Imagem da matéria: Corretora brasileira de bitcoin cancela conta de cliente usando mesma tática dos bancos
Foto: Shutterstock

Depois de terem contas encerradas por bancos, eis que uma corretora de criptomoedas passa a adotar a mesma tática com clientes e sob a mesma razão: desinteresse comercial.

A plataforma Braziliex encerrou no último dia 07 a conta do especialista em segurança de dados Leandro Trindade sob esse motivo, mesmo com a conta havendo fundos em criptomoedas.

Publicidade

Trindade, que atualmente é consultor de segurança da informação da aCCESS, contou ao Portal do Bitcoin que foi pego de surpresa quanto a essa decisão da Braziliex. 

“Eu estava há uns 6 meses sem usar a conta, aí mandei um depósito pra ela e quando fui usar, a conta tinha sumido do mapa”.

Braziliex encerrando a conta

No dia 07, entretanto, a plataforma que negocia criptomoedas havia enviado um e-mail ao cliente informando o cancelamento da conta. A Braziliex deu o prazo de 48h para que Trindade solicitasse o saque das criptomoedas que ainda existissem em sua conta. O prazo foi contado a partir do recebimento da notificação.

Em complemento, a empresa ainda informou ao cliente que caso o saque não fosse feito nesse período, seria cobrado dele uma taxa de custódia sobre 5% do valor das criptomoedas que permanecessem na conta. 

Publicidade

“Sua conta ficará liberada para saque durante 48 horas. Realize o saque o quanto antes. Ressalte-se caso, não sejam retirados os fundos no prazo estabelecido, a Braziliex iniciará a cobrança de taxa de custódia equivalente a 5% do valor custodiado, de acordo com item 16 dos termos de uso do site”.

Trindade efetuou o saque no mesmo dia da notificação. No entanto, na primeira tentativa ocorreu um pequeno problema de travamento, que foi solucionado logo após ele entrar em contato com o suporte da empresa.

Agindo como bancos

O termo “desinteresse comercial”, geralmente é aquele adotado por bancos quando eles não possuem mais a vontade de continuar o vínculo contratual com determinado cliente. O Banco Central autoriza essas instituições a tomar essa medida, desde que comunique o correntista em prazo de pelo menos 30 dias.

Ricardo Rozgrim, Ceo da Braziliex, no entanto, afirmou que o motivo “desinteresse comercial” seria não apenas um direito dos bancos, mas também de outras instituições para se rejeitar o que ele chamou de “clientes que possam representar riscos aos negócios”.

Publicidade

Rozgrim disse que a plataforma de criptomoedas não é obrigada a manter acesso de quem poderia causar qualquer tipo de problema.

“A empresa avaliou que esse usuário pode representar riscos à plataforma, sendo assim optamos por encerrar o atendimento. Temos o dever de proteger os interesses e recursos dos demais usuários”, afirmou.

Possível razão

Já Trindade, por outro lado, contou que isso tudo começou quando ele expôs os riscos de segurança que a plataforma passava e colocou a empresa no último lugar no ranking daquelas que atuam no setor de criptomoedas.

“Desde que eu avaliei a Braziliex em último lugar no ranking de segurança, a empresa não me vê com bons olhos”.

Rozgrim, no entanto, disse que causa estranhamento o interesse de Trindade querer manter sua conta junto “a plataforma sendo que ele mesmo avalia ela como extremamente insegura”.

Publicidade

O especialista em segurança de dados contou que apenas ofereceu um serviço gratuito apontando a falha crítica na plataforma para que ela fosse corrigida. Ele ainda afirmou que não entende a empresa apontar o mesmo tipo de argumento usado pelos bancos contra as empresas de criptomoedas e que era motivo de tanta reclamação do setor.

A Braziliex, que recentemente encerrou a conta desse cliente, já foi vítima de encerramento de contas por desinteresse comercial pelos bancos Bradesco, Banrisul, Itaú e Safra. A corretora chegou a entrar com ação contra o Bradesco, mas a Justiça no ano passado entendeu que a instituição bancária não é obrigada a manter contrato com seus clientes.

VOCÊ PODE GOSTAR
Senado, Congresso, Câmara dos Deputados, Brasília, Parlamento

PL quer exigir licença para traders e mineradores de criptomoedas no Brasil

Projeto de lei de deputado do PT aponta que lei das criptomoedas sancionada é insuficiente para regular todo o mercado cripto
Gabriel Galípolo - diretor do banco central

“Não é exatamente uma CBDC”, diz Galípolo sobre o Drex

Presidente do BC esclareceu diferenças entre Drex e CBDC, enfatizando avanços tecnológicos e melhorias na comunicação com a sociedade
carros da PF em rodovia

PF derruba pirâmide cripto que roubou R$ 50 milhões de 400 investidores

A PF cumpriu um mandado de prisão preventiva contra o principal sócio da empresa investigada; outros ainda estão sendo procurados
moeda de bitcoin com bandeira do brasil ao fundo (1)

Projeto de lei que quer criar reserva de Bitcoin no Brasil avança na Câmara

Em seu parecer favorável, o relator Luiz Gastão (PSD-CE) ressaltou que “o Bitcoin pode representar uma oportunidade estratégica para os ativos da União”