Imagem da matéria: A estranha empresa que emite o fan token da Seleção Brasileira
Fachada da sede da CBF, no Rio de Janeiro (Foto: Shutterstock)

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) divulgou no início desta semana que captou R$ 90 milhões com a venda de 30 milhões de seu novo fan token, o BFT (Brazilian Football Team). O anúncio chamou atenção do mercado, não tanto pela alta cifra — comum quando o assunto é criptomoeda ou futebol —, mas sim por causa da desconhecida empresa por trás do projeto, a exchange turca Bitci.

A corretora, que fechou parceria com a confederação em junho para o lançamento do ativo digital, está longe dos holofotes e não costuma ser citada em grandes veículos de imprensa. Além disso, tem uma criptomoeda própria que ninguém nunca ouviu falar, chamada Bitcicoin, e é nova no mercado.

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Conforme seu site institucional, a exchange foi fundada em 2018 em Bodrum, uma província no sudoeste da Turquia com menos de 40 mil habitantes. Nasceu como uma empresa de P&D de blockchain da Cagdas Holding, uma holding turca fundada em 1987 que tem braços em diversas áreas, como construção civil, varejo, engenharia civil, turismo e comunicação.

O co-fundador e CEO é Onur Altan Tan, um bacharel em bioquímica e literatura inglesa formado em universidades dos Estados Unidos, segundo seu perfil no Linkedin. Já a Cagdas holding é tocada pelo empresário Cagdas Caglar, que também é cofundador da Bitci.

“É uma exchange desconhecida sim, mas isso não quer dizer que não é confiável”, disse Gustavo Toledo, fundador da plataforma Coinsamba, para o Portal do Bitcoin. “Está meio nebuloso por enquanto, mas dependendo do que a CBF oferecer para os donos dos tokens, pode fazer sentido”, falou o trader brasileiro Daniel Duarte.

No caso do BFT, a entidade diz que garante ao comprador experiências e recompensas exclusivas, mas não especifica quais seriam elas exatamente. A reportagem tentou agendar entrevista com a confederação para entender melhor o projeto e os bastidores da negociação, mas não obteve resposta até o fechamento deste texto.

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Pé atrás

José Artur Ribeiro, CEO da Coinext, acha que a entidade resolveu optar por uma exchange desconhecida da Turquia por causa da regulação do país, diferente da brasileira. “Ao meu ver, a CBF optou por realizar este projeto com a exchange turca por facilitações regulatórias naquela jurisdição”.

Sobre o projeto, Ribeiro disse que costuma ser cético em relação a fan tokens que não deixam claro a utilidade intrínseca do ativo. “Além disso, outro fator que me chamou atenção é que os tokens só puderam ser adquiridos, exclusivamente, com Bitcicoin, emitido pela própria emissora/distribuidora”, completou.

A próxima venda do ativo será no dia 25 de agosto, às 17h, horário de Brasília. Para adquirir um, é preciso fazer cadastro na exchange Bitci, comprar o tal Bitcicoin e depois trocá-lo por um BFT. Não é possível utilizar o Real, moeda brasileira A negociação fica registrada em uma blockchain criada pela própria empresa.

Esse processo, que pode ser complexo para quem não costuma investir em criptomoeda, foi alvo de críticas de seguidores da CBF no Instagram. “Palhaçada, estão lançando um token em uma plataforma que não nos oferece o mínimo suporte. Brasil sendo Brasil. Fizeram a pior escolha. CHZ manda um abraço”, escreveu um usuário na rede social da entidade.

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Imagem: Instagram/CBF

A CHZ citada pelo usuário é a criptomoeda Chiliz, que alimenta a plataforma Socios.com, principal player no mercado de fan tokens, com ativos digitais do Barcelona, Manchester City, Corinthians e outros clubes. A reportagem perguntou para a empresa se a CBF fez algum tipo de contato para falar sobre projetos, mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria.

Expansão

Em entrevista recente a veículos locais, o CEO da Cagdas, Cagdas Caglar, deixou claro que a holding quer virar referência em blockchain, sendo que um dos focos é o mercado de fan tokens.

Além BFT da seleção brasileira, a Bitci também tem parceria com seleção da Espanha; seleção de Basquete da Turquia; Glasgow Rangers; Real Betis; McLaren Racing e Wolverhampton Wanderers.

“Existem grandes clubes em todo o mundo, novos acordos de seleções nacionais. Temos notícias da América do Sul, América do Norte, África e Europa. Ainda não podemos dar notícias do Extremo Oriente, Ásia e Austrália. Mas também estamos planejando fazer surpresas por lá. Queremos anunciar aos sete continentes do mundo o que uma empresa de blockchain com sede na Turquia pode fazer no mundo”, disse Caglar.

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