A B3, a bolsa de valores do Brasil, anunciou nesta semana que irá entrar no mercado de produtos e serviços para criptomoedas. A empresa, no entanto, afirma que não pretende competir com as corretoras pelos clientes finais, e sim fornecer serviços ligados infraestrutura de negócios para ativos digitais.
“Será um serviço “business to business” e não “business to client”, reforçou a B3 em contato com o Portal do Bitcoin. Ao invés de uma exchange de criptomoedas, o objetivo é atuar em processos na cadeia de valor similares ao que a B3 já atua, como emissão, negociação, liquidação e custódia.
“A proposta é ser prestador de serviço para essas instituições, financeiras ou não, que queiram oferecer para seus clientes a possibilidade de negociação de criptoativos”, informou a área de comunicação da B3.
Nova atuação
Na quarta-feira (1º) foi anunciado que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) autorizou a B3 a começar a operar no mercado de ativos digitais por meio de uma sociedade com a subsidiária BLK.
A nova empresa irá se chamar B3 DA (sigla para B3 Digital Assets) e terá como meta prestar serviços de compra e venda de ativos virtuais e checagem de titularidade em ambiente virtual.
A intenção na B3 de entrar no segmento cripto havia sido anunciada no dia 10 de dezembro do ano passado, quando a empresa promove o B3 Day. A confirmação veio do presidente da B3, Gilson Finkelsztain, que em uma apresentação pública apresentou mais detalhes sobre o caminho que a Bolsa planeja seguir ao entrar nesse novo setor.
Além de buscar seu espaço no mercado ao oferecer produtos que já existem, como os ETFs, a B3 também promete desenvolver serviços de infraestrutura para produtos cripto não regulados, citando cripto as a service, custódia e DVP, acesso à liquidez, ganhos de eficiência de capital e tokenização de ativos.
No documento, a B3 descreve que infraestrutura pretende oferecer em cada um desses serviços. Em tokenização de ativos, por exemplo, a empresa estabelece como meta facilitar a digitalização de ativos, potencializando a sua distribuição. Para fazer isso, a B3 quer oferecer acesso a centros de liquidez, para simplificar o acesso a um “mercado fragmentado, global e 24×7”.
Tensão
Declarações feitas no passado pelo presidente da B3, Gilson Finkelsztain, criaram certa tensão entre a empresa e os principais atores do mercado cripto nacional.
No início de novembro de 2021, Finkelsztain disse que as corretoras brasileiras “não têm absolutamente nenhuma regulação” e alegou que “custa umas 50 vezes mais caro operar criptomoedas do que ações” e que a proteção para o investidor nas exchanges era muito menor do que na bolsa.