A BBom, pirâmide financeira que fez milhares de vítimas no Brasil entre 2013 e 2014, está pedindo para seus clientes fazerem um novo cadastro, sob argumento de que trabalha para restituir seus direitos.
“A BBOM+ está trabalhando incessantemente para restituir todos os seus direitos!”, diz a chamada no site, que dispõe botões ‘Sim’ e ‘Não’ para que o usuário responda se moveu ou não processo contra a empresa.
Dois contatos para contas no Telegram também foram disponibilizados. Entrar nos grupos, no entanto, requer cuidado, principalmente se houver nova oferta de investimento.
O site www.bbommais.com.br está registrado no nome da Embrasystem — Tecnologia em Sistemas, segundo consta na ferramenta de busca Who.is. Por trás da empresa está João Francisco de Paulo, fundador da BBom.
Não se sabe o que pode ocorrer ao inserir os dados na plataforma. A empresa foi condenada na Justiça e teve arrestos de bens efetuados.
O esquema fraudulento que ruiu em 2014 após ação civil pública, dependia da entrada de pessoas para gerar receita, portanto, insustentável. Segundo o Ministério Público Federal, o golpe pode ter movimentado cerca de R$ 2 bilhões enquanto a empresa esteve ativa..
Em maio de 2020, por exemplo, o STJ desbloqueou R$ 17 milhões de contas de envolvidos no golpe. O valor, segundo a Justiça, seria usado para pagar as vítimas. Portanto, cabe a elas procurar seus direitos nos órgãos federais.
Ao negar a Paulo um habeas corpus há cerca de 14 meses, a ministra do STF Rosa Weber reforçou que havia indícios suficientes de que o réu praticou crimes contra a economia popular.
Acerca das últimas informações públicas que decorrem do processo que corre em segredo de justiça, até novembro do ano passado, o STF ainda apreciava autos sobre a BBom.
Datado em 20/11/2021, autos de trânsito em julgado foram encaminhados ao Tribunal de Justiça de São Paulo. Neles constava um processo movido por um cliente da BBom contra Paulo por danos morais e materiais.
Entenda o caso da BBom
Os membros da BBom afirmavam vender supostos rastreadores de veículos. Para ter acesso aos produtos, no entanto, os clientes deviam pagar na época entre R$ 600 e R$ 3.000 e chamar outras pessoas para participar do negócio.
Em 2014, o MPF denunciou Paulo e outras quatro pessoas e dois anos depois uma perícia do próprio órgão reconheceu que a BBom era um esquema de pirâmide financeira. Na época, uma abertura de investigação da falida Telexfree também já estava em andamento.