. Lembrou que a Anvisa não recomendava o uso em pacientes infectados ou como forma de prevenção ao coronavírus.
Hidroxicloroquina importada
Ainda assim, não será fácil obter o remédio. Conforme a empresa, o Brasil não fabrica a matéria-prima para a produção — é preciso importá-la.
A situação, segundo a empresa, cria dois problemas adicionais: “a capacidade produtiva dos fabricantes e a questão logística, devido à restrição de transporte aéreo em várias partes do mundo”.
No momento, a Apsen afirma que busca obter duas toneladas da hidroxicloroquina.
“Vamos usar todos os meios que estiverem ao nosso alcance para aumentar nossa produção. Estamos também em contato com o governo de São Paulo e Federal para que nos auxiliem nessas negociações”, disse a empresa.
Um dos objetivos é também poder fornecer o medicamento a quem usa para o tratamento de malária e de doenças como artrite reumatoide.
A Safoni, multinacional francesa que vende o Plaquinol no Brasil (sulfato de hidroxicloroquina), não se manifestou sobre o tema.
Reuquinol, Apsen e Anvisa
Embora o tom da nota publicada na quinta fosse positivo, no dia seguinte a empresa fez um novo comunicado no qual lembrou que não recomendava o uso do Reuquinol para o tratamento do Covid-19.
Afirmou que “milhares de pacientes que fazem uso crônico de hidroxicloroquina têm encontrado dificuldade para comprar os produtos nas farmácias e drogarias”.
A empresa justifica o movimento da compra da matéria-prima como uma antecipação para o caso de a molécula se provar realmente eficiente no tratamento.
Na noite de ontem, a Anvisa emitiu uma nota oficial na qual avisa que a hidroxicloroquina é para o tratamento de artrite, lúpus eritematoso, doenças fotossensíveis e malária e não recomenda o uso contra o coronavírus.
Até o momento, os estudos clínicos apontam resultados positivos no uso da droga contra o Covid-19. O principal estudo na área, contudo, afirma que é preciso pesquisar mais o tema para obter melhores dados sobre o assunto.
No Brasil, há uma escalada de casos. Os dados têm sido atualizados toda noite pelo Ministério da Saúde. Já são seis mortes, sendo quatro em São Paulo e duas no Rio de Janeiro.
Os casos de contaminados somam 621. Seis cidades brasileiras já registram casos de “transmissão comunitária”, ou seja, quando não se sabe quem passou a doença.