Imagem da matéria: Com promessa de 100% de lucro em Bitcoin, AWS Mining deixa de pagar investidores
(Foto: Shutterstock)

Proibida de atuar no Texas, por suspeita de fraude, a empresa de mineração AWS Mining tem enfrentado problemas em pagar seus investidores e essa situação vem ocorrendo há pelo menos desde fevereiro.

O grupo chegou a postar um comunicado oficial afirmando que “os últimos meses têm sido muito desafiadores para todos nós”.

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A companhia havia sofrido em março um incêndio em suas fazendas de mineração em Ciudad Del Este (Paraguai) e com isso alega que teve um prejuízo estimado em US$ 5 milhões, pois havia perdido suas centenas de máquinas de mineração, segundo publicado na Behind MLM.

Antes desse incidente, contudo, a empresa já não vinha pagando alguns investidores. O site Reclame Aqui traz relatos de pessoas afirmando que estão sem receber desde novembro do ano passado.

Apesar de ter dez reclamações, a AWS Mining não se deu trabalho de responder nenhuma delas e ganhou o título de “empresa não recomendada” pelo site.

Numa das reclamações há relatos de outros investidores que afirmam estar passando pelo mesmo problema.

AWS Mining sem pagar

O Portal do Bitcoin conversou com um dos investidores prejudicados. Rudinei Baars, 37, personal trainer, conta que do nada começou a ter os saques bloqueados há cerca de 60 dias.

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A explicação dada inicialmente pela AWS Mining era de que ela teria de se fazer a confirmação dos documentos para provar de que se tratava mesmo daquele investidor.

“Eu mandei a documentação eles reprovaram porque a selfie com carteira de motorista não tinha ficado nítida a numeração da carteira”.

Ele conta que teve de fazer diversas fotos para que tivesse nitidez dos números da carteira de motorista e a perfeita identificação do rosto dele, mas mesmo depois de aprovarem nada foi resolvido.

“Acredito que isso era para dificultar. Demorou 40 dias para eles aprovarem. Depois que aprovaram, a minha retirada foi para a AWS Wallet, mas ao acessar o site me deparei com a mensagem de que não estavam disponíveis as transferências”.

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Culpa do incêndio

Ele entrou em contato com o suporte da AWS Mining. A companhia respondeu por e-mail que os saques de Bitcoins estavam suspensos por causa do incêndio ocorrido na fazenda de mineração no Paraguai, mas que os bônus estariam acumulando nas contas dos clientes.

Segundo Baars, o galpão que a AWS Mining anunciava antes era algo totalmente diferente daquele que foi mostrado pegando fogo.  

“Eles mandaram vídeo de um galpão no Paraguai pegando fogo, mas nada a ver com os dos vídeos no Youtube, que tinha um galpão com asfalto na frente, grande e bonito. O do incêndio era galpão qualquer no meio de uma roça, com uma estrada de barro”.

Baars ainda tentou fazer o saque nessa quarta-feira (24), mas não obteve êxito. Mais uma vez ele se deparou com a mensagem dizendo que “não foi possível realizar a ação”.

Altos retornos

Ele, que investiu R$1.600, afirma que a empresa prometia ganhos 0,5% à 1,5% ao dia. Além disso, os investidores podiam ganhar comissões por cada indicação de novos investidores.

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De acordo com Baar, a AWS ofereceria também ganhos em binários. Mas todos os contratos duravam até que a pessoa obtivesse 100% de lucro e o retorno do valor investido. Deste modo, caso a pessoa quisesse continuar com a empresa teria de reinvestir.

“O valor era de 400 dólares por máquina de mineração.  Mas eles também vendem fração disso. O contrato fica vigente até eles devolverem 100% de lucro. Quando eu tirasse 800 dólares encerrava o contrato”.

A AWS Mining não era apenas uma empresa de mineração, mas sim um conglomerado que incluía até uma exchange. Baars conta que todos os clientes da AWS tinham de ter uma carteira na Mycoindeal.

“A Mycoindeal era uma exchange. Como cliente da AWS, a pessoa tinha de ter uma carteira na Mycoin deal e não podia ser em outra. O site da AWS Wallet, inclusive era igualzinho o da Mycoin deal”.

Suspeita de fraude

Em pesquisa feita no site da Receita Federal, a reportagem descobriu que os representantes da AWS Mining, Daniel Beduschi e Alexandre Campos também são sócios da exchange Mycoindeal.

Consta no site da AWS Mining, que Daniel Beduschi é o COO da empresa enquanto que Alexandre Campos é o CFO. Ambos são fundadores da companhia.

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A Mycoindeal seria apenas uma extensão da AWS Mining e isso fica mais claro no processo do Texas sobre a sua proibição de atuação no mercado.

De acordo com esse documento, a Mycoindeal oferecia as carteiras para a AWS Mining e ainda existia uma outra empresa chamada AWS Elite, a qual atua com o marketing multinível captando novos clientes.

A AWS Elite era controlada por Josiah Kostek que era uma espécie de coordenador da AWS Mining. Kostek angariava novos investidores por meio de redes sociais.

O estado norte-americano do Texas proibiu em dezembro do ano passado a atuação dessas empresas e de seus representantes por haver o risco de lesar investidores, uma vez que prometia 200% de lucro; e por não terem autorização da comissão de valores daquele estado.

Comunicado da empresa

A AWS Mining em sua nota oficial apenas reporta que tinham sido “chamados a prestar esclarecimentos aos órgãos reguladores do Estado do Texas, nos Estados Unidos” e que passariam a atuar em Dubai por ser “cripto friendly”.

“O que queremos dizer com isso é que precisamos operar nosso negócio em uma jurisdição 100% “crypto friendly”, e o local escolhido foi Dubai. Geograficamente, Dubai está situado no centro do Planeta e, portanto, é de fácil acesso para qualquer pessoa que precise viajar até lá.”

Na mesma nota, a empresa aponta que irá mudar de nome e passará a se chamar AWS Capital. Apesar de não deixar claro que está sem liberar os saques de seus clientes, ela diz que “a partir de 01 de maio de 2019 retomaremos as vendas de nossos produtos de mineração”.


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