Barra de ouro envolto a várias moedas douradas de bitcoin
Foto: Shutetrstock

Recentemente, uma notícia surpreendente abalou o mundo financeiro: o governo russo trouxe à tona a possibilidade da criação de uma nova moeda do BRICS lastreada em ouro

Esse grupo de países emergentes, composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, tem como objetivo a cooperação econômica e o desenvolvimento conjunto.

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Essa proposta tem gerado alvoroço, pois, se concretizada, poderá representar o maior choque monetário do sistema financeiro das últimas cinco décadas. No entanto, surge a dúvida: por que o ouro como lastro da moeda do BRICS?

O ouro é reconhecido por possuir qualidades valiosas para ser um lastro monetário sólido. Sua durabilidade, confiabilidade, portabilidade e oferta limitada são apenas alguns dos atributos que o tornam atraente como base para uma moeda. Entretanto, precisamos considerar também os desafios que o padrão ouro apresenta.

Um dos principais obstáculos é a necessidade de gastar apenas o que é arrecadado e parar de imprimir dinheiro, o que pode ser um desafio significativo para muitos governos. Afinal, os políticos querem realmente frear a capacidade de criar dinheiro do nada? 

Na prática, vimos a pouco tempo atrás grandes emissões por conta da pandemia. E agora, recentemente, vimos o teto da dívida pública americana subir, o que injetará mais dólares por aí…

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Além disso, uma moeda lastreada em ouro pode ser vista como uma ameaça não somente ao dólar como também a todas as outras moedas fiduciárias, já que o lastro em ouro transmite maior confiança do que a simples impressão de dinheiro por governos.

Se essa moeda lastreada em ouro for adiante, podemos esperar consequências significativas para o mercado financeiro global. 

No entanto, surgem dúvidas sobre como esse novo sistema seria estruturado. O ouro teria 100% de conversibilidade ou seria apenas parcial? Vale lembrar que o padrão “dólar-ouro” foi aos poucos perdendo a sua correlação direta entre a moeda americana e o metal precioso, sendo um sistema apenas de aparências e dando uma falsa garantia sobre seu poder de honrar pagamentos.

Não podemos esquecer também que, enquanto a Rússia explora a ideia de uma moeda lastreada em ouro, os outros países do BRICS estão avançando mais na criação de suas próprias CBDCs (versões digitais de suas moedas). Essa diversidade de abordagens pode tornar menos provável a adoção generalizada do padrão ouro.

As CBDCs são bem diferentes de uma moeda lastreada, e vão na contramão da ideia de uma moeda mais forte e confiável. Na verdade, essas versões digitais de moeda estatal trazem maior risco de descontrole de novas unidades, além de um total controle sobre quem as usam.

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Em meio às discussões sobre moedas lastreadas em ouro, surge o questionamento sobre um sistema financeiro descentralizado que não possa ser monopolizado e que reúna todas as características de um bom dinheiro. Nesse ponto, o Bitcoin ganha destaque. 

O Bitcoin oferece solidez, durabilidade, confiabilidade, maior divisibilidade e portabilidade do que o ouro. Além disso, possui um suprimento limitado, o que contribui para sua atratividade como reserva de valor.

Essas características únicas têm levado muitos a considerar o Bitcoin como uma moeda forte e uma alternativa ao ouro. 

Assim, a pergunta que fica é: não deveria o Bitcoin ser a grande moeda de lastro dos BRICS? Ou além: Por que não fazer como El Salvador e adotar diretamente o Bitcoin?

A adoção de uma moeda lastreada em ouro pode representar um desafio significativo para o sistema financeiro global, mas o Bitcoin oferece uma alternativa promissora, com características que o tornam uma reserva de valor sólida e descentralizada. 

À medida que o debate continua, será interessante observar como as nações do BRICS decidirão abordar esse dilema financeiro e se o Bitcoin se consolidará como a escolha preferida para um sistema financeiro mais resiliente e resistente.

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Com a possibilidade de uma nova era monetária se aproximando, os mercados globais e os investidores estarão atentos às decisões do BRICS e, potencialmente, ao papel crescente do Bitcoin como reserva de valor no cenário econômico mundial.

Nota: Texto feito por Fabrício Santos em colaboração com Lucas Nakata, do time de Research da Criptomaníacos.

Sobre o autor

Fabrício Santos possui MBA em Engenharia Econômica, é Product Manager e atua como Coordenador de Educação da Criptomaníacos, contribuindo no setor de conteúdo, produto e pesquisa da empresa desde 2019.

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