Os artistas brasileiros do estúdio Black Madre foram convidados para criar a nova coleção de tokens não fungíveis (NFT) do Philadelphia 76ers, time da liga profissional de basquete americano, a NBA.
O estúdio sediado em São Paulo já é conhecido por trabalhar com grandes marcas como Nike, Guaraná e Nubank, mas nos últimos meses se tornou também uma referência no mercado de NFTs após ilustrar coleções de sucesso.
Em março, eles criaram a coleção do famoso jogador da NFL, Rob Gronkowski, que movimentou mais de US$ 1,2 milhão. Poucos meses depois, foi a vez do Golden State Warriors, um dos times mais famosos da NBA, ter sua coleção de NFT criada pela Black Madre.
Agora com o Philadelphia 76ers, os brasileiros criaram coleções de peças exclusivas que ilustram momentos importantes da história do time. A coleção principal, “Philadelphia 76ers Legacy NFT” é composta por 13 ingressos comemorativos de jogos que aconteceram durante a era do basquete “Philadelphia Spectrum”.
Até o momento, o estúdio já fez uma primeira tiragem de quatro obras e o restante continuará sendo produzido ao longo dos próximos meses. Ao Portal do Bitcoin, o diretor da Black Madre, André Maciel, contou mais detalhes sobre a coleção.
“São tickets comemorativos de partidas importantes da história do clube. A Philadelphia é um dos times mais antigos, está desde o começo da NBA, que teve toda a sua identidade visual se transformando ao longo dos anos. A gente foi usando essas mudanças para fazer o design da carta”, explica.
Maciel explica que é o responsável por dirigir a equipe, mas que o crédito pela coleção não é específico de um único artista e sim de todo estúdio que hoje conta com mais de 20 ilustradores e animadores.
A demanda por esse novo tipo de arte se tornou tão grande que foi preciso formar uma equipe focada em NFTs dentro da companhia. No meio disso, o trabalho vai passando por várias mãos e etapas de produção até chegar no resultado final.
“O nosso trabalho tem esse fundamento de ser bem manual. Mesmo que o pessoal do Philadelphia tenha nos mandado referências de ícones clássicos do clube, nós redesenhamos na técnica de hachura para trazer o nosso estilo”, explica o diretor.
No meio dessa parceria entre o Philadelphia 76ers e o estúdio brasileiro está o Crypto.com, a plataforma de compra e venda de criptomoedas que é patrocinadora oficial do time. Os leilões acontecem no mercado oficial de NFTs do Crypto.com e serão lançados de forma gradativa ao longo dos meses. Em novembro já aconteceram dois drops que se esgotaram rapidamente. O terceiro lançamento está marcado para a próxima quarta-feira (15).
A trajetória do Black Madre nos NFTs
Nos últimos meses, o estúdio brasileiro está sendo procurado por grandes times e empresas dos Estados Unidos para projetar a sua coleções de NFTs. Na visão de Maciel, tudo começou em março depois do sucesso da coleção do Gronk.
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“O Gronk foi o primeiro atleta do nível de elite a fazer uma coleção de NFT por conta própria, sem ter clubes nem nada envolvido. Foi um boom gigante a coleção dele, bateu vários recordes e esgotou rapidamente. Isso foi um baita de um holofote em cima da gente, era ligação o dia inteiro, vários agentes esportivos querendo fazer igual”.
Depois disso, muitos outros projetos vingaram. A Black Madre fez a coleção de NFTs do Ted Williams, lenda do beisebol americano, do ciclista britânico Mark Cavendish e do Golden State Warriors, grande time da NBA onde joga Stephen Curry.
Atualmente, os artistas trabalham em um grande projeto com a Universidade de Miami para o seu time de futebol americano, o Hurricanes, que envolve a criação de mais de 100 cards colecionáveis, ilustrações 3D e a criação de uma espécie de metaverso onde os detentores dos NFTs podem exibi-los para a comunidade.
O futuro do NFTs e o mercado brasileiro
Com relação ao mercado brasileiro de NFTs, ele argumenta que a procura interna não é tão grande e as primeiras conversas não se concretizaram.
“A gente já foi procurado pelo pessoal do Sena, Medina e Anitta, mas não foi pra frente. Acho que independente se é uma nova tecnologia ou não, o sucesso tem a ver com a cultura em que você promove. No Brasil, a gente não tem a cultura do colecionar como os EUA onde isso é muito forte”, explica.
Ele também justifica que muitos artistas e atletas que tentam entrar no mercado dos NFTs, entender pouco sobre o mercado e os mecanismos que fazem uma coleção dar certo.
“Depois do sucesso da coleção do Gronk, muitos tentaram seguir o mesmo objetivo: colocar um monte de NFTs à venda, fazer leilão, arrecadar a maior quantia de dinheiro possível e sumir da plataforma. Essa é a mentalidade de 90% das pessoas que nos procuraram”.
Na visão dele, o “pessoal de cripto não é bobo” e exige um comprometimento da outra parte. O sucesso do Beeple, por exemplo, se justifica pela trajetória que ele construiu ao longo dos anos com a comunidade digital.
Para explicar essa visão, ele traz o trabalho de Miami que só se encerra em fevereiro de 2022. “Esse trabalho que estamos fazendo com a comunidade de Miami é completamente diferente. “Envolve a comunidade, tem história para contar e é algo contínuo”.
Com tantas oportunidades de peso chegando, Maciel descarta o discurso de que os NFTs são um hype passageiro.
“Eu não acho que seja um hype. Se fosse, ninguém se preocuparia tanto. Lá no começo do ano, não tinha acontecido o boom dos jogos baseados em NFTs e isso mudou muita coisa. Acho que estamos só no começo dos NFTs e quem não está vendo isso vai ficar para trás”, alerta.