Atualmente, o setor de criptoativos é composto de tecnologias de primeira e segunda camada. As de primeira camada são a camada-base de uma rede blockchain (como Solana, Ethereum e Bitcoin).
Já as de segunda camada são mais rápidas e baratas do que a camada-base da blockchain. Às vezes, podem fazer coisas que blockchains de segunda camada não podem, como aceitar ativos de outras blockchains de primeira camada.
É possível determinar se uma tecnologia é de primeira camada ou não se houver a moeda nativa da plataforma (como SOL, ETH) na validação de transações (seja via mineração ou staking) e se a rede depende de outra blockchain para funcionar. Se é uma blockchain independente, é de primeira camada.
Blockchains de segunda camada continuam dependentes de uma rede de primeira camada (ou camada-base) e fornecem dados a esta última. Geralmente, são menos descentralizadas do que blockchains de primeira camada — é o preço que se paga para poupar tempo e dinheiro em uma rede de segunda camada.
Exemplos de tecnologia de segunda camada incluem Arbitrum, Polygon e Optimism.
Cada uma processa transações do Ethereum em uma rede blockchain distinta, de alta velocidade e baixo custo antes de enviar a informação de volta ao Ethereum. “Bridges” (ou “pontes”) de tokens — como Multichain, WBTC, Ren e Wormhole — permitem a movimentação de ativos entre blockchains.
Neste artigo, o Decrypt foca na escalabilidade de acelerar a atividade relacionada a um único blockchain em vez de bridges “multichain” (que conectam diversos blockchains), que permitem a movimentação de ativos entre diversas redes blockchain.
Para obter vantagem da velocidade e do baixo preço de uma tecnologia de segunda camada, é preciso enviar fundos a essas redes alternativas, fazer seu negócio e, em seguida, se desejar, converter todas as criptomoedas de volta à camada-base da blockchain.
Por exemplo, é possível enviar 10 ETH à Loopring, negociar em sua corretora descentralizada (ou DEX, na abreviatura em inglês) com taxa zero de gas e, em seguida, sacar o restante à blockchain Ethereum. Felizmente, o método é praticamente o mesmo entre as bridges. Confira o passo a passo abaixo.
1º passo: Escolha uma rede de segunda camada
O primeiro a fazer é escolher uma rede de segunda camada para fazer o “bridging” — processo de movimentar fundos de uma rede de primeira camada a uma rede de segunda camada (nem todas as bridges são multichain, pois algumas apenas funcionam com o Ethereum) — de seus tokens.
Existem diferentes soluções e algumas estão ligadas a redes específicas de primeira camada — o Ethereum é a mais popular, pois é relativamente cara e lenta. Grandes bridges de segunda camada do Ethereum incluem Arbitrum, Boba, Loopring, Optimism e dYdX.
Também existem bridges multichain de tokens, que focam na interoperabilidade. Nelas, é possível movimentar tokens entre blockchains sem precisar se preocupar se um ativo nativo é compatível com o blockchain ao qual o token está sendo movimentado. Essas bridges não são o foco deste artigo.
2º passo: Prepare suas carteiras
Bridges de segunda camada são acessadas por meio de carteiras Web 3 não custodiais. A MetaMask é a escolha mais popular, mas grande parte das carteiras deve funcionar.
Aloque, na carteira, os ativos que você planeja enviar pela bridge, além de uma quantia no token nativo da rede de primeira camada para pagar pela transação — no caso do Ethereum, é preciso ter ether (ETH).
3º passo: Faça o bridging
Em seguida, vá até a porta de acesso da solução de segunda camada. Neste exemplo, a Optimism é a escolhida, mas o método é bem similar em outras bridges. Após acessar a página inicial, haverá uma tela que se parece com a seguinte:
Nela, será possível converter qualquer token padrão ERC-20 de primeira camada (ou o próprio ether) à rede de segunda camada. Neste exemplo, são inseridos 0,01 ETH e aparece a seguinte informação:
Para movimentar os ativos, é preciso pagar uma taxa de gas (o preço pago para transacionar na rede Ethereum). A MetaMask cobrou cerca de US$ 12,50.
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Apesar de ser um custo alto, na sequência, as transações ficarão mais baratas (por se tratar de uma solução de segunda camada). Demorou cerca de 20 minutos para que os fundos chegassem na Optimism. Quando a transação havia sido processada, surge a seguinte mensagem:
4º passo: Realizar negociações na rede de segunda camada
Agora, os tokens devem estar na rede de segunda camada. Significa que é possível usá-los em qualquer protocolo de Finanças Descentralizadas (ou DeFi) que possua integração com a solução de segunda camada ou transacioná-los para outras carteiras de segunda camada.
Continuando com o exemplo do Optimism, agora é possível negociar no Uniswap por meio da bridge de segunda camada da Optimism — em vez de a caríssima rede principal do Ethereum.
Acesse a Optimism após o pagamento ter sido confirmado ao clicar em “Optimism” na guia de seleção de rede e dê à MetaMask permissão para mudar a rede de Ethereum para Optimism.
Tudo vai ficar mais barato e rápido na segunda camada. A Uniswap cobrou US$ 15 para converter 0,01 ETH por DAI na rede principal do Ethereum — não é uma quantia muito cara, exceto pelos US$ 32 pagos para a conversão.
Mas ao acessar a Optimism para negociar 0,0099 ETH, a Optimism cobrou menos de US$ 1 em taxas de transação, que demorou apenas 1,5 segundo.
A Arbitrum funciona quase da mesma forma. Outras bridges podem operar de forma um pouco diferente, mas as diferenças serão menores. Às vezes, é possível pagar taxas de transação com a criptomoeda nativa à rede de segunda camada. Em outros casos, não será necessário pagar.
5º passo: Retorne os fundos à rede Ethereum
O quinto passo é opcional. Caso queira, é possível realizar negociações na segunda camada por tempo indefinido e nunca mais interagir com a blockchain de camada-base. No entanto, se quiser reverter o bridging, é possível converter de volta os fundos às versões das redes principais.
Bridges demoram tempos diferentes para “desfazer” a movimentação. Saques que dependem de uma tecnologia chamada “optimistic rollups”, por exemplo, demoram uma semana completa para voltarem ao Ethereum.
Isso permite que os validadores da blockchain finalizem disputas que possam surgir de transações que parecem ser fraudulentas. Optimism e Arbitrum dependem de optimistic rollups.
Em relação à demora dessas finalizações, em outubro de 2020, Vitalik Buterin, criador do Ethereum, realizou uma curiosa enquete no Twitter:
Uma rápida enquete de conhecimento: Por que saques do Plasma e optimistic rollups têm um atraso de uma semana? Pelo que os “saques em progresso” estão esperando?
– Saques de maior prioridade;
– Provas contra contestações/fraudes;
– Lances em leilões de sequenciadores;
– Polinômios de quocientes.
Também é preciso pagar uma taxa de transação para resgatar os tokens da rede de segunda camada. A Optimism apresentou uma demora de uma semana e cobrou cerca de US$ 65 em ether para resgatar a pequena quantia em ether.
É possível sacar fundos instantaneamente da Optimism se o trade for redirecionado por meio do Hop Protocol ou Celer. A conversão no Hop cobrou US$ 25 em DAI.
Outra tecnologia chamada rollups de conhecimento zero (ou “ZK-rollups”), que impulsionam bridges de segunda camada como o Loopring, não possui um mecanismo de resolução de disputas, então saques demoram poucos minutos para serem processados.
*Traduzido por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.