Corretora estrangeira de criptomoedas demite quase toda a equipe no Brasil

Após a demissão em massa, as operações da exchange Bit2Me no Brasil serão comandadas pelo time da Espanha
fila de funcionarios demitidos com caixas na mão

Shutterstock

No final de abril, a corretora de criptomoedas espanhola Bit2Me anunciava a sua chegada ao Brasil. Cinco meses depois, os planos da empresa no país parecem ter ido por água abaixo, com a demissão de praticamente todos os funcionários da operação brasileira.

Quem deu a notícia foi Ricardo da Ros, o então country manager da Bit2Me no Brasil. Em uma publicação na terça-feira (20) no LinkedIn, o empresário revelou que a maior parte da equipe da Bit2Me no Brasil foi dispensada à medida que a empresa não conseguiu superar os desafios impostos pela crise no universo das criptomoedas.

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“Depois de liderar uma equipe de 30 talentosos profissionais no Brasil na Bit2Me, os ventos frios bateram e tivemos que dispensar praticamente todo o time. Não foi agradável, especialmente porque tudo estava indo muito bem”, diz sua publicação.

Em conversa com o Portal do Bitcoinnesta quarta-feira (21), Ros revelou que também deixou a direção da exchange. 

“Saí da empresa com boas relações. Sou fã da Bit2Me, os sócios e executivos são muito corretos e a empresa irá crescer no Brasil eventualmente”, disse o empresário. 

Bit2Me segue operando no Brasil

Após os cortes, a corretora ficou com apenas um ou dois funcionários no Brasil. Segundo Ros, as operações da exchange por aqui vão continuar, mas serão comandadas pela equipe da Espanha.

O empresário explica que a atual situação da Bit2Me no Brasil representa um “reajuste operacional devido às condições de mercado”, causado pela queda nas receitas que se intensificou com a falta de interesse dos investidores. 

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Para ele, a diminuição da confiança no mercado cripto neste momento “é normal e faz parte do ciclo”, e afeta também outras empresas do setor.

Frente ao chamado inverno cripto, muitas exchanges foram forçadas a demitir funcionários ao longo do ano para continuarem vivas em meio à incerteza de quanto tempo o atual ciclo de baixa das criptomoedas vai durar.

Crise chega à Bit2Me 

Até pouco tempo atrás, a Bit2Me dava a entender que poderia passar pelo inverno cripto com tranquilidade. O CEO da exchange espanhola, Leif Ferreira, disse em julho que iria contratar mais 250 profissionais nos próximos meses, dobrando seu quadro de funcionários. Ele também revelou que a empresa tinha planos de fazer três aquisições para se expandir na América Latina.

Como visto nesta semana, no entanto, a Bit2Me não conseguiu cumprir as promessas, pelo menos no Brasil. Mesmo assim, Ricardo da Ros elogiou o trabalho feito por sua equipe no curto intervalo de tempo.

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“Em apenas três meses e sem um produto no ar, conseguimos construir uma das maiores comunidades de criptomoedas online do Brasil e lançamos a marca com força total. Desejo sorte a Bit2Me!”, escreveu ele no LinkedIn.

Antes de entrar para a Bit2Me, Ros já ajudou outras empresas de fora, como Ripio e Crypto.com, a se estabelecer no Brasil. Talvez sua passagem de maior destaque tenha sido na Binance, a corretora que lidera as negociações no mercado cripto.

O empresário atuou como diretor da Binance no Brasil por seis meses, mas acabou pedindo demissão pelo o que chamou de “desalinhamento de expectativas”.

Ele contou para a reportagem que vai continuar atuando no meio cripto, e que está dialogando com algumas empresas internacionais que querem entrar no Brasil e América Latina.

“Apesar do mercado estar mais frio no momento, tem muitas empresas aproveitando a situação para expandir e construir. Estou buscando uma oportunidade interessante, porém sem pressa. Meu próximo passo com certeza será sólido, com o objetivo de ajudar no desenvolvimento do mercado cripto – que é o futuro do dinheiro no mundo”, concluiu.

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