O day trader Vinicius Ibraim quebrou o silêncio e gravou um vídeo no qual disse não ter perdido R$ 30 milhões em uma operação, mas sim R$ 700 mil. Ele também prometeu pagar todos os clientes, mas não explicou como faria para recuperar o dinheiro.
A mensagem circulou na tarde desta sexta-feira (06) nos grupos de clientes afetados pelas perdas que se formaram após o trader apagar todas as redes sociais. Ele começa tentando explicar o que ocorreu:
“No dia 27, eu estava operando ao vivo na presença de todos os meus clientes. Houve uma que perda que não chega nem próximo dos R$ 30 milhões que a mídia está falando. Foi em torno de R$ 700 mil. Tudo que é feito na Bolsa tem como comprovar”, diz.
Em seguida, ele explicou a razão pela qual se ausentou após a operação mal-sucedida:
“A operação acabou às 17h e fiquei quarta, quinta e sexta recolhido pensando no que eu ia fazer. Quando retornei, estava sofrendo ameaças e fiquei com medo pela minha vida e pela vida do meu filho. Então sábado, domingo e segunda, fiquei pensando no que fazer pra preservar a minha vida e do meu filho”.
Apenas uma semana depois da perda, no dia 3, ele afirmou ter criado um grupo no Telegram para comunicar aos clientes sobre pagamentos, mas pediu paciência.
Veja o vídeo no qual Vinicius explica o que aconteceu:
Problemas
Em conversa com o Portal do Bitcoin, uma das vítimas de Ibraim questionou os números. O homem, que perdeu R$ 10 mil e pediu para não ser identificado, disse que está em um grupo de WhatsApp com outros clientes.
“Somos 58 pessoas e só entra quem tem comprovante de depósito. No total, somamos R$ 1,4 milhão. Duas pessoas já receberam, cada uma R$ 2 mil”, afirmou.
As declarações, porém, não respondem a questões importantes sobre o caso. Conforme um comunicado da B3 (antiga Bovespa), desde o dia 6 de outubro ele estava proibido de fazer operações na Bolsa por inadimplência. Isso ocorre quando um trader não quita as dívidas com uma corretora. Ele também não disse como faria para pagar a nova dívida.
Além disso, Ibraim não comentou sobre o fundo que levava seu nome e prometia ganhos fixos de 2% ao mês, o que remete a um esquema ponzi. Pela lei, fundos desta natureza são regulados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) — o que não era o caso. O esquema sequer tinha CNPJ; os clientes depositavam diretamente em uma conta do Banco Original do trader.
Sem as informações sobre o número de clientes e os valores depositados não é possível estimar o tamanho real do prejuízo.
Procurado, o advogado de Vinicius Ibraim, Thiago Scopacasa, recebeu os questionamentos da reportagem. Até o fechamento deste texto, contudo, as respostas ainda não haviam sido enviadas.