Espera-se que o Ethereum 2.0 solucione o problema de congestionamento do Ethereum, mas isso não significa que Polygon, que ajudou a abaixar taxas e aliviar a pressão de demanda, vai sumir.
No evento ZK Day de quinta-feira (9), o projeto de escalabilidade anunciou a aquisição do protocolo Mir, plataforma que usa provas de conhecimento zero (ZKP, na sigla em inglês) no desenvolvimento de aplicações descentralizadas (dapps) fora da rede Ethereum.
De acordo com o Polygon, o acordo será equivalente a cerca de US$ 400 milhões em tokens MATIC.
A aquisição confirma rumores de que o projeto gastaria grande parte do US$ 1 bilhão que comprometeu para escalar o Ethereum ao adquirir Mir. Em agosto, o Polygon se fundiu com o projeto de ZK-rollup Hermez em um acordo de US$ 250 milhões.
O foco de ZPKs é privacidade: são uma forma criptográfica de verificar algo sem apresentar informações privadas. Imagine ter US$ 100 em seu bolso e conseguir comprovar isso sem abrir sua carteira.
Mir toma esse conceito e o executa para que desenvolvedores possam criar aplicações inteiras com privacidade integrada.
Polygon, anteriormente conhecida como Matic Network, é um protocolo desenvolvido no Ethereum e criado para tirar a pressão da rede.
Conforme tokens não fungíveis (NFTs), Finanças Descentralizadas (DeFi) e jogos blockchain se popularizam, existe mais competição para que transações Ethereum sejam processadas, resultando em alto congestionamento e altas taxas.
A estratégia básica do Polygon é usar sidechains (blockchains que derivam de outra blockchain para que possam processar mais transações). É como acrescentar outra perna para correr mais rápido ou conectar um carregador portátil ao seu celular para aumentar a vida útil da bateria.
Mas seu roteiro de desenvolvimento (roadmap) a longo prazo mostra que o Polygon está avançando com uma variedade de soluções diferentes para tornar o Ethereum mais rápido e utilizável.
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“Tomamos uma decisão estratégica de explorar e encorajar todas as abordagens e tecnologias de escalabilidade significativas nessa etapa”, afirmou Sandeep Nailwal, cofundador do Polygon.
“Acreditamos que essa seja a forma de estabelecer o Polygon como a força motriz e contribuidora no setor ZK e integrar o primeiro bilhão de usuários à Ethereum”.
ZK-rollups, a especialidade da Mir, são uma parte fundamental dessa estratégias. ZK-rollups usam ZPKs para “enrolar” múltiplas transações em uma única grande transação.
Em vez da rede principal do Ethereum ser bombardeado com um monte de solicitações menores para enviar fundos, fazer lances em NFTs ou fazer trades, essa tecnologia permite que transaões sejam processadas e assinadas fora da blockchain de forma privada.
“Estamos apresentando um sistema de prova recursiva que é, em ordens de magnitude, mais rápido do que qualquer outra coisa e é prático para a verificação no Ethereum”, afirmou Mihailo Bjelic, cofundador do Polygon. “É uma enorme vitória para toda a indústria.”
Mais importante, pode ser traduzida para o Ethereum 2.0, a futura atualização que migra do atual modelo baseado em mineração a favor de bloqueios da moeda para garantir a segurança da rede.
Embora essa mudança aumente a banda larga da blockchain, Vitalik Buterin, criador do Ethereum, que participou do evento, disse que a rede deve usá-la junto com outras soluções de escalabilidade.
“Rollups ainda estão em um estágio inicial da tecnologia e o desenvolvimento está continuando rapidamente, mas funcionam e algumas (como Loopring, ZKSync e DeversiFi) já estão operando há meses”, escreveu ele em janeiro deste ano.
“Espere que muito mais trabalho legal surja do setor de rollups nos próximos anos.”
*Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.