Conheça as ideias de Javier Milei para a economia da Argentina: “Bitcoin é resposta contra o golpe dos Bancos Centrais”

Candidato, que já chegou a destruir uma pinhata em forma de Banco Central, defende a dolarização da economia ao invés da adoção do Bitcoin como moeda de curso legal, como fez El Salvador
Deputado da Argentina Javier Milei - foto Instagram

Foto: Reprodução/Instagram

A inesperada vitória do candidato argentino Javier Milei, do partido “A Liberdade Avança”, nas primárias argentinas durante o final de semana colocou seu nome no noticiário global como favorito para se tornar o presidente do país vizinho. E entre propostas ousadas e falas polêmicas, muito se falou sobre sua visão econômica e a defesa das criptomoedas, em especial do Bitcoin.

Formado em Economia pela Universidade de Belgrano e com dois mestrados, Milei tem passagens por diversas empresas, inclusive o banco HSBC, e é adepto da chamada escola econômica austríaca – que defende o livre comércio e a não intervenção do governo na economia – e do libertarismo. Combinada com suas declarações polêmicas sobre aborto, compra e venda de órgãos e outros temas, ele tem sido definido como um candidato de extrema direita.

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E por conta dessa visão mais libertária, o atual deputado argentino se tornou um defensor das criptomoedas. Em uma entrevista ao jornal Clarin no ano passado, quando teve a oportunidade de criticar o sistema econômico convencional e defender a liberdade trazida pelas moedas digitais Milei afirmou que “o Bitcoin é a reação natural ao golpe dos bancos centrais” e que “é um sistema que devolve dinheiro ao seu criador original, que é o setor privado”.

Ele acrescentou: “A primeira coisa a entender é que o Banco Central é uma farsa”. Ele é tão crítico ao trabalho dos bancos centrais, que na comemoração de seu aniversário em 2018, apareceu na televisão para destruir uma pinhata que representava um banco central.

Javier Milei revienta el Banco Central para su cumpleaños- 22/10/18

Aposta contrária à de El Salvador

Vale destacar, porém, que apesar de defensor do Bitcoin, Milei não propõe que a Argentina adote a criptomoeda como moeda oficial, assim como fez El Salvador. Dentre suas propostas, ele defende o fim do Banco Central do país e a dolarização da economia.

Em seus livros, o deputado já avaliou que demoraria cerca de dois anos e meio para aplicar o que ele define como dolarização “purista”. A ideia é que, inicialmente o sistema bancário deveria ser mudado para um chamado ‘banco Simons’, ideia de um economista chamado Henry Calvert Simons, que propôs um sistema bancário com 100% de reservas obrigatórias.

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Segundo as ideias de Milei, haveria então um segunda etapa em que ocorreria uma competição cambial entre dólar e peso, e conforme os argentinos escolhessem a divisa americana, seria “eliminado” o Banco Central.

Polêmica envolvendo pirâmide

Em setembro do ano passado, Milei, foi intimado a responder na justiça sua relação com a empresa CoinX, acusada de atuar como uma pirâmide financeira com criptomoedas e outros ativos na Argentina.

No ano anterior, antes das denúncias, o parlamentar compartilhou uma foto com um dos fundadores da companhia, dizendo para as pessoas que a CoinX contava com os melhores especialistas em criptoativos. Ele sempre negou qualquer associação com a empresa.

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Em junho junho de 2022, a Comissão Nacional de Valores (CNV), órgão que regula o mercado de capitais na Argentina, emitiu um stop order para CoinX World, explicando que a medida era para proteger o investidor, haja vista que as ofertas de investimentos com promessa de retornos mensais não tinham aval da entidade.

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Na ocasião, a CoinX se apresentava como “consultoria financeira” com oferta de “serviços de auxílio financeiro. Desde 2022 a empresa está proibida de atuar no país.