Entusiastas cubanos das criptomoedas se uniram para captar doações em ativos digitais para seus compatriotas, que, desde a semana passada, estão espalhados pelas ruas do país em protestos contra a ditatura e as falhas no combate à pandemia do novo coronavírus.
Dois dos participantes são o youtuber cubano Frank el Makina e o entusiasta das criptomoedas Erich Garcia Cruz, integrante das plataformas QvaPay e BitRemesas, que permitem o envio de ativos digitais para a nação comunista. Também há uma empresária do município de Matanzas.
Nas redes sociais, movimentos para ajudar a população da ilha caribenha são marcados com as hashtags #SOSCuba e #SOSMatanzas.
“Somos apenas cubanos tentando ajudar por meio das criptomoedas alguns compatriotas necessitados”, disse Cruz em um vídeo publicado em seu canal no YouTube, por meio do qual vem ensinando as pessoas sobre bitcoin e altcoins.
As transferências em cripto podem ser feitas para uma conta criada por Cruz no QvaPay. Até agora, cerca de US$ 2 mil foram doados, conforme informações públicas disponibilizadas na plataforma. Assim que os ativos são enviados, eles são trocados no mercado negro por pesos cubanos.
Os cidadãos do país utilizam os recursos para comprar alimentos, roupas e remédios, não para financiar os protestos, segundo Cruz.
Há cinco dias, no entanto, nenhuma doação é feita. Em seu perfil no Twitter, Cruz citou que por lá há falhas na internet, o que atrapalha o processo. Por causa do início dos protestos, o governo tem restringido o sinal, bem como o acesso às redes sociais.
Fintechs internacionais de criptomoedas também se envolveram na causa. Uma delas é a Slyk, que permite o envio de doações por meio do PayPal.
“Apoie o povo cubano nesta hora difícil de crise econômica e de saúde. Doe o que puder para contribuir com a compra de medicamentos, alimentos e suprimentos de saúde para as áreas mais afetadas pelo COVID-19”.
O que está acontecendo em Cuba?
Milhares de cidadãos cubanos estão nas ruas do país desde o dia 11 de julho. Eles marcham contra a falta de liberdades individuais, as falhas no combate à pandemia do novo coronavírus, o embargo dos Estados Unidos, a escassez de alimentos e outras pautas.
O levante — o maior desde os anos 60, segundo relatos em grupos e sites — é liderado por jovens, menos propensos a acreditar nos discursos pró-ditadura do governo, visto que têm mais acesso à internet e às redes sociais.
A mão pesada do Estado comunista, no entanto, não deixou barato. Polícias, conforme notícias em jornais e em redes sociais, vêm tentando conter as manifestações com violência. Uma pessoa morreu, segundo divulgou a agência de notícias cubana à imprensa.