Crise dos bancos promove “volta ao passado” das criptomoedas | Opinião

Para a autora, fechamento de bancos reverte corrida do Bitcoin para stablecoins e relembra cenário que deu origem à maior criptomoeda
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Nesta crise do Silicon Valley Bank (SVB), parece que estamos revertendo um cenário de meses atrás no mercado de criptomoedas. Em meados do ano passado, a maioria dos investidores convertia seus Bitcoins em USDC – uma criptomoeda atrelada ao valor do dólar americano – e outras stablecoins, como forma de se proteger da queda do Bitcoin depois da sua máxima histórica, no final de 2021.

Na última semana, as pessoas passaram a procurar com mais entusiasmo alternativas não bancárias, convertendo o USDC de volta ao Bitcoin, já que a stablecoin perdeu a paridade com o dólar após o colapso dos bancos.

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Esse temor com relação ao futuro do setor bancário está se repetindo. É parecido com o que vimos em 2009, durante a criação do Bitcoin. Após a crise dos subprimes, a ideia de uma moeda desatrelada ao sistema bancário tornou-se mais atrativa.

Agora, novamente, as criptomoedas aparecem como uma possibilidade para o investidor que tem dúvidas sobre a solidez do sistema bancário.

Com o BC americano, o Fed, indicando a possibilidade de não aumentar os juros, como antes programado, os investidores estão se sentindo mais otimistas. Diante da hipótese de estabilidade ou mesmo de queda da taxa básica nos EUA, investimentos em renda variável, como as criptomoedas, são favorecidos.

A Binance também anunciou que estava convertendo um fundo de stablecoins com bilhões de dólares de volta ao Bitcoin, o que deve colaborar para o reaquecimento do mercado.

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Crise bancária

O banco Signature sofreu a terceira maior ruptura na história dos EUA após uma crise relâmpago. Na sexta-feira, dia 10, após o colapso do SVB, o montante de depósitos relacionados a empresas cripto no banco era equivalente a US$16,5 bilhões, 15% do total ativo do banco.

Por permitir saque em poucos minutos, parte desses ativos cripto foi resgatada pelos investidores em pouco tempo. Além disso, a baixa exposição do Signature ao mercado cripto impede uma comparação do colapso do banco com o caso Silvergate, este, predominantemente financiado por cripto.

Quando comunicou ao mercado sua situação, o Signature alegou problemas em ativos diversificados que somavam mais de US$ 100 bilhões. Mais de 80% disso foi originada por escritórios de advocacia e contabilidade, iniciativas na área de saúde e negócios imobiliários.

Dessa maneira, a falência do Signature não gerará grande impacto sobre o mercado cripto. As criptomoedas, inclusive, podem se fortalecer nesse momento de desconfiança com relação ao setor bancário tradicional.

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As empresas do setor cripto devem encontrar mais dificuldades para ter qualquer relacionamento com os bancos, não apenas como fontes de financiamento, mas até mesmo para operacionalização de contas correntes e pagamento de despesas comuns. Porém, vale reforçar, isso não deve afetar negativamente os investidores.

Sobre a autora

Isabela Rossa é country manager da CoinCloud no Brasil