Algumas corretoras de criptomoedas que operam no Brasil vão interromper o saque e depósito de Ethereum e todos os tokens baseados no padrão ERC-20 na quinta-feira (9), dia em que a rede passa pela atualização “Arrow Glacier”.
Diferente dos hard forks London e Berlin que trouxeram grandes mudanças para o ecossistema da criptomoeda, a única função da atualização desta semana é desarmar a “bomba de dificuldade” de mineração que explodiria de forma automática em dezembro.
A expectativa era que o Ethereum 2.0 já estivesse concluído neste final de ano. Como isso não aconteceu, a bomba teve que ser adiada para ser ativada em junho de 2022. Essa já é a quinta vez que a bomba é adiada desde que foi implementada pela primeira vez em 2015.
Desse modo, a atualização desta quinta-feira não vai trazer nenhuma melhoria ao Ethereum, apenas impedir que a dificuldade de mineração aumente. Mesmo assim, algumas corretoras vão interromper o saque e depósito de criptomoedas da rede como forma de proteger o usuário de qualquer imprevisto que possa surgir durante o upgrade.
A Binance anunciou que vai suspender as operações de todos os tokens da rede do Ethereum a partir das 16h55 de quinta-feira (9), cinco minutos antes de ser minerado o bloco 13.773.000 que demarca a altura em que a atualização é ativada.
Segundo a exchange, as operações interrompidas voltam a funcionar com a confirmação de estabilidade da rede atualizada. No meio tempo, a negociação de ether e outros tokens ERC-20 na plataforma continuam acontecendo normalmente.
Ao Portal do Bitcoin, a exchange brasileira Coinext confirmou que também suspenderá depósitos e saques de Ethereum durante a atualização, mas também ressalta que os trades não serão afetados.
A Foxbit informou que se preparou para que os serviços não parem no dia, mas que “por precaução” vai bloquear o saque de cripto durante a manutenção. “Os depósitos estarão liberados, mas por conta da rede pode haver delay na transação”, alertou.
A NovaDax também vai interromper saques e depósitos de ether e outras criptomoedas baseadas na rede a partir das 11h da manhã de quinta-feira, sem prazo estimado para o retorno dos serviços.
Nessas corretoras citadas anteriormente, a suspensão também vale para tokens ERC-20, como UNI, LINK, AAVE, CHZ, SNX, USDC, DAI, MKR, COMP, CRV, BAL, WBX, USDT, OMG, WBTC, MATIC, FTT, SUSHI, BRZ, AXS, MANA, CRO, SHIB, GALA, entre outras.
Já as exchanges Mercado Bitcoin e Bitso informaram que em suas plataformas, as operações continuarão a funcionar normalmente e não preveem nenhum outro impacto em seus serviços.
Na BitcoinTrade, saques e depósitos de ether também seguirão sendo oferecidos de forma normal na quinta-feira. De acordo com a assessoria da Ripio, a exchange deve seguir o exemplo da BitcoinTrade e também manter as operações disponíveis no dia.
Como funciona a Bomba de Dificuldade do Ethereum
A “Bomba de Dificuldade” de Ethereum é um mecanismo de preparação para a chegada do Ethereum 2.0 que vai tornar cada vez mais difícil os problemas que os mineração precisam resolver para gerar um novo bloco na rede. A ideia é que a bomba seja ativada para forçar os mineradores a abandonar a cadeia de prova de trabalho (PoW), que continuará viva após a “fusão” do Ethereum para a cadeia de prova de participação (PoS).
A ideia é que a dificuldade aumente cada vez mais até que seja atingida a chamada “Idade do Gelo”, um período em que se torna tão difícil produzir blocos que a rede acaba “congelada”.
Ao tornar a antiga rede totalmente ineficiente, o projeto pretende forçar os mineradores a o novo formato da Beacon Chain que se torna a rede principal com a chegada do Ethereum 2.0.
Recentemente, o cofundador do Ethereum, Vitalik Buterin, compartilhou um novo roadmap que traça o que está sendo desenvolvido no momento e o que podemos aguardar para o futuro da segunda maior criptomoeda do mundo.
Embora esclareça a trajetória até a chegada da fusão, o diagrama de Buterin não deixa claro quanto tempo vai levar para que as etapas que ainda precisam ser feitas sejam concluídas. Há três fases importantes que ainda não foram finalizadas — duas delas não estão nem na metade de desenvolvimento — o que coloca em dúvida se de fato a fusão acontece no início de 2022 como era previsto.