Após o perdão concedido pelo presidente Donald Trump ao fundador da Silk Road, Ross Ulbricht, na última terça-feira, a comunidade de Bitcoin se mobilizou, enviando criptomoedas para o fundo de doações de Ulbricht no site FreeRoss.org. Mas será que ele realmente precisa do dinheiro?
Ulbricht pode já estar sentado sobre milhões em Bitcoin, de acordo com Conor Grogan, diretor da exchange de criptomoedas Coinbase, sediada em São Francisco (EUA). Grogan destacou que cerca de 430 BTC — no valor aproximado de US$ 47 milhões — permanecem intocados em carteiras possivelmente ligadas a Ulbricht. Segundo ele, essas carteiras estão inativas há mais de 13 anos.
“Encontrei cerca de 430 BTC em dezenas de carteiras associadas a Ross Ulbricht que não foram confiscadas pelo [governo dos EUA] e estão intocadas há mais de 13 anos”, postou Grogan no X (antigo Twitter). “Na época, provavelmente eram carteiras de trocados, agora, coletivamente, valem cerca de US$ 47 milhões”, acrescentou.
De acordo com dados da Arkham Intelligence, 14 endereços de Bitcoin vinculados à Silk Road possuem, juntos, US$ 47 milhões em Bitcoin, confirmando o valor apontado por Grogan. O conjunto de carteiras identificado como “Silk Road” na Arkham inclui a conta que começa com “1CQv”, compartilhada por Grogan em uma captura de tela, e que sozinha detém mais de US$ 9 milhões em Bitcoin.
Investigação sobre as carteiras e possíveis apreensões
Pelo menos uma das carteiras incluídas no grupo “Silk Road” da Arkham — a conta identificada como “Silk Road: Individual X (1HQ3G)” — foi acessada pelo governo dos EUA durante um processo de confisco em novembro de 2020.
Quando o Bitcoin da carteira “1HQ3G” foi movimentado pela primeira vez em 2020 — na época valendo mais de US$ 1 bilhão —, surgiram especulações de que Ulbricht ainda tinha acesso às moedas e que as havia transferido mesmo estando preso. Dias depois, o governo dos EUA esclareceu o caso, anunciando que confiscou os fundos de um hacker identificado apenas como “Individual X”, que havia roubado os Bitcoins de uma conta da Silk Road em 2012 ou 2013.
Se as carteiras contendo o tesouro em Bitcoin de mais de US$ 47 milhões pertencem ao ex-fundador da Silk Road, ainda não se sabe se ele mantém as chaves privadas de alguma delas. O dinheiro pode ser inacessível; estima-se que até 20% da oferta total de Bitcoin esteja em carteiras cujos donos perderam as chaves, faleceram ou desapareceram, incluindo a carteira do criador do Bitcoin, Satoshi Nakamoto, que detém 1,1 milhão de BTC (cerca de US$ 115 bilhões).
Doações continuam chegando
Enquanto isso, as doações continuam fluindo para Ulbricht desde sua libertação da penitenciária federal na terça-feira. A exchange de criptomoedas Kraken, por exemplo, contribuiu com US$ 111.111 para Ulbricht na quarta-feira.
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Segundo a Arkham Intelligence, o endereço de carteira de Ulbricht já recebeu 2,62 BTC, aproximadamente US$ 272 mil, incluindo a doação da Kraken. Outro endereço associado a Ulbricht acumulou US$ 4.615 em Ethereum, USDC, USDT e BNB.
“Nesse ritmo, ele terá US$ 1 milhão em 3 dias”, comentou o jornalista Pete Rizzo no X.
Mesmo que Ulbricht controle as carteiras em questão, ainda não se sabe se o governo dos EUA tentaria confiscar qualquer dinheiro relacionado à Silk Road. No início deste mês, um juiz federal autorizou a venda de US$ 6,5 bilhões em Bitcoin apreendidos da Silk Road. Especialistas jurídicos consultados pelo Decrypt afirmaram que as autoridades federais poderiam buscar qualquer Bitcoin relacionado à Silk Road.
“Se as autoridades encontrarem ativos que possam vincular ao(s) crime(s) original(is), elas podem tentar apreendê-los, mesmo após a libertação, assumindo que o prazo de prescrição não tenha expirado”, disse Eli Cohen, conselheiro geral da plataforma de ativos tokenizados Centrifuge.
Grande parte do Bitcoin atualmente detido pelos Estados Unidos é fruto de apreensões realizadas pelo Departamento de Justiça. Cohen citou os 50.676 Bitcoins apreendidos pelo IRS (Receita Federal dos EUA) de outro hacker da Silk Road, James Zhong, em novembro de 2021. “Normalmente, para crimes federais, as autoridades congelariam ou confiscariam quaisquer fundos que acreditassem ser produto do crime, incluindo criptomoedas como o Bitcoin”, explicou Cohen.
*Traduzido e editado com autorização do Decrypt.
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