Imagem da matéria: Como é a vida do homem que perdeu 8 mil bitcoins no lixão
James Howells

A história de James Howells é famosa. Mas talvez você a conheça como a lenda do homem que jogou fora um disco rígido com a senha para uma wallet com milhares de bitcoins e agora quer escavar o aterro sanitário da cidade para reencontrar o tesouro.

Repassado como anedota e exemplo de como o Bitcoin passou de um experimento de pequena comunidade para ser um dos ativos mais valiosos do mundo, esse episódio trágico ganhou mais detalhes na última edição da revista The New Yorker.

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A publicação o encontrou, entrevistou e contou em minúcias a história. Não poderia ser mais banal: um dia, em agosto de 2013, o engenheiro do País de Gales foi fazer uma faxina no seu escritório, na cidade de Newport, e incluiu nos artigos que iriam para o lixo um disco rígido.

Mais tarde, quando o lixo já tinha sido retirado, lembrou que era naquele disco que estava depositada a chave para sua carteira de bitcoins. Foi aí que começou sua saga.

Segundo o engenheiro, a carteira tem oito mil bitcoins, que equivalem a mais de US$ 408 milhões na cotação desta terça-feira (7).

A reportagem relembra o momento em que ele realizou o grande erro que cometeu:

“Ele quis ir para o aterro, mas teve vergonha – e também medo que ninguém acreditasse na sua história. ‘Explicar o Bitcoin naquela época não era fácil’, relembra. Então, por um mês, ele viu o mercado do bitcoin subir e com isso suas perdas. Ele se lembra de dizer para si mesmo: ‘Isso está se tornando um problema cada vez maior’. Quando o prejuízo chegou em US$ 6 milhões, contou para a esposa. Ela ficou chocada e o encorajou a ir até o aterro sanitário ver se algo poderia ser feito. Quando ele contou ao gerente do local que tinha jogado fora 4 milhões de libras esterlinas, recebeu de volta acenos de descrença. Mas no final, o gerente o levou a um local elevado para que ele pudesse olhar o terreno todo. Seu coração afundou. Era uma área equivalente a algo entre 10 a 15 campos de futebol”.

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Entusiasta de primeira hora

Howell foi um entusiasta de primeira hora do Bitcoin, que conheceu por um fórum por volta de 2009. Rapidamente começou a minerar e se lembra de em alguns momentos ser um únicos cinco nós atuantes na rede por alguns momentos.

Foi ganhando as recompensas de mineração de Bitcoin, mas sem nunca imaginar que teriam um valor relevante. Um dia derrubou limonada no teclado do notebook e resolveu tirar o disco rígido para limpeza. Logo depois comprou um iMac e, naquela época, o computador da Apple não dava suporte para os softwares que usava para minerar.

Foi assim que o disco rígido foi parar em uma gaveta, esquecido até o dia da faxina.

Colaboração negada

A reportagem conta que diante da imensidão de lixo, o gerente do aterro deu uma boa notícia: os materiais eram separados quando chegavam e as peças de computador tinham um local específico. A busca seria muito mais focada do que ele primeiro pensou.

Mas o gerente disse que seria necessária uma autorização da prefeitura para escavar e procurar e é isso que Howells não obteve nestes oito anos de busca pelo disco rígido.

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O engenheiro inicialmente deixou mensagens na prefeitura que não foram respondidas. Depois foram diversas tentativas de contatos frustradas.

Em maio deste ano, finalmente conseguiu uma reunião por Zoom com duas pessoas responsáveis pela área de lixo e sanitização da cidade de Newport. Porém, o retorno não foi nada animador.

“Sabe senhor Howells, não existe absolutamente nenhuma vontade para seguir com este projeto pela prefeitura”, disse uma das representantes.

O projeto em questão é deixar o homem escavar e procurar o disco rígido. Como contrapartida, ele assegura que irá dar boa parte dos bitcoins para a cidade.

A prefeitura afirma que revolver o lixo enterrado pode causar danos ambientais.

Desperdício generalizado

Dificilmente isso pode servir de consolo para o infeliz galês, mas ele não está sozinho. Estudo da Chainanalysis aponta que 3,5 milhões de bitcoins foram perdidos nesses primeiros doze anos da história do ativo, o que é quase um quinto do que já foi minerado até agora.

Em 2010, Satoshi Nakamoto falou sobre o tema em um fórum: “Moedas perdidas apenas fazem com que as moedas de todo mundo passem a valer um pouco mais”.

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