Desde o mês passado, investidores de varejo podem investir em criptomoedas por meio de um ETF (Exchange Trade Fund), tipo de fundo de investimento que funciona, grosso modo, como uma ação e é listado na Bolsa de Valores.
Além dessa nova possibilidade, é possível também alocar recursos em bitcoin, ethereum e outros ativos digitais por meio de exchanges, fundos multimercados de gestoras e até P2P (de usuário para usuário).
Como há diversas opções para entrar no mercado de criptomoedas, e cada uma tem suas peculiaridades, a reportagem do Portal do Bitcoin preparou um guia os investidores iniciantes que têm dúvidas sobre por onde começar.
Corretoras
As exchanges (corretoras) são os players mais conhecidos do setor de criptomoedas. Em resumo, são plataformas que permitem compra, venda e negociação de criptomoedas, assim como ocorre em uma bolsa de valores.
O investidor só precisa abrir uma conta, enviar dinheiro por meio de transferência bancária, como PIX, TED e DOC, e escolher em qual criptomoeda disponível investir. O valor para começar a investir é baixo. O depósito mínimo em algumas exchanges é de R$ 20.
Há taxas envolvidas em saques e transferências de criptoativos, que variam de empresa para empresa.
Fabrício Tota, diretor de novos negócios do Mercado Bitcoin, disse que é mais fácil para o investidor começar por uma corretora de criptomoedas por causa da liquidez (o prazo médio de saque nas principais exchanges é de até três dias úteis) e da variedade de criptomoedas.
“Em uma corretora de boa reputação e grande liquidez, o usuário vai encontrar vasto conhecimento educacional disponível, além de diversos pares de negociação de tokens e criptomoedas”.
Outras corretoras que atuam no Brasil são Binance, Foxbit, BitPreço e BitcoinTrade.
Prós
Variedade de criptomoedas, alta liquidez e baixo aporte de capital inicial.
Contras
A pessoa é responsável por analisar o mercado e escolher a criptomoeda, o que pode ser um desafio para iniciantes, visto que há milhares de ativos digitais no mercado.
Imposto
Investidores que movimentam mais de R$ 35 mil por mês precisam pagar 15% de imposto de renda sobre os ganhos de capital.
Fundos de criptomoedas
Os fundos de criptomoedas são aplicações que reúnem recursos de diversos investidores. Em resumo, as pessoas compram cotas e os gestores desses produtos financeiros administram os valores. Alguns têm exposição total a criptomoedas; outros apenas parcial.
Esse tipo de aplicação precisa do aval da Comissão de Valores Mobiliárias (CVM), órgão que regula o mercado de capitais. No Brasil, fundos de gestoras como BLP Asset, Vitreo, Hashdex e QR Capital foram aprovados pelo regulador.
Os fundos exigem investimento mínimo, que começa a partir de R$ 100.
Alexandre Vasarhelyi, gestor de portfólio da gestora BLP, disse ao Portal do Bitcoin que os fundos são uma boa alternativa porque, como o mercado oferece milhares de criptomoedas, é difícil para um iniciante escolher a melhor delas.
“Como existem mais de 8 mil criptoativos no mercado, a forma mais eficiente de se ter um portfólio é através dos fundos de investimento, que conseguem navegar nesse mar de possibilidades melhor do que uma pessoa física”.
Prós
Existe a figura do gestor, que acompanha diariamente o mercado e trabalha o dinheiro com objetivo de otimizar os lucros e evitar prejuízos.
Contras
Essas aplicações cobram taxas de administração, que podem variar de 0,5% a 2% ao ano, e algumas também têm taxas de performance, que podem ser de 20% do CDI, por exemplo.
A liquidez, na comparação com as exchanges, é menor. O prazo de resgate após solicitação do fundo varia de 7 a um mês. Aporte mínimo é maior que nas outras modalidades.
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Imposto
Os fundos de investimentos também estão sujeitos ao pagamento de imposto de renda. O valor vai depender do prazo. A tabela é a seguinte:
Fundos de longo prazo:
Tempo de aplicação – Alíquota
Até 180 dias – 22,5%
Entre 181 e 360 dias – 20%
De 361 a 720 dias – 17,5%
Acima de 720 dias -15%
Fundos de curto prazo:
Tempo de aplicação – Alíquota
Até 180 dias – 22,5%
Acima de 180 dias – 20%
ETF de criptomoedas
O ETF de criptomoedas é um fundo de investimento com cotas negociadas na Bolsa de Valores. É possível aplicar nesse tipo de produto em qualquer home broker com acesso à plataforma de negociação da B3.
O único ETF existente no Brasil por enquanto é o da gestora Hashdex, cujo código é HASH11. Assim como os fundos não listados em Bolsa, essa aplicação é aprovada e segue a legislação da CVM.
É possível comprar uma cota por R$ 50.
Roberta Antunes, Chief of Growth da Hahsdex, disse que quando o investidor acessa o mercado de criptoativos via fundo de investimentos regulados, ele está respaldado pelo regulador local.
“A empresa regulada precisa cumprir uma série de procedimentos de segurança e compliance, inclusive uma intensa auditoria, que dão tranquilidade ao investidor, de que o dinheiro dele não vai desaparecer”.
Prós
Facilidade de investimento, segurança de custódia e aporte mínimo baixo.
Contras
Esse produto também tem taxa de administração. O valor, segundo a empresa, é de 0,3% ao ano, podendo chegar a uma máxima de 1,3% ao ano.
Imposto
O investidor também está sujeito ao pagamento de imposto de renda. A tributação para o ETF é de 15% sobre os ganhos de capital.
P2P
Existe também a possibilidade de comprar e vender bitcoin e outras criptomoedas sem a intermediação de exchanges ou gestoras. É a negociação P2P (entre usuários).
Há plataformas que ligam vendedores e compradores, como a LocalBitcoins e a Paxful, e há traders independentes. Os pontos positivos desse tipo de negociação são taxas baixas e agilidade nas transferências.
O perigo desse tipo de transação — em especial em negociações independentes — é o risco de se cair em um golpe, visto que geralmente as pessoas não se conhecem.
“O comprador deve verificar o perfil de quem está negociando. Ou, caso o mesmo seja um vendedor, deve tentar ver quem é que está do outro lado da tela, se a pessoa é quem diz ser”, disse o negociador P2P Michel Lopes Del Sent, que começou a negociar bitcoin em 2015.
Plataformas como a Catálogo P2P tem uma lista de negociantes P2P com boa reputação no mercado, além dos valores das taxas cobradas e do tempo estimado para cada transação.
Quanto investir?
Fabrício Tota, do Mercado Bitcoin, recomenda investir entre 1% e 10% da renda ou até um pouco mais para usuários que preferem arriscar:
“Acho que a porcentagem é razoável frente às nossas condições econômicas e outras opções de investimentos para pessoas físicas no Brasil. No fim das contas, é sempre bom entender o seu perfil como investidor para aplicar em cripto da maneira mais adequada aos seus objetivos e apetite a risco”.
Alexandre Vasarhelyi, da BLP, segue a mesma linha:
“Por conta do risco elevado o ideal é não alocar mais do que 5% do seu portfólio nessa classe de ativos e de preferência fazer isso em lotes de 1%, em diferentes meses e com horizonte de investimento de longo prazo. Ignorar essas regras podem forçar o investidor a sair deste mercado muito cedo”.