Neste ano de 2023, relevantes entregas, como atualizações tecnológicas, parcerias e lançamentos de token, renovaram os ânimos de blue chips do mercado de altcoins. Ainda assim, na visão da Metrix, os preços não refletem totalmente estes acontecimentos.
No âmbito das blockchains, destacaram-se a atualização Shanghai do protocolo Ethereum, o lançamento da nova versão da rede ZK Sync – a chamada ZK Sync Era – e do token ARB do protocolo de segunda camada Arbitrum, além da atualização Bedrock do protocolo Optimism e também o lançamento da Base, protocolo de segunda camada do Ethereum desenvolvida pela Coinbase.
Em relação às aplicações, devem ser mencionados lançamentos como os protocolos Ordinals e Stamps voltados para NFTs em Bitcoin, o fundo de bonds americanos de curto prazo projetado pelo fundador do protocolo Compound, o draft code da versão 4 da Uniswap e ainda, um dos mais esperados: o lançamento do CCIP (Cross Chain Interoperability Protocol) pela Chainlink.
E é aqui o ponto de abordagem deste artigo: o protocolo Chainlink, que traz “cores” à resolução do problema de obtenção de dados externos para os contratos inteligentes, e passa a explorar o CCIP, que se encaixa no lego de interoperabilidade entre blockchains.
Blockchains são propositalmente desenvolvidas sem conexões nativas com o mundo exterior, no sentido de que os registros compartilhados e imutáveis usados nas transações não são naturalmente transmitidas para fora delas e nem elas recebem ou dependem de informações externas para alcançar consenso sobre o seu estado.
Graças a este isolamento, blockchains são dificilmente manipuláveis por agentes maliciosos externos. Por essa razão, os smart contracts, que são a base das aplicações nas operações da blockchain, enfrentam a limitação e incapacidade de interagir fora desse ambiente. Este é conhecido como “problema do oráculo”.
No entanto, para a integração dos smart contracts à economia real e possibilidade de entrega do seu pleno potencial, há a necessidade de se transmitir as informações para as blockchains e, a partir delas, para o exterior, de forma confiável, tempestiva e descentralizada.
Feeds de preços de ativos financeiros, registros de clima, scores de crédito existentes nos bancos de dados de agentes financeiros, resultados de eventos esportivos e eleitorais ou mesmo preços de itens em lojas e marketplaces podem ser utilizados para disparar transações acordadas por meio de smart contracts nas blockchains mais conhecidas, como Ethereum, BNB ou Polygon.
Aqui entra a Chainlink, uma rede de oracles descentralizada, também conhecida como DON (Decentralized Oracle Network), que garante a transmissão e a integridade de informações entre o mundo real e as blockchains, inclusive entre as próprias blockchains.
Como exemplo, o ecossistema de finanças descentralizadas é altamente dependente dos canais de informação sustentados pela rede de oracles da Chainlink, com mais de US$ 12 bilhões em Total Value Secured (TVS), representando praticamente 50% do total de TVS do mercado.
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Por outro lado, o ecossistema da blockchain é caracterizado por múltiplas blockchains públicas. Desde o Bitcoin ao Ethereum e suas concorrentes como BNB, Avalanche, Fantom, Solana, sua sidechain Polygon ou seus protocolos de segunda camada como Optimism, Arbitrum, ZK Sync Era e Starknet, todas possuem características próprias de segurança, descentralização e escalabilidade, cada qual com suas vantagens e desvantagens.
Uma vez que as DONs viabilizadas pela Chainlink possibilitam um fluido trânsito de informação entre as blockchains e o mundo exterior, a próxima questão natural a se resolver é: como garantir uma interação plena entre as diversas blockchains, extraindo o melhor de cada uma e garantindo um fluido trânsito de liquidez em benefício dos seus participantes?
Para isso, a Chainlink desenvolveu o CCIP. Este protocolo generaliza o conceito de smart contracts para o de cross chain smart contracts, isto é, contratos inteligentes que são executados paralelamente ou sequencialmente em diversas blockchains.
Ao estabelecer um protocolo claro e acessível a desenvolvedores, a Chainlink viabiliza a interação entre estas diversas blockchains de modo que o usuário final sequer perceba em que redes os contratos a que ele adere estão sendo executados, oferecendo uma experiência de baixo atrito e elevada eficiência em termos de custos, velocidade e segurança. Abaixo pode-se ver um diagrama da própria Chainlink ilustrando a interação entre blockchains e o CCIP.
Com algum esforço, talvez seja possível construir uma corretora descentralizada inter blockchains nos moldes das grandes corretoras centralizadas da atualidade. Imagine a Binance ou a Kraken funcionando de modo inteiramente descentralizado, permitindo que o usuário faça trades, staking de tokens, empréstimos e, ainda, provendo liquidez por meio de automated market makers em diversas chains e com seus saldos todos consolidados num único aplicativo! Essa é uma aplicação que o CCIP nos permite imaginar.
Enfim, olhando além, assim como na internet, as grandes e conhecidas aplicações hoje não estão na imaginação do público em geral. Arrisca-se dizer que essas grandes aplicações do CCIP ainda estão por ser descobertas, podendo gerar valor ao ecossistema de blockchains por meio da ampliação do acesso a liquidez nas diversas redes, além de viabilizar novos usos ao integrar a economia real à economia das diversas blockchains. A cada entrega, a Chainlink se posiciona como uma peça fundamental da infraestrutura do ecossistema de blockchains.
Sobre o autor
Bernardo Bonjean é founder e CGO da Metrix
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