BIS cria projeto para rastrear transferências de criptomoedas ao redor do mundo

Projeto Atlas combina dados coletados de corretoras de criptoativos com dados detalhados extraídos de blockchains públicas
Blockchain

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Conhecido como o “Banco Central dos bancos”, o Banco de Compensações Internacionais (BIS) anunciou nesta quarta-feira (4) os avanços do Projeto Atlas, criado para mapear transações de criptomoedas e explorar a relevância macroeconômica dos mercados cripto e DeFi (finanças descentralizadas).

Conforme reportou a Reuters, o projeto Atlas, que representa um esforço colaborativo do BIS Innovation Hub Eurosystem Centre, do De Nederlandsche Bank e do Deutsche Bundesbank, desenvolveu um protótipo de sistema de monitoramento de criptomoedas cujo objetivo é fornecer às autoridades uma visão mais clara de como, quando e onde os ativos são utilizados.

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Embora o projeto Atlas tenha começado no banco central holandês há mais de cinco anos, seu valor potencial foi destacado nos últimos 18 meses devido a uma série de colapsos caóticos na indústria de criptomoedas.

A origem dos dados

O projeto combina dados coletados de corretoras de criptomoedas (chamados de dados off-chain) com dados detalhados extraídos de blockchains públicas (dados on-chain).

Nesta fase de prova de conceito, o Atlas está focado em aprimorar a metodologia de coleta de dados e no desenvolvimento da plataforma.

Segundo comunicado para a imprensa do BIS, embora muitos dados sobre a indústria estejam atualmente disponíveis, eles estão espalhados por vários protocolos, atores de mercado e jurisdições, e frequentemente não são regulamentados ou padronizados.

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Uma análise inicial dos dados preliminares coletados pela plataforma mostra que os fluxos transfronteiriços são economicamente substanciais e distribuídos de forma desigual em diferentes regiões geográficas.

“O Projeto Atlas é um excelente exemplo do que o BIS Innovation Hub pode alcançar. Trabalhando na interseção da economia, finanças e engenharia da computação, estamos desenvolvendo um bem público novo e importante para os bancos centrais em todo o mundo. Os dados sobre fluxos transfronteiriços são relevantes para áreas como pagamentos e análise macroeconômica”, afirma Cecilia Skingsley, Chefe do BIS Innovation Hub.

Ferrenho crítico das criptomoedas

A opinião do BIS, uma organização global liderada por 63 grandes bancos centrais, sobre o mercado cripto é crítica: “Se forem amplamente utilizadas para pagamentos, as criptomoedas, incluindo as stablecoins, podem representar uma ameaça à estabilidade financeira”, disse o BIS em um relatório publicado em julho deste ano.

O Relatório Econômico Anual de 2022 do BIS apontou que as “falhas estruturais” do setor de criptomoedas o tornam “inadequado para [servir de] base para o sistema monetário”.

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O estudo também sugere que o papel da tecnologia blockchain em um futuro sistema monetário provavelmente terá a forma de moedas digitais de bancos centrais (CBDC). Na visão do BIS, “um sistema baseado em dinheiro de banco central oferece uma base mais sólida para a inovação”.