O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) entrou com um pedido para que o Ministério Público Federal investigue a extração de dados feita pelos idealizadores da Worldcoin (WLD), criptomoeda que paga com seus próprios tokens para escanear e registrar a íris de quem se voluntariar. O projeto está pagando por volta de R$ 700 para cada pessoa que aceitar ter seus dados coletados.
Segundo Boulos, em publicação no X (antigo Twitter), 400 mil brasileiros já tiveram a íris escaneada pela Tools for Humanity (TfH), empresa responsável pela Worldcoin. O processo envolve que a pessoa coloque os olhos em um aparelho em forma de orbe e tenha a íris, que é única em cada ser humano, registrada e os dados armazenados.
“Ninguém sabe o destino das informações. No Brasil, o órgão responsável pela Proteção de Dados está monitorando a TfH. Fora daqui, a empresa já teve as atividades suspensas em países como França, Portugal, Espanha e Coréia do Sul”, afirma Boulos.
O parlamentar ressalta que, além da palavra da empresa, nada garante que no futuro os dados pessoais não sejam repassados para fins não autorizados. Um exemplo de como isso poderia se voltar contra a pessoa, diz Boulos, é que os planos de saúde poderiam negar determinados tratamentos médicos.
Outra grande preocupação do deputado é o uso dos dados para fraudes financeiras, em um cenário no qual criminosos poderiam acessar o material e abrir conta no nome de terceiros desavisados.
“Já é difícil e trabalhoso reverter esse tipo de golpe. Lembre-se que a ‘assinatura’ da íris é muito mais precisa que uma assinatura em papel ou até mesmo a digital do polegar. Como negar que não foi você que pegou o empréstimo se o golpista usou teu escaneamento?”
Boulos também lembrou que a Worldcoin é uma iniciativa de Sam Altman, o empresário que lidera a OpenAI, empresa líder em inteligência artificial e responsável pelo ChatGPT.
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“A TfH é ligada a Sam Altman, fundador do ChatGPT. É financiada por diversos bilionários do Vale do Silício e deve ser uma das grandes empresas de Inteligência Artificial ao lado de Google, Meta e outras. Bem, estamos vendo de camarote do que essa turma é capaz”, disse.
Worldcoin pelo mundo
Lançado em julho de 2023 pela Tools for Humanity, o World Orbs foi recebido com fascínio e desprezo, já que os defensores da privacidade o chamaram de ferramenta de vigilância. Logo após seu lançamento, a França e a Alemanha abriram investigações sobre o projeto e seus Orbs.
Altman e Blania buscaram resolver problemas futuros implementando recursos projetados para amenizar as preocupações dos reguladores e formuladores de políticas.
“Ele tem um cartão SD totalmente removível que contém todas as instruções de operação para que qualquer um possa comparar essas instruções no cartão SD com nosso código-fonte publicado.”
Vale destacar, porém, que o projeto já foi suspenso em diferentes países, com reguladores questionando a privacidade dos usuários e as conformidades da empresa com as leis de cada região.
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