O Banco Central (BC) adiou para 2023 os testes do real digital, a CBDC (Moeda Digital Emitida por Banco Central, segundo a sigla em inglês) nacional cujo projeto-piloto deveria começar no segundo semestre deste ano. O atraso foi revelado por Fábio Araújo, economista do BC e responsável na instituição por coordenar o projeto.
O anúncio do executivo aconteceu durante a sua participação no evento “CBDC e real digital: o que é e como será”, promovido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) na segunda-feira (30).
“Tínhamos a intenção de começar o [teste] piloto talvez ainda no final deste ano, mas a greve atrasou bastante o cronograma”, explicou Araújo.
A greve a que se refere é a dos servidores do Banco Central, que reivindicam reajuste salarial de 27% e reestruturação de carreira. Nesta terça-feira (31), a classe aprovou em assembleia dar continuidade à greve por tempo indeterminado.
“De toda forma, no ano de 2023 e boa parte do ano de 2024, nós teremos o piloto rodando e esperamos ter as condições para o lançamento da moeda digital, para termos certeza que vamos fazer o lançamento na segunda metade de 2024”, acrescentou o economista do BC.
Atraso inesperado
O atraso do cronograma revelado pelo economista vem à tona um mês depois do presidente do BC, Roberto Campos Neto, sugerir que a chegada da versão piloto do real digital aconteceria no segundo semestre deste ano.
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Em live promovida pela plataforma TC em 11 de abril, Neto afirmou que a instituição já tinha uma visão de como a estrutura de testes seria montada: a partir de uma stablecoin e com base no STR (Sistema de Transferência de Reservas).
O STR é a rede central do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) no qual são feitas as transferências de recursos entre instituições financeiras.
Utilizar a base de serviços já existe seria uma forma de “criar a digitalização da moeda sem criar uma ruptura no balanço dos bancos”, revelou Campos Neto na época.
LIFT Challenge segue avançando
Embora o teste piloto do real digital só deva começar no ano que vem, as empresas parceiras do Banco Central no projeto de CBDC seguem trabalhando a todo vapor.
Na semana passada, a Stellar Development Foundation, organização de uma das principais blockchains do setor, firmou uma parceira com o Mercado Bitcoin para desenvolver um dos nove projetos selecionados no LIFT Challenge Real Digital.
O LIFT Challenge é um projeto colaborativo do Banco Central que incentiva empresas da área a explorar casos de uso para uma CBDC brasileira.