Criador da Celsius some após travar US$ 12 bilhões de clientes e derrubar o preço do bitcoin

Já faz mais de uma semana que Alex Mashinsky não dá as caras nas redes sociais, um sumiço pouco usual para quem era um ávido usuário do Twitter
Alex Mashinsky

Foto: divulgação / Celsius

Já faz mais de uma semana que Alex Mashinsky – o criador do derretido projeto Celsius – não dá as caras nas redes sociais, um sumiço pouco usual, levando em conta que até pouco tempo atrás ele era um ávido usuário do Twitter, que interagia com seguidores e tinha discussões acaloradas com críticos.

Mas agora parece que Mashinsky perdeu a motivação para até mesmo um bate-boca, devido à crise de liquidez que afeta o mercado cripto e que, em partes, é culpa do próprio CEO da Celsius. Afinal, a decisão da sua empresa de empréstimos de criptomoedas de travar os saques – um bloqueio que caminha para a sua segunda semana – não afetou apenas os clientes da plataforma mas todo mercado cripto — até mesmo o preço do bitcoin foi atingido.

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A ação da Celsius causou um efeito cascata no mercado à medida que o temor dos investidores crescia e os levava a tirar suas criptomoedas mantidas em outras empresas do setor, resultando numa crise de liquidez que atingiu nomes como Three Arrows Capital, Babel Finance, Voyager, Finblox, entre outros.

Esses últimos eventos, no entanto, Alex Mashinsky assistiu calado. Sua última aparição pública foi um vídeo de 13 segundos publicado no YouTube da Celsius no qual avisa os clientes que seriam interrompidas as lives que fazia toda a semana para responder perguntas da comunidade.

“Enquanto enfrentamos alguns desafios muito difíceis, estaremos pausando os AMAs por enquanto para que a Celsius possa se concentrar neste trabalho muito importante para a comunidade”, diz a curta mensagem. 

Celsius - June 17, 2022

Já a última vez que Mashinsky se manifestou nas redes sociais foi no dia 15 de junho, quando ele deu a entender que sua abstenção estava relacionada ao trabalho.

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“A equipe Celsius está trabalhando sem parar. Estamos focados em suas preocupações e gratos por ter ouvido tanto de vocês. Ver vocês se unindo é um sinal claro de que nossa comunidade é a mais forte do mundo. Este é um momento difícil; sua paciência e apoio significam o mundo para nós”, tuitou Mashinsky direcionando a mensagem aos Celsians – como são conhecidos os clientes da empresa.

https://twitter.com/Mashinsky/status/1537147449088872449

A união dos usuários afetados pela Celsius, elogiada pelo empresário, pode não gerar o resultado que ele espera — grupos de clientes já organizam ações coletivas para tentar forçar a Celsius a liberar os saques.

A empresa fazia a custódia de cerca de US$ 12 bilhões em ativos em 17 de maio, conforme informava seu site na época. Em dezembro do ano passado, a Celsius chegou a ter mais de US$ 24 bilhões em criptomoedas armazenadas na sua plataforma de pessoas ao redor do mundo.

Celsius pede paciência

No último domingo (19), quando completou uma semana de saques bloqueados, a Celsius publicou uma nota em seu blog pedindo paciência para os clientes. “Esse processo levará tempo”, afirmou a empresa que garantiu que seu objetivo continua sendo “estabilizar a liquidez e operações”.

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A Celsius alegou que está mantendo “um diálogo aberto com reguladores e autoridades” e que visa “encontrar uma solução” para o atual problema que enfrenta.

Enquanto isso, BnkToTheFuture, a principal investidora da Celsius, ofereceu ajudar a empresa ao implementar uma “inovação financeira”, similar à que utilizou para salvar a corretora cripto Bitfinex.

Outras empresas que enfrentam situações similares também estão recorrendo ao apoio de parceiros. A credora cripto BlockFi garantiu uma linha de crédito rotativo de US$ 250 milhões com a corretora FTX de Sam Bankman-Fried.

Na segunda-feira, Bankman-Fried disse que a corretora de criptomoedas possui uma “responsabilidade” de socorrer empresas que enfrentam dificuldades durante esse implacável mercado de baixa. Nesta quinta-feira (23), foi a vez da Binance tomar um posicionamento parecido.