Pessoa tocando tela com nome DEFI
Foto: Shutterstock

Os empréstimos (lending) em finanças descentralizadas (DeFi) mudaram – especialmente após o colapso de grandes empresas como a Three Arrows Capital (3AC) no ano passado – e a gestão do risco é agora fundamental para o sucesso da indústria, de acordo com o CEO da Maple Finance, Sidney Powell.

Powell, que foi cofundador do lender DeFi Maple Finance, disse ao Decrypt no Messari Mainnet 2023 que o espaço de empréstimo DeFi amadureceu no ano passado. Não que tenha tido muita escolha. A implosão do fundo de hedge cripto 3AC em junho de 2022, e o contágio que se espalhou pelo mercado desde então, forçou os traders e credores a reavaliar o que é realisticamente possível.

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“Os mutuários e os credores estão dizendo agora: ‘Prefiro um [retorno] bastante seguro de 8%, em vez de 20% especulativos’”, disse Powell. “Portanto, estamos vendo muito mais ênfase no que é o rendimento ajustado ao risco do que no que é o rendimento absoluto”, acrescentou.

O rendimento em DeFi e nas finanças tradicionais refere-se ao dinheiro ganho em um investimento ao longo do tempo. No mundo experimental de DeFi, os investidores podem travar fundos e ganhar recompensas.

Há pouco mais de um ano, os credores de criptomoedas ainda prometiam aos mutuários retornos astronômicos sobre os depósitos, em alguns casos acima de 20%. Mas esses dias acabaram, em grande parte devido ao colapso do projeto cripto Terra (LUNA) em maio do ano passado.

A Terra, em seu apogeu, era um enorme ecossistema com aplicativos amplamente focados em stablecoins algorítmicas. A certa altura, foi talvez a blockchain DeFi mais comentada e a segunda maior depois do Ethereum; sua criptomoeda nativa, LUNA, foi no auge um dos maiores ativos digitais em valor de mercado.

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O aplicativo mais popular da Terra, Anchor, facilitou empréstimos arriscados e permitiu que os crypto degens (investidores que tomam grandes riscos) depositassem a stablecoin UST da Terra e com a promessa de retornos superiores a 20% na forma de mais UST.

Mas quando a música finalmente parou, a Terra implodiu, levando consigo os fundos de hedge que investiram no projeto.

O fundo de hedge de criptomoeda 3AC, com sede em Singapura, foi apenas uma das empresas duramente atingidas pelo caos. A empresa prometeu grandes coisas aos clientes que desejam investir em novos empreendimentos de ativos digitais. E para fazer isso, usou lenders que prometiam grandes retornos.

Após a explosão da Terra e a subsequente queda nos preços das criptomoedas, a 3AC entrou com pedido de recuperação judicial – deixando muitos lenders de criptomoedas esperando por seu dinheiro.

Agora, diz Powell, os lenders são muito mais sensíveis ao “gerenciamento de risco de contraparte”.

“As lições tiradas [do colapso da 3AC] são a gestão do risco de contraparte, a gestão do contágio e a redução do risco para os mutuários individuais que um lender enfrenta”, disse ele.

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Ele acrescentou que agora é necessário “ver o que está acontecendo com os fundos” para que os lenders possam controlá-los e um mutuário não possa “cair na insolvência como a 3AC fez”.

Maple Finance é um mercado de crédito que ajuda a conceder empréstimos a instituições. Ela destaca-se no espaço DeFi porque fornece empréstimos sem garantia e os coloca on-chain.

Após o colapso dos principais lenders de criptomoedas, a Maple lançou em junho uma mesa de empréstimo direto, Maple Direct, oferecendo empréstimos com alta colateralização.

Powell também disse ao Decrypt na Mainnet que a dívida é um ativo melhor para tokenizar do que as ações.

Ele disse que isso ocorre porque é mais fácil de monitorar, enquanto o patrimônio é difícil de rastrear na rede, em parte devido à sua “mudança de avaliação” e à dificuldade de rastrear os fluxos de caixa.

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*Traduzido por Rodrigo Tolotti com autorização do Decrypt.

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