logo da wordcoin WLD em celular
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A criptomoeda Worldcoin (WLD) foi lançada nesta segunda-feira (24), mas Vitalik Buterin, criador do Ethereum (ETH), identificou quatro “grandes riscos” no design do projeto, que já recebeu milhões de dólares em rodadas de investimentos.

Fundada por Sam Altman, o CEO da OpenAI, empresa por trás do ChatGPT, o Worldcoin está oferecendo um “passaporte digital” que permite aos proprietários provarem que são humanos e não um bot. Isso é alcançado por meio do uso de Orbs, máquinas que escaneiam o globo ocular de uma pessoa para criar um “World ID” (um sistema próprio de identificação mundial).

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Em uma longa nova postagem em seu blog, Vitalik argumenta que um sistema de proof-of-personhood (prova de personalidade) eficaz, como o Worldcoin, “parece muito valioso”, mas alerta que há grandes riscos na corrida para desenvolver um.

A primeira preocupação do cofundador do Ethereum está relacionada à privacidade — e ao ato de escanear a íris de alguém. Buterin teme que isso possa capturar muito mais dados do que aparenta, incluindo o sexo de uma pessoa, etnia e até mesmo certas condições médicas.

Mas, na opinião de Buterin, o risco menos teórico do Worldcoin e seu sistema de World ID está na acessibilidade.

Os números mais recentes do Worldcoin sugerem que 1.500 Orbs estarão disponíveis em 35 cidades globais ao longo do ano — fazendo com que o número total de registros semanais possa aumentar de 40 mil pessoas por semana para 200 mil.

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No geral, estima-se que dois milhões de usuários já se inscreveram para um World ID.

Sugerindo que as inscrições podem se estabilizar rapidamente, Buterin escreveu: “Embora existam bilhões de smartphones, existem apenas algumas centenas de Orbs.” E que estão majoritariamente localizados em grandes áreas urbanas — limitando o acesso para pessoas de áreas rurais ou cidades menores e mais afastadas.

Caso os Orbs realmente se espalhem efetivamente, o criador do Ethereum acredita que as dores de cabeça não parariam por aqui. Ele apontou não haver nada que impeça um governo de proibir Orbs em seu país — ou usar essa tecnologia para coagir os cidadãos, com exigências autoritárias para seu acesso.

A terceira preocupação de Vitalik Buterin está relacionada à centralização. Considerando o fato do projeto ser centralizado em uma empresa, que garante autorizações para outras empresas centralizadas poderem participar do sistema.

Em seu blog, ele aponta que Orbs são dispositivos de hardware centralizados, onde backdoors podem ser instalados no sistema, permitindo que fabricantes mal-intencionados criem muitas identidades humanas falsas.

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“Se apenas um fabricante de Orb for malicioso ou hackeado, ele pode gerar um número ilimitado de hashes falsos de escaneamento de íris e fornecer a eles World IDs”, alertou Buterin.

Enquanto o Worldcoin promete realizar auditorias regulares em Orbs para garantir que sejam construídos corretamente, Buterin está pedindo que o projeto garanta que os World IDs gerados com diferentes fabricantes sejam distinguíveis uns dos outros.

Ele acredita que isso pode eliminar atividades maliciosas, acrescentando: “Se virmos o governo norte-coreano forçando as pessoas a escanear seus globos oculares, esses Orbs e quaisquer contas produzidas por eles poderiam ser imediatamente desativados retroativamente”.

No Brasil, a empresa MaacHub já possui uma Orb em seu endereço na capital de São Paulo, próximo à Avenida Paulista, realizando ativações de novos usuários.

Orb da Worldcoin localizado em São Paulo, SP, Brasil (MaacHub)
Orb da Worldcoin localizado em São Paulo, Brasil (Foto: MaacHub)

Por fim, Buterin alertou sobre a segurança — mas enfatizou que isso afeta todos os sistemas de proof-of-personhood e não apenas o Worldcoin.

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Ele acredita que uma “quantidade ilimitada de identidades” pode ser gerada se os Orbs aprovarem erroneamente as íris de fotografias geradas por inteligência artificial ou impressões 3D de pessoas falsas. Também existe o perigo de alguém vender ou alugar seu World ID para outra pessoa — ou perdê-lo após ter um smartphone hackeado.

Buterin argumenta que, embora possa haver algumas soluções para todas as suas preocupações, o Worldcoin pode precisar se unir a outros projetos de prova de personalidade que pontuam mais em descentralização, acessibilidade e proteção contra usuários falsos.

Empresários da indústria cripto também fazem críticas ao Worldcoin

Vitalik Buterin não foi a única figura pública da indústria de criptomoedas a tecer críticas contra ao Worldcoin e seu sistema de verificação de identidade de pessoas.

Marc Zeller, fundador da Iniciativa Aavechan — relacionada ao protocolo Aave (AAVE) do qual ele também atua como fornecedor de serviços descentralizados — chamou a nova moeda de “praga”. Ele afirmou que irá ativamente excluir endereços que “a tocarem” de seus serviços.

https://twitter.com/lemiscate/status/1683399505880793088

Ki Young Ju, criador e analista da CryptoQuant, plataforma de análise on-chain, fez um comentário sarcástico sobre o sistema de escaneamento de íris do projeto.

“Worldcoin: Vou escanear a íris de todos no mundo, exceto para pessoas nos EUA, porque eles sabem que isso é ilegal!”, disse o empresário aos seus mais de 300 mil seguidores no Twitter.

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O Worldcoin lançou seu token WLD na manhã desta segunda-feira. O preço do WLD subiu 88% após listagens em várias exchanges, incluindo Binance, Bybit, OKX e Huobi. Na semana passada, o Worldcoin concluiu sua migração para a OP Mainnet, uma solução de dimensionamento da segunda camada do Ethereum.

*A primeira parte desta matéria foi traduzida e adaptada com autorização do Decrypt.

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