Performance da Decred (DCR) em Reais (BRL) no ano de 2017
O ano de 2017 foi um ano impressionante para as criptomoedas. Foi um ano em que o Bitcoin foi amplamente divulgado na mídia, profetas do apocalipse alçaram vozes contra uma bolha nos ativos digitais e muita gente nova entrou no barco. O crescimento do volume de dinheiro aportado em diversos projetos cresceu consideravelmente, e nas mesmas proporções, cresceram os retornos e a expectativa por retornos nos participantes do mercado.
A Decred é um projeto mais jovem que o Bitcoin e com grandes pontos potenciais de crescimento a longo prazo. A seguir temos alguns resultados, sob diferentes métricas, de quem investiu em Decred ao longo de 2017. As premissas são de 1- alguém adquiriu Decreds em 01-Jan-2017 e as manteve ao longo do ano 2 – investindo todo o montante no processo de mineração POS através da compra de tickets.
Dado que o sorteio de tickets é um processo aleatório, simular a sua rentabilidade requereu algumas premissas adicionais que serão detalhadas no momento oportuno.
Para efeitos de precisão nos cálculos, a cotação da Decred em USD teve seu valor convertido para BRL pela cotação do USD comercial do dia correspondente. E porque em BRL? Porque a comunidade brasileira é grande, coesa e manteve-se absolutamente focada em cada passo do desenvolvimento durante todo 2017!
Preços no decorrer de 2017
Quando comparamos a cotação diária do Bitcoin com a Decred, quase não vemos como a moeda evoluiu por conta da “escala” do valor de face do Bitcoin. O valor de face de 1 Bitcoin é aproximadamente 150x maior que o de 1 Decred. Os famosos gráficos lineares de preço tem a seguinte aparência:
Esta disparidade no entanto, é sanada em escala logarítmica. Podemos observar que a Decred performou absolutamente bem ao longo do ano:
Retornos diários
Olhando para o gráfico dos retornos diários pode-se ter a dimensão da volatilidade da Decred (claramente maior que a do Bitcoin) assim como as diferentes escalas de retornos de ambas as moedas. A tendência de alta em longo prazo da Decred reflete-se pelos seguidos retornos positivos, em maior número (e tamanho) do que os retornos negativos. Por exemplo, no primeiro quadrimestre de 2017, os retornos positivos da DCR foram absolutamente maiores que os retornos negativos.
O retorno acumulados da DCR comparada ao do BTC ao longo de 2017 impressiona:
Durante o ano, o valor de face de uma unidade da Decred aumentou em torno de 100x enquanto o Bitcoin aumento em torno de 10x.
Piores Momentos
Na tabela e gráficos abaixo, podemos ver os 5 piores drawdowns da moeda no decorrer do ano. Fica claro que os eventos ocorridos a partir do segundo semestre de 2017 impactaram a cotação da DCR (na verdade de todo o universo das altcoins), sendo este o maior período de em que a cotação da moeda não “renovou máximas”.
Numericamente, os 8 piores períodos da DCR em 2017 foram:
Em resumo, os holders amargaram valores abaixo do máximo histórico durante 112 dias seguidos no pior drawdown do ano. Em 5 das 8 fases negativas da moeda, os valores foram reestabelecidos em torno de 10 dias.
Resultados
A seguir, tabulados, resultados das duas moedas em números. No decorrer de 2017, embora o BTC tenha performado impressionantemente bem no quesito retorno, a Decred ainda performou melhor (20.076,0% contra 1.460,7% até o dia 27/12/2017).
Para os indicadores a seguir, a taxa livre de risco, que funciona como o ativo de menor volatilidade usado para avaliar um investimento, foi a taxa de retorno do Dólar Americano contra o Real.
Os diversos indicadores acima são utilizados conforme o gosto do investidor, e mensuram risco, retorno e o apelo de um investimento. Por exemplo, de acordo com a teoria clássica, o fato de que o risco observado na Decred foi consideravelmente maior do que o observado no BTC (volatilidade de 179.5% contra 79.4% do BTC) remunerou os investidores com retornos consideravelmente maiores.
Avaliando o valor em risco de ambas as moedas, o holder de DCR correu, diariamente, o risco de ter seu patrimônio reduzido em 20.6% enquanto no BTC este foi -9.1%. O Índice de Sharp avalia que o Bitcoin foi um investimento praticamente igual a Decred em virtude desse menor risco. Já o Índice de Calmar conclui que as máximas variações nominais de preço da Decred foram compensados com retornos muito maiores do que os do Bitcoin no mesmo período, e portanto, DCR foi melhor.
Tickets: um caso a parte
O sistema de tickets da Decred merece uma análise a parte. Sendo a mineração POS um mecanismo vital para o funcionamento da moeda, os desenvolvedores criaram um sistema de tickets como um incentivo financeiro para os investidores. Este mecanismo pode ser comparado a um consórcioclássico: o investidor compra um ticket e passa a concorrer ao “prêmio”, que depende de sorteio num determinado tempo. Durante este período, o valor do seu ticket fica “bloqueado” até ser sorteado ou até um tempo limite de “maturação” (em torno de 142 dias). Caso o ticket seja sorteado o investidor tem o valor total do ticket desbloqueado acrescido do “prêmio”. Se neste período o ticket não foi sorteado, ele é retornado e é descontada uma taxa de transação da operação
(As estatísticas e resultados dos tickets foram construídas com dados disponíveis até 06-Nov-2017, fornecidos pela pool brasileira).
Preços dos Tickets
Os preços são variáveis, dependendo da procura e cresceram exponencialmente no primeiro semestre de 2017 com alta volatilidade.
Observa-se que a partir de Julho os preços ficaram mais estáveiscom uma mudança na metodologia de precificação de tickets. A nova politica foi votada pela comunidade e aprovada através de um Decred Change Proposal, (o DCP-0001) .
Prêmios dos Tickets
O prêmio de um ticket também varia com o tempo. O prêmio liquido médio diário teve a seguinte evolução, em Reais, no decorrer de 2017. Por prêmio liquido aqui temos que ele foi descontado de taxa de transação e não foi considerada a taxa da pool. No caso da pool brasileira ela é de 5% sobre o prêmio do ticket.
Observa-se que os prêmios praticados tem se mantido constantes desde a aprovação da politica, e que Até Junho-2017 eles apresentavam maior variação ao longo do mês.
Retornos dos Tickets
Diretamente ligados aos preços e aos prêmios dos tickets, abaixo, a evolução dos retornos obtidos ao longo de 2017. Os retornos vinham caindo na proporção em que o preço dos tickets subia a uma taxa maior que os prêmios. A partir de Julho a volatilidade dos retornos foi drasticamente reduzida, mas as médias dos retornos, no 1º e 2º semestres de 2017 permanecem bem próximas: 1,82% contra 2,03%.
Outro ponto interessante é que, de Agosto a Novembro, meses do maior drawdown do ano, os tickets remuneraram os holders algo em torno de 2% ao mês. Este retorno foi superior ao obtido nos meses de Maio a Junho por exemplo. Os valores médios mensais dos tickets, prêmios e retornos ao longo de 2017 podem ser vistos abaixo
O sombreado na tabela acima demarca os novos patamares de preços, retornos e rentabilidades apos a implementação da nova política.
Retornos Simulados
Dado que o processo de remuneração dos tickets depende de um sorteio, só é possivel estimar os retornos acumulados através de simulações.
De acordo com a documentação:
“The chance of a ticket voting is based on a Poisson distribution with a mean of 28 days. After 28 days a ticket has a 50% chance to have already voted.”
Sendo assim, foram simulados sorteios e calculados os retornos para seguidos reinvestimentos ao longo de um ano na pool brasileira. Considerou-se que, após comprar seu primeiro ticket em 01-Jan-2017, um investidor recompraria outro ticket imediatamente em seguida ao ter sido sorteado ou ter seu dinheiro devolvido, de maneira recorrente até o final do ano.
Como o preço dos tickets aumentou no decorrer de 2017, faz-se necessária uma suposição adicional: a de que, no momento da recompra, caso o preço tivesse subido, a diferença seria completada, ocorrendo portanto um aporte de dinheiro que impacta na rentabilidade final. Estes “pequenos” aportes adicionais para completar o preço do ticket são mais necessários ao longo do primeiro semestre de 2017 quando os preços aumentaram e oscilavam mais, e torna-se menos problemático no segundo semestre.
Se por um lado a suposição anterior impacta a rentabilidade positivamente, por outro, supor que recompras são feitas imediatamente após os sorteios a despeito do preço tem um impacto negativo nos retornos. Resultados melhores poderiam ser obtidos uma vez que as pools divulgam estimativas do preço futuro dos tickets, informação que o investidor mais atento pode utilizar para fazer compras mais balizadas.
Finalmente, a distribuição de retornos de 500.000 simulações de sorteios com reinvestimento ao longo do ano são mostrados no gráfico a seguir:
O retorno médio obtido através do processo foi de 26.79%. Os holders mais afortunados obteriam rentabilidade acumulada de 34.1% e os menos sortudos de 20.8%.
Importante lembrar, esta é rentabilidade obtida além da valorização da moeda.
Considerações Finais
Participar do projeto Decred foi incrível durante todo 2017 e o projeto ainda promete mais. O Roadmap inclui, para 2018, inovações na parte da segurança da moeda, privacidade ‘inédita’, wallet para dispositivos móveis, o projeto Politeia que utilizará fundos da Decred em projetos sugeridos e votados pela comunidade, o projeto DAO, Atomic Swaps, mineração em Asics, Integração com a Lightning Network (Que já é suportada pela DCR) e outros pontos técnicos que certamente refletirão no valor nominal da moeda! No mais, em 2017 os números falam por si, e não sem razão.
Por Jesse Americo – Medium