Imagem da matéria: Caixa Econômica encerra contas de pelo menos cinco empresas de bitcoin em 10 dias
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A Caixa Econômica Federal encerrou nos últimos dez dias pelo menos cinco contas bancárias de empresas do setor de criptomoedas. Algumas delas foram surpreendidas com o encerramento e estão com dinheiro preso; outras receberam a conhecida notificação de “desinteresse comercial”. 

O caso mais recente ocorreu na sexta-feira (12). Lenno Nascimento, diretor de operações da Citcoin, afirmou que foi surpreendido com a mensagem “conta encerrada”.

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A conta da OTC da Foxbit também foi encerrada. Outros dois empresários de mesas de operações, que pediram anonimato, também confirmaram o fechamento das contas em duas situações bem diferentes. Um deles recebeu a notificação do gerente e teve 15 dias para retirar o saldo; o outro foi pego de surpresa e agora luta para desbloquear um valor de R$ 100 mil.

Algo que é comum aos casos é que a maior parte dos empresários afirma que eram de contas que tinham baixa movimentação financeira — o que sugere se tratar de uma ação deliberada da Caixa Econômica. É possível que outras empresas cinco tenham tido as contas fechadas, mas não foi possível confirmar. Questionado pelo Portal do Bitcoin, o banco estatal não respondeu até a publicação desta reportagem.

Em um caso atípico, a Walltime também teve a conta fechada, mas foi reaberta após 5 cinco dias. “Está tudo normal agora”, disse Igor Ribeiro, que trabalha na corretora.

Surpresa da Caixa Econômica

Nascimento, da Citicoin, contou ter ficado surpreso: “Eu estava fazendo uma venda de bitcoin na OTC, então enviei para o meu cliente a conta da Caixa Econômica para ele fazer o depósito, mas quando fui acessar a conta vi que ela estava encerrada”.

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A mesma mensagem pedia para que ele procurasse a agência. E, foi o que ele fez. No entanto, nem o gerente dele sabia explicar o que teria motivado o encerramento:

“Ele disse apenas que e recebeu um e-mail de cima com uma ordem para fechar”.

A conta não era movimentava grandes valores. Segundo Nascimento, se tratava de uma conta de pagamento e não de custódia. E havia nela menos de R$3 mil. O dinheiro não foi bloqueado. 

“O valor foi transferido para a conta no Banco do Brasil”, disse.

Como a conta foi encerrada antes mesmo de a transação ter sido completada, não houve prejuízo ao cliente da OTC que teve a conta encerrada. Nascimento disse, porém, que essa não é a primeira vez que um banco encerra a conta de sua empresa sem dar qualquer explicação.

“Não explicou nada. Não disseram nada. Foi a mesma coisa que aconteceu com a nossa conta no Bradesco e o Itaú. O Bradesco só falou o motivo porque a gente forçou. A gente brigou na Justiça e tudo”.

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Pior do que isso, sequer notificaram a empresa que atua no mercado cripto. Segundo Nascimento nem e-mail enviaram:

“Não tem nada sobre o encerramento da conta. Já olhei tudo aqui no e-mail. Da Caixa só tem o e-mail do consórcio e de outros produtos que temos junto com o banco”. 

Com as contas encerradas no Santander, Bradesco, Itaú e agora na Caixa Econômica, a empresa de Nascimento só tem contas no Banco do Brasil, Brasil Plural e Neon. 

Outras contas encerradas

O empresário que teve R$ 100 mil bloqueados disse que a conta não era muito usada:

“Não recebemos notificação, mas pode ser que tenham mandado para outro endereço. Não usávamos muito essa conta. Faz pouca diferença para gente. Só quero recuperar o dinheiro que tava na conta e vida segue”.

A Foxbit também passou pela experiência recente de conta encerrada na Caixa Econômica, mas não foi a conta da corretora e sim uma OTC Foxbit invest. A empresa, por meio de sua assessoria de comunicação, informou que não seria algo que causaria impacto nos negócios:

“A conta da Foxbit exchange foi fechada há aproximadamente 7 meses, mas foi possível manter aberta via liminar e segue normal desde então”. 

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A conta fechada semana passada foi da outra empresa, da OTC da Fox. A corretora já entrou com recurso para abrir novamente, mas como não faz custódia não teve nenhum impacto aos clientes, e a operação continua normalmente através de outras contas.

*Colaborou Cláudio Goldberg Rabin

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