Imagem da matéria: Afinal, o banco central dos EUA derrubou o preço do Bitcoin?
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Esta semana o Federal Reserve (FED), equivalente ao Banco Central dos EUA, concluiu sua reunião de 2 dias para definir as taxas de juros do país. Havia uma expectativa de aumento, pois a própria autoridade monetária iniciou a redução dos estímulos em dezembro.

A atual taxa de juros próxima de 0,25% ao ano, aliado aos programas de recompra de títulos da dívida de empresas e governo, e pacotes de estímulo trilionários trouxeram inflação recorde de 7% nos EUA. Apesar disso, o FED manteve a taxa de juros no dia 26 de janeiro.

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Por que o Bitcoin caiu em 2021?

O FED conseguiu derrubar os mercados de risco e desestimular a economia “no grito”, apenas alertando que iria subir juros. Os últimos dados econômicos sinalizaram retração, com vendas no varejo de dezembro caindo 1,9% ante o mês anterior. 

Não bastasse, a venda de imóveis em estoque caiu 3,8%, colocando uma pressão neste mercado que funciona como “garantidor” de empréstimos, especialmente das famílias. Por esse motivo, o Fed ficou com medo de incendiar ainda mais uma economia que apresenta sinais de fraqueza.

Qual o impacto da manutenção das taxas de juros?

Seria leviano afirmar que isto é positivo para o Bitcoin, pois os investidores sabem que o cenário de “stagflation”, a inflação sem crescimento econômico, é o pior pesadelo dos governos. O índice Russell 2000, que exclui as 1000 maiores empresas listadas nos EUA, cedeu 19% desde o pico em 08 de novembro.

Não restam dúvidas que as gigantes de tecnologia se beneficiaram das medidas restritivas, além de terem aproveitado sua forte posição de caixa para aquisições e ganho de mercado ante as empresas pequenas e médias. Esse efeito “mascara” a retração econômica, porém a inflação destruiu o poder de compra do americano médio.

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O Bitcoin vai cair quando os juros subirem?

É provável que os mercados de criptomoedas tenham antecipado esse movimento, juntamente com ativos de risco. As ações de empresas chinesas, medidas pelo MSCI China, por exemplo, cederam 26% desde Julho de 2021, e estão atualmente no menor nível em 20 meses.

Acima temos o gráfico do Bitcoin em dólar (azul) vs. índice de ações MSCI China (laranja) e o Bloomberg High Yield Bond ($JNK). Esses ativos, embora diferentes, são usualmente interpretados como investimentos de risco, especialmente em períodos de incerteza macroeconômica.

Quando o Bitcoin irá “descolar”?

O Bitcoin é um ativo não-correlacionado com mercados tradicionais. Quando olhamos períodos curtos, de até 6 meses, é normal encontrar uma performance semelhante com outros investimentos. No entanto, isso não se sustenta no longo prazo.

Os vetores de alta do Bitcoin são muito distintos, e sua adoção ainda é insignificante. Com o tempo, o mercado irá mudar a percepção deste ativo que atravessa sua primeira “grande crise”, e por enquanto, com sucesso.

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Marcel Pechman atuou como trader por 18 anos nos bancos UBS, Deutsche e Safra. Em 2017, se tornou trader e analista de criptomoedas. Maximalista convicto, assina também o canal no Youtube RadarBTC.

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