Moedas douradas de Bitcoin em cima de notas e cédulas de cem reais real
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A corretora de criptomoedas brasileira Coinext está se preparando para lançar uma gestora de ativos – uma asset, no jargão do mercado financeiro – para administrar um novo fundo de investimento baseado em criptoativos. A informação foi revelada nesta quinta-feira (19) pelo CEO da empresa, José Artur Ribeiro, durante coletiva com jornalistas.

Segundo o executivo, a nova asset será uma unidade apartada administrativamente da corretora e está atualmente em processo de registro e regulamentação junto aos órgãos reguladores do mercado, como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Banco Central (BC). A expectativa é que a gestora receba sinal verde para operar ainda no primeiro semestre de 2023.

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A nova unidade deverá administrar um fundo offshore da modalidade ETF, ou seja, do tipo spot (à vista). Os ETFs (Exchange Traded Funds) são conhecidos como fundos de índice, porque buscam replicar a rentabilidade de um determinado índice de referência. Eles são diferentes dos chamados fundos de derivativos ou futuros, que evitam que o investidor fique exposto diretamente a um ativo.

O processo de captação do novo fundo será focado em investidores brasileiros, tanto os institucionais quanto os qualificados. Inicialmente a aplicação não será aberta ao mercado geral, mas os executivos do projeto esperam que no futuro as cotas possam ser tokenizadas, de forma a permitir o acesso de investidores que hoje ainda não possuem capital suficiente para um fundo com esse perfil.

Ribeiro diz que a companhia ainda não possui uma meta de captação, mas fala em um montante entre R$ 5 milhões e R$ 25 milhões. “Trata-se de um segmento muito fluido, então temos que experimentar o apetite do mercado nacional por cripto”, explica.

Ele afirma que a composição do fundo será baseada nos criptoativos mais tradicionais, sem a participação de memecoins precárias como Dogecoin (DOGE) e Shiba Inu (SHIB), mas não detalhou quais ativos serão incluídos. Durante a conversa com os jornalistas, Ribeiro disse que, além do Bitcoin (BTC) e do Ethereum (ETH), a corretora vê as criptomoedas Polygon (MATIC), Chainlink (LINK) e Litecoin (LTC) como promissoras para 2023 – embora não as tenha relacionado diretamente com o novo fundo.

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Fundos de criptomoedas no Brasil

Os fundos baseados em criptoativos têm crescido no Brasil – ao contrário dos EUA, onde a CVM local, a SEC, ainda não permite a criação de aplicações na modalidade ETF, apesar dos insistentes pedidos de gestoras americanas de grande porte.

Em novembro, por exemplo, o Itaú lançou seu primeiro fundo ETF de Bitcoin, o IT Now Bloomberg Galaxy Bitcoin ETF (BITI11), na bolsa de valores brasileira, a B3. O produto foi desenvolvido em parceria com a Galaxy Digital, empresa americana comandada por Mike Novogratz, empresário de longa data no mercado cripto.

No entanto, a empresa parceira enfrentou dificuldades com o pedido de recuperação judicial feito pela corretora FTX. No relatório de ganhos do terceiro trimestre, a Galaxy revelou ter uma exposição de US$ 76,8 milhões em investimento e criptomoedas na FTX (cerca de R$ 410 milhões).

Até o momento, não se sabe se a Galaxy conseguiu recuperar esse dinheiro ou não. O Portal do Bitcoinquestionou o Itaú se os novos produtos do banco poderiam ser afetados por um possível prejuízo que a Galaxy Digital sofra no caso da FTX, mas o banco garantiu que não há esse risco.

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Outro fundo brasileiro, no entanto, não se saiu tão bem frente à turbulência gerada pelo derretimento da companhia de Sam Bankman-Fried. A gestora Giant Steps Capital anunciou no início de janeiro o encerramento de sua aplicação de criptomoedas Giant Satoshi, promovida até então como o “primeiro fundo do Brasil que busca performar acima do Bitcoin”.  

Como descreveu a empresa em e-mail enviado aos clientes, a decisão de colocar um fim ao produto no dia 25 de dezembro se deve a desconfianças no mercado de criptomoedas que se intensificaram após a queda da FTX.

A Giant Satoshi operava os fundos dos clientes no mercado de derivativos dentro da FTX e chegou a ter o equivalente a 16 bitcoins na corretora, conforme dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Ela afirma, contudo, que não perdeu dinheiro na FTX ao retirá-lo de lá antes do colapso.

Até julho de 2022, 11,9% do patrimônio líquido do principal fundo cripto da Giant Steps, o Giant Satoshi II Master, estava em bitcoin mantido na FTX. Essa porcentagem era equivalente a 16 BTCs, cotados a R$ 2 milhões na época.

A estimativa é que pelo menos 636 cotistas tinham exposição ao Giant Satoshi II Master, uma vez que ele servia de referência para outros dois produtos: o Giant Satoshi Cripto Advisory, fundo cripto mais popular do grupo, destinado aos clientes da XP, que também é sócio-investidor da Giant Steps; e o Giant Satoshi Cripto, oferecido para investidores de outras corretoras.

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Quando a FTX entrou em colapso em novembro, surgiu a especulação no mercado de que a gestora brasileira poderia ter sido afetada. Afinal, os dados de julho que mostravam a exposição à FTX eram os mais recentes disponíveis para consulta na CVM, uma vez que a empresa usou uma manobra legal para ocultar ao público geral os relatórios dos meses de agosto, setembro e outubro.

Questionada sobre isso na época, a equipe da Giant Steps garantiu que não havia sofrido prejuízo na FTX: “A Giant utilizava a FTX para operar uma parcela minoritária dos trades de spot e futuros da carteira do fundo Satoshi, posições essas que foram vendidas em sua totalidade, não havendo perdas a serem reconhecidas.”

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