Imagem da matéria: BTG Pactual vai pagar R$ 253 mil a CVM por acusação de manipulação de ações da Eletrobras
(Foto: Reprodução)

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) aceitou o Termo de Compromisso do banco BTG Pactual  e de dois outros envolvidos em pagar R$ 753 mil para arquivar o Processo Administrativo Sancionador (PAS) que vinha apurando as negociações de 4,5 milhões de ações da Eletrobras. 

De acordo com o relatório e voto do presidente da CVM, Marcelo Barbosa, o BTG Pactual e o Morgan Stanley Uruguay Ltda teriam ganhado R$ 532.276,91 em menos de um mês com negociações de compra e vendas de ações preferenciais nominativas classe B de emissão de Centrais Elétricas Brasileiras S.A. – Eletrobras.

Publicidade

Essas operações ocorreram entre os dias 30 de abril e 05 de maio de 2014. O banco BTG Pactual teria atuado por meio de um fundo isento de tributação sobre proventos de Juros Sobre o Capital Próprio (“JCP”) chamado FIM CP LS Investimento no Exterior.

Segundo a acusação, as operações se deram por intermédio de Morgan Stanley CTVM S.A. e os resultados  já haviam sido previamente acordados com a obtenção da vantagem financeira tanto para o Morgan Stanley Uruguay bem como para o BTG Pactual. 

A utilização de um Fundo isento de tributos sobre a distribuição de Juros Sobre o Capital Próprio, por parte do BTG Pactual foi o que possibilitou essa vantagem financeira decorrente da diferença de tributação entre os investidores.

BTG Pactual manipulando o mercado

Segundo consta no documento, a estratégia se deu a partir de venda de 4,5 milhões das ações ELET6 (as preferenciais nominativas classe B da Eletrobras) pela Morgan Stanley Uruguay e da compra dessa mesma quantidade de ações pelo Fundo do BTG Pactual, no dia 30 de abril de 2014, pelo preço de R$ 12,61, cada ação.

Publicidade

Já no dia 05 de maio daquele mesmo ano, houve  uma reversão da operação. O Fundo  isento de tributação usado pelo BTG Pactual vendeu essa mesma quantidade de ações num leilão por R$ 10,94 cada uma delas. O comprador era ninguém menos que a Morgan Stanley Uruguay, “após a distribuição de JCP ( Juros Sobre Capital Próprio) pela Companhia em 30.04.2014 no valor bruto de R$ 1,701557036 por ação”. 

Conforme o documento, o Morgan Stanley e o Fundo do BTG haviam realizado no exterior uma operação de Swap, por meio do qual “o Fundo assumiu posição vendida de 4.500.000 de ELET6 pelo preço de R$12,61, de sorte que os efeitos da operação no mercado à vista (variação do preço entre a compra e a venda) foram anulados pelo efeito inverso provocado pelo swap.”

O Morgan Stanley Uruguay a fim de liquidar a venda das 4,5 milhões ações da Eletrobras em 30 de abril tomou 3.603.540 ações emprestadas no BTC (Banco de Títulos CBLC) em 02 de maio, “liquidando o saldo restante (896.460) com ações que possuía em custódia”.

Dos ganhos ao processo na CVM

De acordo com a acusação, o resultado de tudo isso foi que o Banco BTG teria recebido o valor líquido de R$ 126.932,57; enquanto a Morgan Stanley Administradora de Carteira S.A., R$ 405.344,34.

Publicidade

A questão, porém, é que tanto o BTG Pactual como a Morgan Stanley, bem como as pessoas que participaram das negociatas passaram a ser investigados pela CVM pela manipulação no mercado.

No BTG Pactual, os diretores responsáveis pela administração das carteiras, Antonio Carlos Canto Porto Filho e Jerckns Affonso Cruz, que na época eram as pessoas autorizadas a emitir ordens em nome do banco, propuseram pagar R$ 753.865,14, sendo que o BTG Pactual deverá arcar com a maior parte: R$ 253.865,14 (BTG Pactual). Os dois envolvidos deverão pagar R$ 250 mil cada um, para arquivar o processo.

 A Morgan Stanley  e o diretor responsável pela carteira da administradora, Tiago Marques Pessoa, já haviam oferecido em junho deste ano uma proposta de pagar o total de R$ 1.060.688,68. Destes, R$ 810.688,68 ficou por conta da empresa e os R$ 250 mil por conta de Thiago Pessoa.

Esquema descoberto

O processo surgiu de uma acusação formulada pela BM&FBovespa Supervisão de Mercados – BSM. Segundo a CVM,  a atuação do Banco BTG e  de Antonio Porto deixaram de atuar de “forma diligente, de modo a impedir ou obstar a realização da operação de compra e venda e sua posterior reversão, em 30/4/2014 e 5/5/2014, de 4.500.000 ações preferenciais classe B de emissão da Eletrobras, entre Morgan Stanley Uruguay e o FIM CP LS Investimento no Exterior”.

Essas acusações também foram dirigidas à Morgan Stanley e ao Tiago Pessoa, por eles “não terem sido diligentes o suficiente a ponto de impedir, ou ao menos de adotar qualquer providência no sentido de obstar, a criação de condições arti iciais de o erta, demanda e preço”.

Publicidade

Já Jerckns Cruz vinha sendo acusado “pela prática de criação de condição artificial de oferta, demanda e preço”. Como as propostas de termo de compromisso foram aceitas pela CVM, o PAS foi arquivado.

VOCÊ PODE GOSTAR
Tela de celular mostra logotipo Drex- no fundo notas de cem reais

BC divulga lista de projetos selecionados para 2ª fase de testes do Drex

Os consórcios participantes vão testar serviços financeiros disponibilizados por meio de smart contracts
Elon Musk sorri no meio dos logotipos do Twitter e X

STF determina suspensão do X, antigo Twitter, no Brasil

A “suspensão imediata, completa e integral” da rede social de Elon Musk valerá até que ele nomeie um representante legal no país e pague as multas existentes
Glaidson durante depoimento à CPI das Pirâmides

Justiça volta a ouvir testemunhas de acusação em julgamento do Faraó do Bitcoin

Preso em Cantaduvas (PR), Glaidson participou da audiência por videoconferência
farao do bitcoin glaidson

Prisão do ‘Faraó do Bitcoin’ completa 3 anos; relembre um dos maiores casos de pirâmide financeira no Brasil

O ex-garçom Glaidson Acácio dos Santos e sua mulher Mirelis Diaz Zerpa conseguiram mudar de vida com GAS Consultoria e seu negócio com criptomoedas, mas à margem da lei