Corretoras brasileiras decidem não suspender negociação de XRP

Empresas estão acompanhando posicionamento da Comissão de Valores Mobiliários
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Foto: Shutterstock

Por causa do processo movido pela Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) contra a Ripple, diversas exchanges internacionais, como a Coinbase, deixaram de negociar o XRP, que desde a semana passada desvalorizou quase 60%, segundo dados do CoinMarketCap.

No Brasil, por outro lado, as corretoras brasileiras decidiram aguardar o andamento do processo antes de tomar qualquer atitude semelhante. A exchange Coinext, com sede em Belo Horizonte (MG), informou que não vai retirar a criptomoeda da plataforma por enquanto, “pois a medida da SEC vale apenas para residentes dos Estados Unidos”.

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A empresa disse, no entanto, que acompanha a situação da Ripple e aguarda um posicionamento da Comissão de Valores Mobiliários do Brasil (CVM) sobre o caso.

“Além do pronunciamento da CMV estamos aguardando os desfechos dessa história. Caso tenhamos que desligar a listagem da Ripple, nós vamos avisar com a devida antecedência, limitaremos os depósitos e negociações, mas deixaremos os saques da moeda absolutamente disponíveis”, informou em nota.

A CVM foi procurada pelo Portal do Bitcoin, mas não respondeu até o fechamento desta reportagem.

Corretoras brasileiras

O Mercado Bitcoin, maior exchange do Brasil, com sede em São Paulo (SP), informou que está acompanhando o episódio com atenção e, por ora, também continua negociando XRP.

A corretora informou que em novembro registrou 1,472 milhão de operações, o que somou R$ 1,01 bilhão, o maior volume desde o final de 2017. No mês passado, foram 401.092 operações de XRP, o que representou 31,25% do volume total, de acordo com a empresa.

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A Braziliex, também em São Paulo (SP), informou que se o XRP for reconhecido no Brasil como um valor mobiliário, assim como pode ocorrer nos Estados Unidos após o trâmite do processo da SEC, a Braziliex deixará de negociar o criptoativo.

Atualmente, a exchange negocia em torno de R$ 50 milhões em criptomoedas por mês, sendo que o XRP representa menos de 3% desse volume.

João Canhada, da Foxbit, em São Paulo, informou que está acompanhando desenrolar da história e que, por enquanto, as negociações de XRP serão mantidas na plataforma . “O que a SEC fez foi iniciar um processo e a Ripple vai se defender. Há vários finais possíveis para a ação, como a empresa ser declarada inocente, pagar uma multa ou mesmo fazer um acordo”.

Canhada disse ainda que é importante que os reguladores de países busquem soluções amigáveis e diálogo com empreendedores antes de qualquer ação formal, pois milhares de pequenos investidores podem ser afetados.

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Entre novembro e dezembro de 2020, a empresário afirmou que a Foxbit negociou R$ 500 milhões de criptomoedas. No ano todo, o volume foi de R$ 3 bilhões, disse. O XRP, ainda segundo ele, representa 5% do total negociado.

A Binance, maior corretora do mundo, foi procurada, mas preferiu não se posicionar sobre o assunto. NovaDax e BitcoinTrade, que também negociam XRP, não se manifestaram até a publicação desta reportagem.

Gestora brasileira removeu XRP

Diferente das exchanges, a gestora brasileira Hashdex decidiu retirar o XRP de seu índice, o HDAI. Em nota divulgada na quinta-feira (24), a empresa disse que acredita que a posição da SEC deve prevalecer. O XRP representa cerca 2,5% do portfólio do fundo máster da gestora.

“Com isso, nossos fundos Voyager, Explorer e Discovery não mais terão exposição indireta a tal ativo. Isso não representa um risco de impacto significativo no valor das cotas dos fundos brasileiros, dada a limitação da representatividade do XRP em seus portfolios”, informou.

Adeus, XRP

Até a tarde desta terça-feira (29), pelo menos cinco corretoras internacionais deixaram de negociar o XRP. As primeiras a anunciar a suspensão da negociação da cripto, no dia 23 de dezembro, foram as exchanges CrossTower, Beaxy e OSL. No mesmo dia o fundo de investimentos Bitwise liquidou suas posições de Ripple.

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No sábado (26), a Bitstamp também anunciou a paralisação da negociação, fazendo o XRP cair 20% naquele dia. Já na segunda-feira (28) foi a vez da OKCoin remover o ativo, o que gerou uma queda de 6%. Por fim, ontem a Coinbase também anunciou a remoção do Ripple. Na manhã desta terça-feira (29), a moeda caiu abaixo de US$ 0,2 .

Sobre o processo da SEC

A SEC anunciou na terça-feira (22) que entrou com um processo contra a Ripple. De acordo com o regulador norte-americano, a empresa e seus executivos teriam levantado US$ 1,3 bilhão em vendas de títulos não registrados.

Logo após o anúncio, o CEO da Ripple, Brad Garlinghouse, fez críticas à SEC e ao então presidente do órgão, Jay Clayton, que deixou o cargo na semana passada. “A Sec escolheu atacar as criptomoedas”, disse ele. “Jay Clayton, em seu ato final, está escolhendo vencedores e tentando limitar a inovação americana no mercado de criptomoedas ao BTC e ETH”, completou.

A SBI Holdings, instituição financeira que administra o conglomerado SBI Group do Japão, saiu em defesa da Ripple e disse que a criptomoeda não é um valor mobiliário.

Volume negociado

Os brasileiros negociaram R$ 25 bilhões de XRP esse agosto de 2019 e outubro de 2020, segundo dados publicados pela Receita Federal. O montante representa 25% de todas as criptomoedas negociadas no país no período.

De acordo com dados do CoinMarketCap, a XRP é a quarta cripto mais negociada em todo o mundo, perdendo apenas para bitcoin, ethereum e tether. O volume de negociação do ativo é de US$ 10,5 bilhões.