Mulher sentada em um sofá demonstra desespero ao ouvir mensagem no celular
Foto: Shutterstock

A Índia vive uma febre de aplicativos de empréstimos, cuja maioria é de origem chinesa. São esses apps que estão “escravizando” várias pessoas, principalmente as mais pobres e endividadas, que emprestam pequenas quantias de dinheiro através dessas plataformas, muitas vezes para conseguir terminar o mês com comida na mesa ou pagar o aluguel.

Tachados de “apps predatórios”, o esquema funciona através de oferta de dinheiro, seguido de cobrança de taxas abusivas e, por fim, extorsão. O perfil dos usuários que procuram esses aplicativos pode ser definido como indivíduos financeiramente desesperados, já que ao se registrar no app, devem consentir com as permissões de acesso, o que engloba liberar várias informações pessoais e fotos do seu celular, que é uma das primeiras etapas do processo.

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Depois desse boom de apps, governo, polícias e o próprio Google se mobilizam para tentar frear esse tipo de serviço abusivo que cobra taxas exorbitantes. Se o devedor não pagar o que os credores exigem, ele sofre a ameaça de ter vazada suas fotos manipuladas pela equipe por trás do aplicativo para dar cunho sexual.

Segundo o site News18, apesar de já ter ocorrido a prisão de várias pessoas envolvidas em casos como o citado acima, os aplicativos continuam inundando o mercado indiano. “Eles atraem indivíduos desesperados para a armadilha da dívida e abusam do acesso aos dados de seus smartphones para extorquir quantias exorbitantes”, relata o veículo.

Pegou empréstimo e pagou seis vezes mais

Os operadores dos aplicativos fazem o primeiro contato com uma vítima em potencial por meio de anúncios pop-up e oferecem empréstimos principalmente a grupos de baixa renda. No entanto, há outros meios de o cidadão cair no golpe, como ocorreu com uma moradora do estado de Gujarat.

Ao TechCrunch, a vítima apelidada de Laxmi — ela preferiu não ter seu nome real divulgado — relatou como foi a amarga experiência com um dos aplicativos.

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A mulher de 32 anos estava precisando de US$ 100 com urgência para pagar seu aluguel e não iria conseguir o dinheiro a tempo com seu banco. Então não hesitou em fazer o empréstimo em um app chamado Fast Coin indicado por um amigo. 

Cerca de uma semana depois, ela recebeu uma mensagem de um parente dizendo que eles receberam fotos manipuladas em que ela aparecia nua, enviada a partir de vários números de telefone no WhatsApp junto com um texto que dizia “ladrona de empréstimo”.

Antes disso, porém, ela teria recebido vários telefonemas e mensagens ameaçadoras e abusivas de homens que se identificavam como agentes de recuperação de empréstimos.

Algumas semanas depois, a vítima recebeu seu pagamento e quitou o empréstimo, mas então veio uma bomba. Ela afirma que nos meses seguintes pagou mais US$ 630 além do valor original do empréstimo para se livrar de ligações e mensagens abusivas.

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Por conta do número de casos, o governo da Índia, o Google e as polícias têm tomado medidas contra alguns dos aplicativos de empréstimo mais conhecidos com publicações de alerta para pelo menos limitar o alcance desses serviços fraudulentos.

A Polícia do Estado de Telangana — um dos estados da Índia com mais vítimas —  fez um post de alerta no Twitter sobre o assunto: “Se você quer estar feliz com sua família, não pegue nenhum dinheiro de aplicativos de empréstimo.”

O Google, que afirmou ter banido mais de 2 mil aplicativos de empréstimos da Play Store na Índia, segundo apurou o TechCrunch, disse que nas próximas semanas vai realizar mudanças em suas políticas de aplicativos. 

Sobre os milhares de apps já banidos, o diretor de Segurança do Google na Ásia-Pacífico, Saikat Mitra, disse na última quinta-feira (25) em um evento em Nova Delhi, que eles foram banidos após consulta da empresa a várias unidades de polícia da Índia.

No último dia 10, o Banco Central do país afirmou que tomará medidas para coibir a atividade ilegítima de empréstimo que está sendo realizada por essas “empresas”, descritas pelo órgão como “entidades que emprestam fora do alcance de quaisquer disposições estatutárias/regulamentares”.

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