Jelena McWilliams, presidente da Corporação Federal de Seguros de Depósito (FDIC, na sigla em inglês), um dos principais órgãos reguladores dos EUA, acredita que já chegou a hora de bancos armazenarem criptomoedas, como o bitcoin, para si e para seus clientes.

“Acredito que precisamos permitir que hajam bancos nesse setor enquanto gerenciamos e mitigamos o risco de forma adequada”, disse ela em entrevista à Reuters durante a conferência Money 20/20 em Las Vegas.

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Os comentários McWilliams foram feitos em meio à criação de uma equipe interagências, composta por funcionários do FDIC, do Federal Reserve e do Escritório de Controladoria da Moeda (OCC), que irão coordenar políticas de criptomoedas para bancos americanos.

“Basicamente, meu objetivo nesse grupo interagência é fornecer um caminho para que bancos consigam atuar como uma custodiante desses ativos, usar criptoativos, ativos digitais como uma forma de garantia”, afirmou.

Ela sugeriu que o grupo irá analisar as regras para o armazenamento de cripto em seus balanços patrimoniais, algo que empresas listadas em bolsa, como Tesla e MicroStrategy, já fazem.

Não é à toa que isso parece um déjà vu. Durante a administração Trump, Brian Brooks, ex-diretor jurídico da Coinbase, estabeleceu normas no OCC, em junho de 2020, para que bancos federais e associações de poupança realizassem custódia de criptoativos em nome de seus clientes.

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“Desde caixas seguras de depósito a cofres virtuais, devemos garantir que hoje bancos possam atender às necessidades de serviços financeiros de seus clientes”, disse Brooks em uma carta com a interpretação das normas da agência.

“Essa opinião esclarece que bancos podem continuar satisfazendo as necessidades de seus clientes de proteger seus ativos mais valiosos que, hoje, para dezenas de milhões de americanos, incluem criptomoedas.”

No entanto, essas regras foram suspensas pelo atual controlador da moeda, Michael Hsu, que assumiu o cargo em abril.

“Minhas principais preocupações é que essas iniciativas não foram feitas em coordenação total com todos os acionistas”, afirmou Hsu em carta enviada ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos EUA em março, conforme pediu por uma revisão das políticas do OCC.

“Não parecem fazer parte de uma maior estratégia relacionada ao perímetro regulatório.”

Os comentários de McWilliams também se alinham a um artigo do jornal Politico da semana passada sobre a equipe do OCC que, após a perda na eleição presidencial de Trump, “discretamente determinou” que bancos poderiam negociar cripto em nome de seus clientes.

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A decisão do fez com que a Paxos, que ajuda a facilitar as ofertas de cripto do PayPal, a receber um alvará bancário provisório em abril.

Outros bancos mais tradicionais não estão necessariamente esperando por uma permissão.

U.S. Bancorp, o quinto maior banco do país, em termos de ativos armazenados, afirmou, este mês, que estava preparando um serviço de custódia de criptomoedas para gestores de investimentos em instituições.

No entanto, uma clareza para bancos iria abrir as portas para essa possibilidade. O adiamento de uma decisão também seria ruim. “Se não levarmos essa atividade para dentro dos bancos, irá se desenvolver fora deles.”

*Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização da Decrypt.co.

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