Imagem da matéria: David Lawant: brasileiro lidera setor de pesquisas de uma das maiores gestoras de cripto do mundo
Foto: Divulgação

Na terceira reportagem de brasileiros que estão inovando na indústria de criptomoedas no exterior, o Portal do Bitcoin conversa com David Lawant, o paulista que atualmente mora em Palo Alto, na Califórnia (EUA). Por lá, ele trabalha como chefe de pesquisas em uma das maiores gestoras de criptomoedas do mundo, a Bitwise.

Desde janeiro de 2020, o brasileiro de 41 anos produz pesquisas sobre o desempenho das criptomoedas para a empresa que atualmente gesta mais de US$ 1,3 bilhão em fundos de criptomoedas.

Publicidade

Aliás, uma das tarefas mais difíceis de Lawant lá fora é atrair para o mercado cripto investidores institucionais altamente qualificados e que entendem de dinheiro, com números que explicam com clareza por que se expor as criptomoedas é uma boa ideia.

Antes de se mudar para os EUA para liderar a equipe de pesquisa da Bitwise e entrar com tudo no universo dos criptoativos, o brasileiro acumulou mais de 15 anos de experiência no mercado financeiro tradicional. 

Assim que se formou em engenharia elétrica na PUC de São Paulo em 2004, Lawant logo entrou no Unibanco para trabalhar como analista de valores mobiliários. Ele continuou na área de equity research nos anos seguintes quando foi trabalhar em outros bancos de renome como o J.P. Morgan e, posteriormente, no Itaú BBA. 

“Nessa época, eu basicamente produzia pesquisas com recomendação de empresas, mas também atuei em alguns processos de IPO e outros tipos de ofertas de ações”, explicou à reportagem.

Publicidade

Ele também foi um dos fundadores da empresa de investimentos Iron Capital em 2015, mas no ano seguinte, deu uma pausa na vida profissional para focar nos estudos. Em 2016 se mudou para Palo Alto para fazer um MBA (mestrado em negócios) na Universidade de Stanford e, desde então, mora nos arredores da popular região do Vale do Silício com sua esposa e duas filhas.

Primeiro contato com o bitcoin

Embora hoje as criptomoedas estejam no centro da vida profissional de David Lawant, ele admite que não conseguiu enxergar o potencial transformador do bitcoin quando ouviu falar dele pela primeira vez em meados de 2014. Naquele época, ele se interessava por investimentos em ouro e o bitcoin começava a ser visto como a versão digital do metal precioso.

“Era muito cético, como a maioria das pessoas são no começo”, confessa. “Dentro dos círculos de investidores de ouro começou a se popularizar essa ideia de escassez do bitcoin, mas no começo eu não achava que o ativo tinha esse potencial. Mas ao longo dos dois anos seguintes, esse negócio foi crescendo dentro de mim até que em 2016 eu já estava totalmente interessado na indústria a ponto de me mudar para os EUA e fazer essa mudança de carreira”, explica.

Quando saiu do Brasil, Lawant já estava imerso nas criptomoedas e direcionou os estudos para a área: “O mestrado era bem flexível, eu conseguia escolher as matérias que queria fazer e montar meu próprio projeto baseado nos criptoativos”.

Publicidade

Quando finalizou o mestrado, Lawant optou por continuar nos EUA ao invés de voltar para o Brasil e, de lá, ele voltou para o mercado de trabalho atuando como parceiro e chefe de pesquisa da Hashdex, a gestora brasileira responsável por lançar o primeiro ETF de criptomoedas do país.

A passagem pela empresa durou menos de um ano e logo em seguida, ele foi chamado para trabalhar na Bitwise, uma gestora americana que opera índices que representam o mercado cripto. O brasileiro explica que a empresa tem hoje cerca de dez fundos que dão exposições diferentes para o cliente escolher. Por exemplo, existe o índice de large cap, composto pelos maiores ativos do setor, outro que representa apenas criptomoedas baseadas em DeFi, e assim por diante.

Além de produzir pesquisas sobre o desempenho das criptomoedas, Lawant também ajuda nas estruturas e composições dos índices. “Estamos sempre olhando qual ativo deve entrar, qual deve sair, se faz sentido alguma melhoria nas nossas metodologias e a manutenção dessa tecnologia”, acrescenta.

Um olhar sobre o mercado brasileiro de criptomoedas

Há quase dois anos pesquisando sobre criptoativos na Bitwase, David Lawant não pensa em uma mudança de carreira tão cedo, mas não descarta a possibilidade de voltar para o Brasil no futuro. 

Na visão dele, o mercado brasileiro de criptomoedas está evoluindo e aos poucos diminuindo a distância que mantinha até então de outras jurisdições com mercados mais maduros.

Publicidade

“O Brasil estava muito atrasado no mercado de cripto, mas acho que esse gap vem fechando porque tem iniciativas interessantes de empresas nacionais ao mesmo tempo que as estrangeiras começam a abrir operação no país e trazer know-how de fora”.

Ele ressalta ainda que o Brasil é capaz de sair na frente de outros países em alguns pontos, como no lançamento de um ETF vinculado ao bitcoin. Se por aqui o $HASH11 foi listado na B3 em abril, o $BITO estreou na bolsa de Nova York seis meses depois, em 19 de outubro.

Por já trabalhar neste segmento do mercado cripto, Lawant enxerga nos investimentos por índices um caminho pelo qual o bitcoin tem grande chances de atrair os investidores mais tradicionais que ainda estão resistentes em incluir as criptomoedas em seus portfólios.

“A maioria dos investidores de peso veem mais sentido em ter uma exposição em criptomoeda via índice do que ficar caçando ativos específicos. Mas é claro, a gente olha para o mercado. Eu sou super animado com bitcoin, gosto muito e acho que o ativo ainda não é entendido o suficiente”.

O analista brasileiro explica que quando a barreira do bitcoin é ultrapassada, os institucionais se mostram abertos em entender o que mais o mercado cripto pode oferecer: “Tem coisas interessantes acontecendo no ecossistema do Ethereum como um todo. Estamos muito atentos a parte de DeFi e NFT, mas também as soluções de segunda camada que estão surgindo para competir com o Ethereum”. 

Embora o bitcoin continue na liderança dando a base para setor, “o mercado tradicional está começando a entender essa evolução tecnológica como um todo, mas ainda estamos apenas no começo”, conclui Lawant.

VOCÊ PODE GOSTAR
Logo da SEC dos EUA

Gary Gensler está deixando a SEC, mas executivo da Robinhood não quer o cargo

Diretor jurídico da Robinhood, Dan Gallagher, não está interessado em assumir o cargo de próximo presidente da SEC
Imagem da matéria: Manhã Cripto: Bitcoin bate recorde de US$ 99,4 mil e se aproxima dos US$ 100 mil 

Manhã Cripto: Bitcoin bate recorde de US$ 99,4 mil e se aproxima dos US$ 100 mil 

Além do Bitcoin, Solana também disparou e atingiu um novo recorde histórico de US$ 262
Brian Brooks posa para foto

Hedera (HBAR) dispara 29% com rumores de que Brian Brooks é cogitado para assumir SEC

O token HBAR disparou dois dígitos devido aos rumores de que o membro do conselho da Fundação Hedera, Brian Brooks, foi cogitado para suceder Gary Gensler na SEC
Imagem da matéria: Criador do Polymarket sofre batida do FBI após vitória de Trump

Criador do Polymarket sofre batida do FBI após vitória de Trump

O Polymarket diz que o fundador e CEO Shayne Coplan foi alvo de “retaliação política” depois que agentes do FBI supostamente invadiram seu apartamento