Os pesos voltaram a ter uma alta de demanda na Argentina durante a pandemia. A restrição à compra de dólares é um dos grandes motivos por trás das estatísticas, mas por fim o governo de Alberto Fernandez alcançou em parte seu objetivo de forçar o peso a ser indispensável no país.
Conforme o jornalista Javier Blanco argumenta em texto publicado no La Nación, o peso teve uma onda de emissões nos últimos meses. Dados revelados no texto indicam que no mês de novembro a Argentina pegou US$ 170 bilhões do BCRA em seus esforços monetários.
O aumento da emissão de pesos e seu impacto monetário constroem a discussão do artigo do La Nación. A circulação de dinheiro (em pesos) já deu sinais de aceleração nos últimos meses. Blanco argumenta que o maior pico sazonal na demanda de pesos é nesta época de final de ano, mas o início do ano que vem é o que preocupa analistas em termos de impactos monetários negativos.
“A velocidade de circulação do dinheiro é um conceito que pode dar indicações valiosas sobre o que acontecerá no futuro em termos de preços e taxas de câmbio”, explicou o economista Juan Ignacio Fernández, da consultoria Oikos Buenos Aires, ao La Nación.
Ainda segundo o especialista, o fenômeno será a perda de interesse em economizar ou guardar pesos, levando a queima acelerada da moeda e consequentemente catalisando ainda mais a desvalorização do peso argentino. Isso ocorre quando há expectativas por altas inflacionárias em meio aos consumidores.
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Inflação na Argentina
Fernández ainda aponta ao jornal argentino que, seja por inflação alta esperada ou por tendência de alta no dólar, as pessoas se livram de suas reservas com o receio de perder valor de compra mantendo pesos guardados, algo similar ao que ocorria nos períodos de hiperinflação nos anos 80 na Argentina e nos anos 90 no Brasil. A inflação já se movimenta a uma velocidade de 3% a 4% ao mês no país.
Contudo, em cenários mais otimistas nos quais a economia apresente uma real melhora na argentina pós-pandemia, essa aceleração na circulação de pesos não seria necessariamente negativa, conforme argumenta o economista entrevistado pelo jornal.
Mas essa recuperação depende diretamente da situação epidemiológica no país vizinho, permitindo recobrar setores econômicos atualmente paralisados e que são uma das chaves da séria crise atual.
Contudo, ainda permanece o temor de que a emissão de pesos cause um impacto ainda mais agravante nos preços gerais da economia argentina, ascendendo a já alta inflação e fazendo com que a população perca ainda mais poder de compra.